11.2.06

Há dias assim...




Perante os cenários de todos os minutos e horas que passamos em contacto diário com o mundo que nos rodeia, há uma coisa com que ainda não sei lidar lá muito bem: a morte.
Aquele “morrer sem ser visto” que nos toca mais de perto. Aos mais chegados. Gente da família.
E hoje, em vinte e quatro horas passageiras como o vento que me bate na janela, tive dois casos. Mortais. Daqueles que mesmo que esteja preparado para quando tiver que acontecer, ainda assim há uma certa relutância em aceitar e que nos levam tudo o que somos.

E o mais preocupante é que se sabe que em todos os minutos nasce e morre gente comum. Diversa. Desconhecida até. Gente que apenas as sei pelas notícias, e com quem nunca convivi, mas demonstra que o obituário nunca mente.

Por isso, para além dos choradinhos triviais, julgo que nunca fui capaz de encarar o fim que temos pela certa como uma certeza absoluta. Soa-me a mentira. A coisa passageira. Sarcasticamente falando, daquelas coisas que acontecem apenas, e só, aos outros.
Mas não! Na verdade, hoje tocou-me a mim.

Perdi a última das irmãs da minha mãe. A tia preferida da minha visão de ver os outros. Uma minhota dos quatro costados com uma vida que dava um filme e que me deixou mais pobre nos afectos.
Passadas as horas acima referidas, mais uma “acostumância “que me ligava há vários anos nos abandonou: a Becky. Uma cadela meiga e doce que nunca ninguém teve e que deixou uma das nossas casas mais vazia.

Morreram as duas em silêncio. Sem avisar. Provavelmente, sabendo que nunca queriam dar trabalho aos outros. Aqueles outros em que estes próximos dias não vão ser fáceis de esquecer.
Mas a mim toca-me as partes piores quando estas coisas acontecem: saber gerir o golpe trágico que afecta a vida com estas realidades que temos pela certa. Porque também me fino ao dar conta delas. Sejam pessoas ou animais.

Há dias assim…

3 comentários:

Afrodite disse...

Um beijo e um abraço muito, muito forte.....

Anónimo disse...

de todos nós, um pensamento para ti, meu querido.

Menina Marota disse...

Como sei o que são as perdas...

Um abraço terno.