26.10.05



A cada dia que passa sinto a generalidade das coisas a ultrapassarem-me.
Sinto a imensidão total a diluir-se em horas curtas.
O arrefecer das noites cada vez mais perto.
Quase que sufoco. Quase que me suicido em aglomerados apinhados de gente que não sei quem são ou desconheço.

Por vezes, faltam-me palavras. Emudeço e calo ideias que receio divulgar.
Interrogo-me. Cansado e já vesgo como um cão danado.
Confronto-me em espaços vagos sem assistências contratadas, onde só o mar e o acaso são companhia.

Depois dilato.
Cresço.
E volto a sufocar.
Mas algo me diz que é apenas mais um dia.

Mesmo assim, é tempo que não tenho para obter resposta.
E volto a iniciar o exercício.
Depois decido que são apenas generalidades ou sinais de vidas que me envolvem.

Uma, demasiadamente comprida.
Outra, infelizmente curta.

21.10.05


Vou andar por aí nas próximas horas. Acautelem-se!

E quando uma pessoa como eu anda por aí, quer dizer que vai ler, ver e ouvir o que a rapaziada que anda ao mesmo, escreveu, publicou e/ou editou. Não prometo é que deixe uma pegada.
É que uma eventual primeira confusão generaliza-se não só pelas razões de cada um mas também por que nunca sei o que posso vir a encontrar. É como se chegasse mais cedo a casa de uma pessoa amiga e a encontrasse nua. Em pijama ainda, ou com um saco de gelo na carola para colmatar os efeitos de uma ressaca. Acontece.
Mas pior seria se desse com o nariz na porta.

Depois disso há-de ocorrer-me qualquer coisa para escrever aqui. Porque o meu "Dia 23" já está alegre e intencionalmente incorporado aqui.

16.10.05

Um dia diferente...

e aqui (ontem à noite) começou assim:



... e há bocadinhos na vida que me fazem bem. Mesmo que me tirem do sério.

Depois de ter realizado as três obrigações primordiais a um homem que se preza - digo eu - (fazer um filho, plantar uma árvore e escrever um livro), vejo-me na contingência de realizar uma que ainda não fiz: um relato.

Um relato deve ser coisa de gente que sabe o que diz e que por vezes pode virar tragédia (estou a lembrar-me do emissário de Marathon). No entanto, após ter trabalhado para malandros, carregado baldes de argamassa e levantar-me às cinco da matina para andar a lavar vidros, já nada me assusta. Portanto, aqui vai.

O país parou para assistir a mais um clássico. Daqueles clássicos onde os smokings são substituídos por obscenidades, dúbias intenções e úteis esquecimentos. Um Porto-Benfica, ou vice-versa, arrasta paixões. Ódios de estimação e muitas, mas mesmo muitas, bandeiras. Cachecóis, retratos de família e opiniões. Acima de tudo, pessoas. Muitas pessoas.

Imaginei-me uma delas a cantar os “Filhos do Dragão” trocando a letra pela trova do “Ser Benfiquista” olhando nos olhos de todos quantos me rodeavam. Ali não há contemplações nem classes sociais. Nascemos todos nus com a faca na algibeira.
A cada centro de Lisandro Lopez ecoava um apelativo bruah em detrimento do aumento da electricidade. Por cada queda de Simão gritava-se “filho da puta” para poder contestar as baixas reformas de toda aquela gente. Cada defesa de Quim assemelhava-se a mais uns dias de férias repartidas e à prevenção das catástrofes naturais.

Um gajo na minha idade, e senilidade, até que vive estas merdas todas. Ao vivo e a cores, como imaginei, ainda é mais fixe. Como o Soares.
Tanto assim, que a cada correria iniciada do puto Nelson pelo corredor direito fazia com que me esquecesse que amanhã já é 2.ª feira. Cada drible do Jorginho deixava no ar a ideia de que vou ser aumentado e por cada posse de bola ganha por Diego ou Karagounis transformava-me no mais acérrimo defensor dos Direitos Humanos e dos Animais.

Trânsito caótico? Taxas suplementares pelo consumo de bens de primeira necessidade? Falta de médicos e a Justiça em palpos de aranha? , o que é isso comparado com o primeiro golo do Benfica? Nada!
Os problemas da fome em África, a miséria e o desemprego a aumentar, eram debelados por cada defesa de Baía. A violência, a poluição ambiental e a vontade férrea de dar um estalo nesta vida que levamos era completamente esquecida por cada jogada habilidosa de Diego ou Geovanni.

Esquecemos totalmente os sem-abrigo, as vítimas das estradas nacionais e a pequena Joana, com o segundo golo do Nuno Gomes. A corrupção e o processo Casa Pia. O aborto. O arrastar desta vida que não queremos, mais a diferença galopante entre a escassez de uns e o esbanjamento de muitos outros.

Mas ganhámos!
Mesmo que a vontade de mostrar os lenços brancos não fossem para aqueles gajos que nos fazem esquecer momentaneamente coisas destas. Acho que temos que fazer como os gajos do Sporting : para nos fazer-mos ouvir perante tanta cegueira é melhor levar lençóis.
Quem sabe, até a própria cama?
Ou os filhos, os netos, e a folha de ordenado.
Quiçá, a declaração da Assistente Social.

Uma boa semana a quem passar por aqui. Aos outros também, claro.

10.10.05



É o que me vai faltar: tempo. A vida profissional assim o determina até 26 de Outubro.
Tempo que me vai faltar para aprender com os outros.
Tempo para descobrir coisas novas e deixar um abraço, um sorriso, uma palavra a todos com quem de mais perto privo nesta coisa dos blogs.
É a vida, costuma dizer-se.

Mas esta puta de vida que levo (penso que não serei apenas eu) nunca descobrirei se compensará a perda de coisas mais importantes que nos passam tão de perto e por vezes desperdiçamos. Apenas e só por mais uns trocos... que a tal dita não está fácil.
São factos que não posso evitar.

De qualquer das formas, sendo menos assíduo, não quererei perder de vista ninguém a que me tenha habituado. Terei diariamente duas horas para o fazer. Saiba eu aproveitá-las.

Sempre são mais compensadoras do que estar a idealizar disparates para aqui os transcrever.
É só para não estranharem!

8.10.05

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Hoje vou estar em reflexão!



Mesmo que não pretenda influenciar as mentes mais indecisas, não posso deixar de registar que estou deveras inclinado a votar no sr. Felipe Scolari. Uma das raras pessoas que me transmitem confiança e me vão dando algumas alegrias.

(Eu sei, eu sei, que não só de pão vive o homem.)

5.10.05

5

Munícipas e munícipos, alentejanos e alentejanas, minhotas e algarvéus, cidadãs e cidadãos, portugueses em geral:

A revolução está na rua!

O “5 de Outubro” é uma data histórica arruinada onde as desigualdades sociais existentes têm os dias contados. Mas hoje, agora e já, contamos mais. Contamos com o apoio de todos os insatisfeitos (10 milhões), com a massa crítica dos endividados, com todos os sectores da classe (des)organizada e mais seis milhões de esperançados.

O grito de alarme soou e a recuperação económica espera por nós.

Soldados e marinheiros, carpinteiros e retalhistas, madeireiros e floristas, nós estamos aqui para vos dar voz!
Reformados e pensionistas, enfermeiras e anarquistas, nós somos quem precisais.
A candidatura pela Câmara Nacional Portuguesa está na rua.

O nosso Programa pretende acabar com os privilégios e as reformas escandalosas. Com o copo-três e as bifanas mal-passadas. Temos que recuperar as pastilhas elásticas da Bazooka Joe e a Laranjina C.

Temos soluções!
Soluções que nos permitem decifrarem as palavras cruzadas do Diário de Notícias. Com as etiquetas falsas na Feira de Carcavelos e a especulação imobiliária. Temos soluções para os softwares do Ministério da Educação.

Companheiros e camaradas! Fadistas! Povo que lavas na rua!
A esperança nunca morre. Tendes aqui a oportunidade única para derrotar os tubarões, os dinossáurios, e projectar um novo Jardim Zoológico.

Temos na mão a chave de todas as portas. Também a do Paulo e a do Miguel. Temos na mão que temos mais ao pé, o sentido de oportunidade para garantir a qualidade de vida e o bem-estar de todos os portugueses e madeirenses.
Vamos acabar com a riqueza disfarçada. Com o turismo de pé-descalço e com os andaimes sem quebra-costas.

Queremos mais segurança nas ruas e nas tascas. Nas esquinas do Intendente. Em Chelas.
Queremos o desenvolvimento rural e o choque tecnológico de 800 wats para fazer andar o TGV.
Queremos acabar com os sacrifícios da Função Pública e das esposas de todos os Embaixadores.
Queremos desenvolver a consciência cívica. O direito à juventude. A popularização do “Tavares Rico”.
Temos uma óptica quântica para deixarmos de ser os coitadinhos da Europa e estarmos entregues à bicharada.
Prometemos recuperar o esperanto e o mirandês. Os amoladores e as calças à boca-de-sino.

Portuguesas e portugueses! Taxistas! Chineses de todos os orientes!

Chegou a hora de dizer basta! Comigo na presidência, o mundo nunca mais será o mesmo. Nem o Alberto João.
Vamos fazer de Portugal o centro de todos os eventos mediáticos e sacerdócios.
Vamos eleger a minha candidatura imaculada e sem dor. Mas não nas câmaras ocultas das salas de chat, de chuto ou de voto. Será na rua. Onde as urnas e as certidões de óbito os esperam.

Vinde amigos! Aproximai-vos carneiros e ovelhas tresmalhadas!

A Revolução está na rua!

3.10.05

4

O Futebol faz-me lembrar a política e, por vezes, o vice-versa também se aplica.

Mas da forma como o Benfica ganha, e aos outros não vejo fazer diferente, o melhor mesmo é adaptar-me às circunstâncias.

Portanto, toca a continuar na tourada que eu tenho que me levantar cedo!


Até amanhã!

2.10.05

3

E a tourada não fica por aqui.
Vejamos a imaginação deles neste trabalho de Autárquicas em Cartaz.
Enquanto isso, vou dar voz aos cidadãos em mais uma apoteótica entrada em cena de José Maria Martins. Pode ser que ainda tenha tempo de entrar no staff dele.

Entretanto pode ir acompanhando toda a evolução da faena... perdão!, da campanha, pela TSF. Ou Expresso/SIC/Visão.

Como o Benfica só joga amanhã, hoje vou andar por aí. Devagar a divagar. Talvez de caldeirada em Borba acompanhada. Talvez Antero.

1.10.05

2

Quando se anda em maré de azar até o Belenenses perde em casa, fosca-se! (Acho que vou começar a andar com um corno ao pescoço. Ou dois na cabeça, antes que alguém mais atrevido se comprometa a provocar-me)

Mas relativamente às autárquicas, os casos de Oeiras, Porto e Lisboa são traumáticos.
Não só pelos casos que ocupam nos tribunais, mas pelos jogos de poder que em nada abona a clarividência que nos querem impingir.

Os programas que apresentam são como aqueles cartazes que anunciam: "Leve dois e pague apenas um." Mobilidade, educação, segurança, ambiente, património? Deixem-me rir.
De qualquer das formas, toda a gente sabe como funcionam os media nas referências e barómetros, termómetros e outros espaços vendidos a retalho, para que até os próprios promotores e responsáveis pela campanha de cada um saibam com o que podem contar. É tudo um jogo! Estamos fartos de saber. As promessas de ocasião, o compadrio, o caciquismo ainda existente e quando todos aqueles gajos que se aproveitam dos favores Camarários para ganhar mais uns tostões aparecem na TV, tá tudo dito. A "Judite" é que anda a dormir.
Provas? Só se fôr aquelas que eu faço todos os dias a correr para o trabalho.

Pronto já desabafei!
Hoje como não joga ninguém das minhas preferências, provavelmente vou rever a Garganta Funda.
Só cá por coisas.