31.12.05



O último dia

Duma forma geral, os portugueses têm memória curta. Por isso gostamos dos balanços, dos resumos finais e dos rescaldos de cada ano a mais por que passamos. Este (2005) não é diferente.

Choramos as tragédias alheias. Sentimos saudade de tempos idos. Sofremos perante dramas diários que nos passam pela calçada da nossa rua e com novelas que tenham finais angustiantes. Gostamos que nos lembrem o que para trás ficou como se disso estivéssemos carentes.

Para além disso, temos a terrível inclinação para o fado que só nós contemplamos e sabemos exteriorizar. Habituados permanentemente a lidar com coisas tristes, não nos damos conta que passam coisas giras à nossa volta. Que ficam na memória de muito poucos. Que só compartilhamos entre as quatro paredes da nossa própria casa.

Tenho a pretensão de alterar isso. Não só de agora, mas porque os amigos virtuais que conhecemos - e que da família já fazem parte - também pensam assim.

Daí, deixar apenas um desejo a todos eles: Sejam felizes!



Logo, venho cá abrir uma

11.12.05

O Subsídio

Se existem coisas que fazem sorrir os portugueses nesta altura do ano, o subsídio é uma delas.
Mesmo não gostando do nome que lhe deram (soa-me a esmola, pedinchice ou até parece que estou a roubar alguma coisa) a mim sabe-me bem. Dá para comprar o bacalhau e as couves. As prendas p’rós miúdos. Alguma coisa que nunca tive.

Mas tem um senão. Porventura, alguns senãos.
Primeiro, porque é pouco. Segundo porque é só um. E eu que sou do contra, comecei a constatar que merecia mais.

Vejamos eu a pensar p’ra dentro: só pelo facto de trabalhar, aquele que me dão já está justificado. Mas ao longo de um ano de esforço pela camisola que visto, (onde o patrão tem comigo sempre lucro, passe a imodéstia,) merecia outro. Isto para não referir que o facto de aturar as más disposições dos colegas de trabalho, o stress traumático dos transportes que se dizem públicos, as más condições das dez/doze horas que se passam num dia cheio ou a má alimentação que um gajo é obrigado a fazer durante a sensação de que se podia fazer mais e melhor, acho que mais um era soberbo.
No entanto, há aqui qualquer coisa que me chateia: por muitos mais que me dessem, ou a eles tivesse direito, tenho sempre na ideia todos aqueles que não usufruem de apenas um que seja.

E isso, nunca sei a quem hei-de me queixar. Será ao Totta?

8.12.05



Qualificação e competência

Se é moda agora a referência à qualificação dos portugueses pelos candidatos que merecemos ter, então vamos por partes.

Começando já por mim, e olhando para toda a rapaziada que anda nesta coisa dos blogs, sou o gajo menos qualificado de todos quanto conheço.
Posso estar muito bem relacionado com professores, mantenho dialogo com gente boa e estarei bem posicionado com poetas, executivos, escritores, historiadores, e muita malta que até dá na televisão. Aliás, mesmo não fazendo parte dela, sinto-me de tal forma inserido nesta elite que até a minha própria gata já me trata por senhor doutor.

No entanto, não consigo encontrar um sacana de um pedreiro ou de um servente que tenha o raio de um blog. Em termos qualificativos, digamos, ainda não descobri ninguém abaixo do nível a que pertenço que possa falar , ou escrever, sobre a matéria. É um pouco frustrante porque sei de antemão que eles tinham muita coisa p’ra dizer sobre a competência de como cada um faz o seu trabalho.

Falando precisamente em trabalho, todos nós sabemos que a maioria dos portugueses não gostam de trabalhar. Provavelmente, o resto do mundo também. São mais a favor do emprego. Das posições. Das carreiras. Tudo a favor da procura do melhor para as suas próprias vidas, estando-se a cagar para o desenvolvimento do que quer que seja.

Em termos generalistas, nunca tivemos apetência para renovar coisa nenhuma e vivemos sempre ao sabor dos ventos e das ideias de algum iluminado que apareça. Deixamos fugir os cérebros, não apoiamos a iniciativa dos nossos jovens e, por incrível que pareça, continuamos a ser mesquinhos e ciumentos com o sucesso do vizinho.

Mas não há crise. O espírito natalício supera tudo.
Os nossos erros históricos, a falta de respeito de putos com dinheiro (Cristiano Ronaldo), e o adiamento sucessivo de soluções que todos nós sabemos ter, também. Vivó Benfica!

1.12.05

Carta ao Pai Natal

(também conhecido por Noel, St. Nicholas, Mr. Lonely, St. Nick ou Santa Claus, e mais alguns nomes menos próprios que o Dicionário de Língua Portuguesa admite nos estádios de futebol)

Querido Pai Natal:
Estou sorumbático. Triste. Desconfortável até.
Chega este momento e pareço um puto assustado por não saber o que pedir-te. Podia começar por mandar beijinhos, dar-te graxa, afagar a cabeça das renas que te acompanham há muitas eras, ou chantagear-te o ego para poder obter o que pretendo como só as crianças o sabem fazer. Mas não. Como adulto que já és, sei que não ias gostar.
Por isso, ao longo dos anos que crescemos quase juntos, não é um pedido que te faço, é mais uma exigência se assim o entenderes: não desças pela minha chaminé!
Anda pelas ruas e nos becos. Por quatro tábuas meio erguidas, ou mesmo paredes, que não possuem bifurcações nos telhados.
Na minha não, por favor.
E se nos encontrarmos por aí, hás-de verificar que podes ter o teu lugar ameaçado.

27.11.05

Os Candidatos


Qualquer que seja o lugar a que cada candidato se candidata, podem prever-se várias estimativas que os estimulam a isso. Talvez a vaidade, apetência e/ou vocação. Do oito aos oitenta, vai-se em três segundos mais rápido do que qualquer Ford Escort alterado para as corridas nocturnas em Monsanto.

Pode até desconhecer-se, mas cada um de nós tem em si um candidato escondido. Ou porque se quer resolver coisas e estar disposto a dar um abanão a esta merda, ou aproveitar a dolce vitta que proporciona ser-se conhecido quando se passa em qualquer rua ou lugar. Aí, não há mãos a medir. Reveja-se as imagens televisivas. As fotos das revistas. Outra vida que podia ter tido o gajo da fotografia. Vejam-se as candidaturas ao primeiro emprego. Aos castings. Ao subsídio e ao desemprego. Continuamos a ser "the best".

Estão a extinguir-se as Terezas de Calcutá. Os Budas e os São Franciscos Xavieres. Sobram entretanto muitos macedónios entroncados com perfil adequado no uso da força e da fraude: os tiranos. È apenas uma questão de escolha.
Acontece que os portugueses preferem que os não tomem por candidatos. Nem sequer apreciam o facto de escolher. Situam-se na longa lista de indecisos, jogam à defesa e atacam à má-fila e na má-língua. Tudo ao molho e fé num deus que já morreu. No entanto, existe a esperança de que qualquer coisa possa melhorar. Nem que seja para pior.
Depois disto, resta-me candidatar a um lugar que nunca quis: o meu sofá. E ver dali o que mais nos irá acontecer.

Uma boa semana a quem passar por aqui. Aos outros também, claro.

26.11.05

Olá!


esteve por aqui esta semana? Já aí vou...


É porque hoje também ganhei o direito de acordar assim. Parafraseando a Carla (link) ao ver aquela manganona ali ao lado.

19.11.05

A Sociedade Civil

Ao contrário do que se possa pensar, a Sociedade Civil é desmedida em contrastes de coloração política. Tanto pode estar de alva vestida pela noite adentro como de tons nocturnos logo pela manhã.
Nunca se sabe por onde anda nem aonde vai. Uma galdéria assumida, diga-se, mas consta como verdade que gosta de frequentar tertúlias e congressos. Reuniões e raves que durem até às tantas e metam acepipes sem ter que desembolsar um tusto.

A Sociedade Civil é daquelas coisas muito independente que faz da diferença do seu próprio pensamento o seu maior trunfo. Há quem diga que da indiferença também. Daí, poder dizer-se que é uma puta sabida que jamais se compromete publicamente porque lhe falta o vigor da tenra idade.

De experiências acumuladas e super-protectora, é a mãe de todas as consciências. Sobrando-lhe ainda, o aplauso que dedica às causas nobres e aos apelos nacionais. Isso deu para ver no Euro 2004, na vaga de incêndios que afligiu o país e na diplomacia com que trata os caprichos da administração do Metro do Porto e os negócios pouco claros da Banca .

Quanto às presidenciais, é lírica e romântica mas não gosta de perder nem a feijões. De tal forma, que o seu sentido de voto esteja irremediavelmente inquinado para o que pensa ser a solução menos gravosa. Mas não faz mal. A "Brasileira" tem café à borla, o meu filho Marco também faz anos hoje (28) e não é à Sociedade Civil que se pedem responsabilidades.

Bom fim-de-semana!

11.11.05

A Opinião Pública

Esta semana conheci a Opinião Pública.
Figura desassombrada, hirta, muito tu-cá-tu-lá com toda a gente e com semelhanças várias entre a Júlia Florista e a Rosa Enjeitada.

Motivado por razões óbvias – a minha campanha virtual, claro - era obrigatório que um convite para se explicar perante nós fazia sentido. Tanto mais que nestes tempos mais próximos apenas posso vir aqui uma vez por semana.

Sem tornar notória as minhas intenções, movia-me a curiosidade de saber da boca dela própria todos os queixumes. As amarguras que a penetravam (salvo seja), mais os conceitos e os predicados que, por norma, lhe são atribuídos.
Nesta matéria pareceu-me simpática, mostrando-se até entusiasmada com o enorme enlevo que é tida em conta pelos mais variados sectores da má-língua.

Falámos um pouco de tudo e de nada.
Aproveitámos a oferta de castanha assada na tascazinha de Alfama onde nos sentámos a beber um "tricofaite" (receita lá da zona) e soube por ela que tem uma família composta de muitas opiniõezinhas e zinhos. Aliás, como eu.

Sempre com o coração ao pé da boca, a Opinião Pública pareceu-me deveras sabichona e de quem se espera sempre uma resposta a qualquer assunto. Seja ele sobre os namoros homossexuais nas escolas portuguesas, as escolhas mediáticas de Luiz Felipe Scolari, ou inclusive, note-se, a preocupação de como os quatro jurados do “Caso Joana” teriam tão depressa aprendido as leis que regem o Direito, mais o Processo Civil e Penal Português para provar que o nosso povo não é parvo e castiga de forma severa os malfeitores.

De qualquer das formas, a Opinião Pública está exaustivamente por dentro de tudo o que se passa à sua volta. É volumosa de ideias e tem as costas largas. Cheia, portanto.
Desde Clichy-sous-bois até Omã. De Felgueiras até ao Iraque. Do Arco do Carvalhão até às putas de Bragança, opina sobremaneira sobre tudo mas ainda está para saber como é que a Gala da Confederação do Desporto conseguiu atribuir o prémio de "Treinador do Ano" a José Peseiro.

Quando lhe perguntei sobre a campanha dos outros candidatos torceu-me o nariz. Disse-me, olhos nos olhos, que muitos deles não têm tomates – foi mesmo assim – para endireitar o país, quanto mais foder o que fodido está.
Mas acho que gostou de mim. Talvez o bigode a tivesse impressionado, sei lá…
Uma coisa ficou acertada. Vai apresentar-me em breve a prima. Ainda mais maluca do que ela: a Sociedade Civil.

Até p’ra semana!

5.11.05

O Perfil

Após ter ultrapassado a barreira dos cinquenta descobri que também eu tenho um perfil. E com estas coisas das presidenciais, até que podia ser um “bom” candidato a candidato. Vejamos.
Tenho cento e oitenta centímetros de altura, mas de perfil pareço um pouco mais alto. Parte da minha juventude passei-a a guardar gado e estou bem por dentro dos males de que padece a Agricultura. Comecei bastante cedo a ligar-me às relações internacionais visto que o “boom” da emigração clandestina passou quase todo pela minha aldeia.
De finanças, nada nem ninguém melhor do que eu sabe como orientar um orçamento reduzido e estou à vontade para explicar direitinho todas as elasticidades e as matemáticas que se pode fazer a uma nota de cem euros.

Não sendo um político profissional, pertenço à classe dos “gandas mentirosos” e prometer é o meu ganha-pão. Tanto assim que o défice, a gripe das aves e a crise do Sporting, seriam as minhas primeiras prioridades a resolver. Outras se seguiriam como o desemprego, a Justiça e os projectos para o desenvolvimento nacional. Basta dizer que nestes últimos meses estive profissionalmente destacado no Centro de Formação Regional de Setúbal, na Casa Pia de Lisboa e no Intituto Superior de Engenharia da mesma cidade.

De História estarei ainda mais à vontade; não sei se alguém já reparou, mas neste humilde espaço há um tempo a esta parte não faço outra coisa senão contá-las. Assim como nos campos de Geografia, Economato e Veterinária não me atrapalho, tendo já estudos escritos sobre a matéria mas que ainda não me foi dada a oportunidade de publicar.
Nas Artes e na Cultura sinto que tenho ainda muito para dar ao país. Sou um óptimo actor e tenho sempre mais do que cinco minutos para ler os jornais sem ter a boca cheia de bolo-rei.
Isto sem falar das qualidades que possuo sobre os temas da Saúde e do Ensino devido ao facto de morar junto a um Hospital e estar rodeado por escolas secundárias.
Tudo aquém de nas horas vagas ter a pretensão de ser poeta.
Se isto não é ter perfil…

O que falta são as assinaturas. Mas vou já ligar para a Vogue, Visão e Reader’s Digest.

Bom, mas agora está na hora de ir fazer campanha porta-a-porta e passar nos blogs que tenho mais ao pé. Ou mais à mão.
Bom fim-de-semana!

4.11.05

ALERTA À POPULAÇÃO stop DEVIDO AO PROVÁVEL SURTO DE GRIPE DAS AVES stop AVISA-SE A POPULAÇÃO stop DE QUE SE DEVEM DEITAR O MAIS TARDE POSSIVEL stop NUNCA, MAS NUNCA stop SE DEITEM COM AS GALINHAS stop

1.11.05



O Terramoto e outros abanões

Duzentos e cinquenta anos depois, relembrar o Terramoto está na ordem do dia.
Assim como a escolha do meu almoço e demais tragédias e outros tronos derrubados.
Apenas alguns recordarão as memórias de Al-Quibir que não chegou a ser Alcácer. Apenas nós relembraremos Inês e o seu coração arrancado por vis traidores a um amor assolapado. Mais o de Isabel, real alteza, que com rosas alimentava um povo às escondidas de um tal Diniz que cavalgava toda sela e mais proveitos.

Talvez nunca esqueceremos Luiz Vaz, morto à míngua pela fartura que reinava de quem foi expulso, nem a audaz e corajosa estupidez dos conselheiros do Reino dessa altura e muitos Vasconcellos em que somos férteis.
E o Adamastor, recordareis por acaso?
Já agora, lembrai também as desavenças de Afonso e sua mãe Tereza, a bastarda de fino fidalgo de Castella e a palavra d’honra de Moniz. Um Egas chamado de forte velho, e para leais vassalos, claro espelho, e vede as semelhanças ou demais diferenças.


Chama-se a isto Fado. Saudade. A Alma valente dum povo que nunca morre.

Nestas letras singelas de tradução inexistente, existe um timbre duma nota só, porque dos gentios que somos e se preza, a palavra que nos é dada nem sempre cumprida é. Nem que por dada causa se pague em prestações.
Ímpares e aos pares, em cada canto onde se oiça a voz de Portugal e dos que se dizem portugueses como Joana Brites e mais seus sacos de farelo remendados.

Por isso, esperai pela pancada, poderia dizer Bandarra.
Ide e vede outros vendavais que se avizinham, falou Bocage que não era, “e à cova escura vai parar desfeito…” o sonho que teve em vão, remataria eu.

Pois após saber de antecâmara que outros terramotos se aproximam, agrestes e sombrios, quiçá soberbos ou malfadados como nos tempos da moda das tranças pretas, é bom saber que estais aqui de corpo e alma como Agostinho, o Santo Intrépido, ou tal galego de minha rua, indiferente a tantas modernices que o levaram a reinventar a tasca dele.

Que tenham bom Terramoto... perdão, um leal feriado.

26.10.05



A cada dia que passa sinto a generalidade das coisas a ultrapassarem-me.
Sinto a imensidão total a diluir-se em horas curtas.
O arrefecer das noites cada vez mais perto.
Quase que sufoco. Quase que me suicido em aglomerados apinhados de gente que não sei quem são ou desconheço.

Por vezes, faltam-me palavras. Emudeço e calo ideias que receio divulgar.
Interrogo-me. Cansado e já vesgo como um cão danado.
Confronto-me em espaços vagos sem assistências contratadas, onde só o mar e o acaso são companhia.

Depois dilato.
Cresço.
E volto a sufocar.
Mas algo me diz que é apenas mais um dia.

Mesmo assim, é tempo que não tenho para obter resposta.
E volto a iniciar o exercício.
Depois decido que são apenas generalidades ou sinais de vidas que me envolvem.

Uma, demasiadamente comprida.
Outra, infelizmente curta.

21.10.05


Vou andar por aí nas próximas horas. Acautelem-se!

E quando uma pessoa como eu anda por aí, quer dizer que vai ler, ver e ouvir o que a rapaziada que anda ao mesmo, escreveu, publicou e/ou editou. Não prometo é que deixe uma pegada.
É que uma eventual primeira confusão generaliza-se não só pelas razões de cada um mas também por que nunca sei o que posso vir a encontrar. É como se chegasse mais cedo a casa de uma pessoa amiga e a encontrasse nua. Em pijama ainda, ou com um saco de gelo na carola para colmatar os efeitos de uma ressaca. Acontece.
Mas pior seria se desse com o nariz na porta.

Depois disso há-de ocorrer-me qualquer coisa para escrever aqui. Porque o meu "Dia 23" já está alegre e intencionalmente incorporado aqui.

16.10.05

Um dia diferente...

e aqui (ontem à noite) começou assim:



... e há bocadinhos na vida que me fazem bem. Mesmo que me tirem do sério.

Depois de ter realizado as três obrigações primordiais a um homem que se preza - digo eu - (fazer um filho, plantar uma árvore e escrever um livro), vejo-me na contingência de realizar uma que ainda não fiz: um relato.

Um relato deve ser coisa de gente que sabe o que diz e que por vezes pode virar tragédia (estou a lembrar-me do emissário de Marathon). No entanto, após ter trabalhado para malandros, carregado baldes de argamassa e levantar-me às cinco da matina para andar a lavar vidros, já nada me assusta. Portanto, aqui vai.

O país parou para assistir a mais um clássico. Daqueles clássicos onde os smokings são substituídos por obscenidades, dúbias intenções e úteis esquecimentos. Um Porto-Benfica, ou vice-versa, arrasta paixões. Ódios de estimação e muitas, mas mesmo muitas, bandeiras. Cachecóis, retratos de família e opiniões. Acima de tudo, pessoas. Muitas pessoas.

Imaginei-me uma delas a cantar os “Filhos do Dragão” trocando a letra pela trova do “Ser Benfiquista” olhando nos olhos de todos quantos me rodeavam. Ali não há contemplações nem classes sociais. Nascemos todos nus com a faca na algibeira.
A cada centro de Lisandro Lopez ecoava um apelativo bruah em detrimento do aumento da electricidade. Por cada queda de Simão gritava-se “filho da puta” para poder contestar as baixas reformas de toda aquela gente. Cada defesa de Quim assemelhava-se a mais uns dias de férias repartidas e à prevenção das catástrofes naturais.

Um gajo na minha idade, e senilidade, até que vive estas merdas todas. Ao vivo e a cores, como imaginei, ainda é mais fixe. Como o Soares.
Tanto assim, que a cada correria iniciada do puto Nelson pelo corredor direito fazia com que me esquecesse que amanhã já é 2.ª feira. Cada drible do Jorginho deixava no ar a ideia de que vou ser aumentado e por cada posse de bola ganha por Diego ou Karagounis transformava-me no mais acérrimo defensor dos Direitos Humanos e dos Animais.

Trânsito caótico? Taxas suplementares pelo consumo de bens de primeira necessidade? Falta de médicos e a Justiça em palpos de aranha? , o que é isso comparado com o primeiro golo do Benfica? Nada!
Os problemas da fome em África, a miséria e o desemprego a aumentar, eram debelados por cada defesa de Baía. A violência, a poluição ambiental e a vontade férrea de dar um estalo nesta vida que levamos era completamente esquecida por cada jogada habilidosa de Diego ou Geovanni.

Esquecemos totalmente os sem-abrigo, as vítimas das estradas nacionais e a pequena Joana, com o segundo golo do Nuno Gomes. A corrupção e o processo Casa Pia. O aborto. O arrastar desta vida que não queremos, mais a diferença galopante entre a escassez de uns e o esbanjamento de muitos outros.

Mas ganhámos!
Mesmo que a vontade de mostrar os lenços brancos não fossem para aqueles gajos que nos fazem esquecer momentaneamente coisas destas. Acho que temos que fazer como os gajos do Sporting : para nos fazer-mos ouvir perante tanta cegueira é melhor levar lençóis.
Quem sabe, até a própria cama?
Ou os filhos, os netos, e a folha de ordenado.
Quiçá, a declaração da Assistente Social.

Uma boa semana a quem passar por aqui. Aos outros também, claro.

10.10.05



É o que me vai faltar: tempo. A vida profissional assim o determina até 26 de Outubro.
Tempo que me vai faltar para aprender com os outros.
Tempo para descobrir coisas novas e deixar um abraço, um sorriso, uma palavra a todos com quem de mais perto privo nesta coisa dos blogs.
É a vida, costuma dizer-se.

Mas esta puta de vida que levo (penso que não serei apenas eu) nunca descobrirei se compensará a perda de coisas mais importantes que nos passam tão de perto e por vezes desperdiçamos. Apenas e só por mais uns trocos... que a tal dita não está fácil.
São factos que não posso evitar.

De qualquer das formas, sendo menos assíduo, não quererei perder de vista ninguém a que me tenha habituado. Terei diariamente duas horas para o fazer. Saiba eu aproveitá-las.

Sempre são mais compensadoras do que estar a idealizar disparates para aqui os transcrever.
É só para não estranharem!

8.10.05

6

Hoje vou estar em reflexão!



Mesmo que não pretenda influenciar as mentes mais indecisas, não posso deixar de registar que estou deveras inclinado a votar no sr. Felipe Scolari. Uma das raras pessoas que me transmitem confiança e me vão dando algumas alegrias.

(Eu sei, eu sei, que não só de pão vive o homem.)

5.10.05

5

Munícipas e munícipos, alentejanos e alentejanas, minhotas e algarvéus, cidadãs e cidadãos, portugueses em geral:

A revolução está na rua!

O “5 de Outubro” é uma data histórica arruinada onde as desigualdades sociais existentes têm os dias contados. Mas hoje, agora e já, contamos mais. Contamos com o apoio de todos os insatisfeitos (10 milhões), com a massa crítica dos endividados, com todos os sectores da classe (des)organizada e mais seis milhões de esperançados.

O grito de alarme soou e a recuperação económica espera por nós.

Soldados e marinheiros, carpinteiros e retalhistas, madeireiros e floristas, nós estamos aqui para vos dar voz!
Reformados e pensionistas, enfermeiras e anarquistas, nós somos quem precisais.
A candidatura pela Câmara Nacional Portuguesa está na rua.

O nosso Programa pretende acabar com os privilégios e as reformas escandalosas. Com o copo-três e as bifanas mal-passadas. Temos que recuperar as pastilhas elásticas da Bazooka Joe e a Laranjina C.

Temos soluções!
Soluções que nos permitem decifrarem as palavras cruzadas do Diário de Notícias. Com as etiquetas falsas na Feira de Carcavelos e a especulação imobiliária. Temos soluções para os softwares do Ministério da Educação.

Companheiros e camaradas! Fadistas! Povo que lavas na rua!
A esperança nunca morre. Tendes aqui a oportunidade única para derrotar os tubarões, os dinossáurios, e projectar um novo Jardim Zoológico.

Temos na mão a chave de todas as portas. Também a do Paulo e a do Miguel. Temos na mão que temos mais ao pé, o sentido de oportunidade para garantir a qualidade de vida e o bem-estar de todos os portugueses e madeirenses.
Vamos acabar com a riqueza disfarçada. Com o turismo de pé-descalço e com os andaimes sem quebra-costas.

Queremos mais segurança nas ruas e nas tascas. Nas esquinas do Intendente. Em Chelas.
Queremos o desenvolvimento rural e o choque tecnológico de 800 wats para fazer andar o TGV.
Queremos acabar com os sacrifícios da Função Pública e das esposas de todos os Embaixadores.
Queremos desenvolver a consciência cívica. O direito à juventude. A popularização do “Tavares Rico”.
Temos uma óptica quântica para deixarmos de ser os coitadinhos da Europa e estarmos entregues à bicharada.
Prometemos recuperar o esperanto e o mirandês. Os amoladores e as calças à boca-de-sino.

Portuguesas e portugueses! Taxistas! Chineses de todos os orientes!

Chegou a hora de dizer basta! Comigo na presidência, o mundo nunca mais será o mesmo. Nem o Alberto João.
Vamos fazer de Portugal o centro de todos os eventos mediáticos e sacerdócios.
Vamos eleger a minha candidatura imaculada e sem dor. Mas não nas câmaras ocultas das salas de chat, de chuto ou de voto. Será na rua. Onde as urnas e as certidões de óbito os esperam.

Vinde amigos! Aproximai-vos carneiros e ovelhas tresmalhadas!

A Revolução está na rua!

3.10.05

4

O Futebol faz-me lembrar a política e, por vezes, o vice-versa também se aplica.

Mas da forma como o Benfica ganha, e aos outros não vejo fazer diferente, o melhor mesmo é adaptar-me às circunstâncias.

Portanto, toca a continuar na tourada que eu tenho que me levantar cedo!


Até amanhã!

2.10.05

3

E a tourada não fica por aqui.
Vejamos a imaginação deles neste trabalho de Autárquicas em Cartaz.
Enquanto isso, vou dar voz aos cidadãos em mais uma apoteótica entrada em cena de José Maria Martins. Pode ser que ainda tenha tempo de entrar no staff dele.

Entretanto pode ir acompanhando toda a evolução da faena... perdão!, da campanha, pela TSF. Ou Expresso/SIC/Visão.

Como o Benfica só joga amanhã, hoje vou andar por aí. Devagar a divagar. Talvez de caldeirada em Borba acompanhada. Talvez Antero.

1.10.05

2

Quando se anda em maré de azar até o Belenenses perde em casa, fosca-se! (Acho que vou começar a andar com um corno ao pescoço. Ou dois na cabeça, antes que alguém mais atrevido se comprometa a provocar-me)

Mas relativamente às autárquicas, os casos de Oeiras, Porto e Lisboa são traumáticos.
Não só pelos casos que ocupam nos tribunais, mas pelos jogos de poder que em nada abona a clarividência que nos querem impingir.

Os programas que apresentam são como aqueles cartazes que anunciam: "Leve dois e pague apenas um." Mobilidade, educação, segurança, ambiente, património? Deixem-me rir.
De qualquer das formas, toda a gente sabe como funcionam os media nas referências e barómetros, termómetros e outros espaços vendidos a retalho, para que até os próprios promotores e responsáveis pela campanha de cada um saibam com o que podem contar. É tudo um jogo! Estamos fartos de saber. As promessas de ocasião, o compadrio, o caciquismo ainda existente e quando todos aqueles gajos que se aproveitam dos favores Camarários para ganhar mais uns tostões aparecem na TV, tá tudo dito. A "Judite" é que anda a dormir.
Provas? Só se fôr aquelas que eu faço todos os dias a correr para o trabalho.

Pronto já desabafei!
Hoje como não joga ninguém das minhas preferências, provavelmente vou rever a Garganta Funda.
Só cá por coisas.

30.9.05

1

Nunca desejei que este meu diário fosse de cariz político nem técnico, poético ou enciclopédico. Muito menos referencial. Supus até que a família, e mais dois ou três ilustres visitantes e amigos virtuais, compusessem o ramalhete para não estar aqui a escrever para o boneco.

Tal e qual como a Rosinha Ferreira Torres fez com o marido: escreveu-lhe os hinos para a campanha sem ele dar por isso.
Também acho estranho a Fátima Felgueiras estar à beira de conseguir uma colocação estável neste mundo difícil de colocações, quando uma das minhas filhas anda à rasca para tentar arranjar trabalho. Ela que até é uma rapariga certinha, casadinha de fresco, com os impostos em dia e nunca sequer fugiu de casa.

Outra das coisas que me preocupa é a questão dos projectos dos candidatos. Logo agora que estou rodeado de engenheiros. Daqueles putos novos com visual Nick Cave e muito soft como o meu vizinho da frente quando era novo, estão a ver? A gente olha p’ra eles e lê-os detalhadamente. E a primeira reacção é a do sketch do RAP: “Èpá e tal, sim senhor…”

Mas os portugueses têm a memória curta e mudam de opinião enquanto eu troco de camisa. Basta ver pelos barómetros da Marktest/TSF/DN quanto às sondagens atribuídas hoje: o PSD vencia as eleições se a malta votasse amanhã.

Até me apetece dizer: este país é tão mesquinho e pequenino que até no tamanho do primeiro-ministro tem que se rever.

Olha!... vou jantar, ler um pouco de Manuel da Fonseca e ver o Belenenses na SporTV.

28.9.05



"Azar dum cabrão..."

era, digamos, uma forma que alguns alentejanos encontravam para afugentar a sorte adversa. Talvez até renegar a sina madrasta e clamar por qualquer santinho em que pudessem acreditar para que viesse em sua ajuda.

Eu nunca fui muito dessas coisas, mas há uns tempos p'ra cá que tenho tido um azar dum cabrão. E como não tenho santinho a quem me ajoelhar coloquei uma ferradura como amuleto para ver se "isto" passa.

Costuma dizer-se que não se acredita em bruxas (e em outras forças ocultas)... mas que "lás ai, lás ai!"

26.9.05

à 2.ª feira...





é o que por vezes apetece dizer ao primeiro-ministro, ao presidente da junta ou até à própria vizinha do 3.º andar.

Mas no espaço que os blogs ocupam, isto funciona mais como brincadeira. Senão vejamos:
Estamos rodeados de gente que sabe umas merdas. Escrevem para os jornais, alguns com lugares públicos, editam livros e fazem amor à descarada como eu. Há até quem fume um charro durante a edição dum post, esvazie uma garrafa de Bourbon enquanto o diabo esfrega um olho e continue a lutar por um mundo melhor. Tanto em IE como em Firefox.

No entanto, fica-me a dúvida de que muito poucos andam na rua. Não sofrem as verdadeiras realidades dos serviços públicos, da vida que os portugueses levam, nem estão sujeitos à perigosidade de ter que se deslocar a Chelas ou andar no meio da noite pelo Alto da Ajuda quando se pretende apenas ajudar a colmatar dificuldades. Não fosse a figura, o à-vontade e a prosápia do meu ar de cigano, há muito que tinha ido desta p’ra melhor na Cova da Moura ou na Musgueira. Quiçá até no Fim do Mundo. (algumas das nossas favelas)

Não sendo Prémio Nobel da Paz, sempre defendi que um blog pode ser o que se quiser: um baptizado, um palanque ou casamento. Um filme, uma esplanada onde se vê gajas boas a passar ou apenas uma forma de se estar com os outros.
Mas já que ninguém dá o número de telemóvel para conversar sobre a iniciativa duma luta armada, assaltar bancos, rebentar como umas coisas que eu cá sei ou emprestar dinheiro para ir beber uns canecos, acho que vou ter que arranjar outra forma de combater a continuação desta paródia nacional que - mais uma vez ( uma vergonha pegada) - se avizinha.

É que os 25 de Abris não se fazem a pedido nem têm hora marcada. Muito menos quando se está a ver a barriguinha a crescer. Há qualquer coisa incompleta...
Daí, estar a pensar na fórmula CH2(NO3)CH(NO3)CH2NO3) .

Por isso, “Isto só vai à porrada!” – dizia o Carlos Antunes, faz tempo.
Ao som do "eles comem tudo e não deixam nada". Enquanto isso acabou-se-me o Monte Velho.
A ver se abro uma Nobre Colheita 94 na próxima vez que aqui vier.

23.9.05



Um dia que nos seja especial tem sempre uma história para contar.
Contém segredos. Murmúrios cegos. Sinais que só o mar sabe de cor.

Num aflorar de esperança neste tempo escasso que nos resta, qualquer dia especial tudo pode transformar.
Pode até tornar algumas rimas e olhares diversos, em alquimias que tarde ou nunca se poderão dizer ou explicar.

Mas hoje é mais um dia de as poder contar.
Pelos dedos destas mãos por onde o sol passou. O vento uivou.
Nas alegrias e tristezas em que a vida de cada um se transformou.

Pode parecer um dia vinte e três como outro qualquer, nestas folhas ilustradas que marcam tempo. Simples e modesto como sempre foi. Assinalando apenas mais vinte e quatro horas de dias sempre iguais.

Não é o caso deste, minha amiga.
Minha amante.
Meu amor.

19.9.05

Recuperando a moda dos post's curtos

"Hoje estou cá mas não estou!"

Encontro-me (ainda) no encerramento da Cimeira da ONU a resolver problemas da Humanidade que não ficaram devidamente esclarecidos.


Quando de regresso darei uma conferência de imprensa para clarificar alguns aspectos.
Não sem antes fazer escala em Berlin para ter uma conversa séria com Angela Merkel e Gerhard Schroeder sobre o falhanço do maior passeio canino do mundo para o Guinness World Records em Monsanto, Lisboa.
2840-440 Portugal.

16.9.05



Um olhar sobre a Cidade...

A minha.
Onde por obra do destino terei nascido.
Criado de ruas mal-afamadas e de vossas excelências, eis que surge a oportunidade de a ver de perto antes de nascer o dia. Está diferente e anda triste, a minha cidade. E quão penosas estão as almas que por cá vagueiam. Pálidos rostos, esgares cansados, nenhum sorriso.
Cinzenta. Suja e apertada. Com pedras e rugas, uma desgraça. O meu jardim transformado subterrâneo. Feito para coisas que andam mais depressa. Sem Graça.

Dessas almas e desgostos, ninguém nos dá bons-dias.
O passo curto dos ponteiros do relógio troca o Paço. O do Terreiro.
Os amarelos da Carris estão difusos. Transtornados e obtusos. E choro. Convulso.
Faltam-me varinas. Ardinas. O leite vendido a retalho e o café com pão. Fresco. Estaladiço como D. Sebastião.
Faltam-me odores. Alfamas e outras mourarias.
Cores. Beijos e abraços. Mais fantasias.
E fujo. E escondo. A amargura de ter por dita a minha sina. Do fado. Deste rio que viu nascer a liberdade.
E tremo. E julgo. E digo.
Que mais traições terá minha cidade?


Então sou ou não sou doutor? (lá dizia o Vasco...)

13.9.05



Alteração

Nestes últimos dois dias a minha vida profissional levou uma volta.
Constatando das inovações, das novas tarefas e de mais trabalho (logo, menos tempo para os blogs), cheguei à conclusão que irei auferir como salário a mesma coisa ou talvez menos. Quer dizer, parece-me que andei de cavalo p’ra burro.
É ou não motivo para estar alterado?

11.9.05

11 de Setembro?

Lembro-me, sim senhor.



"Dois amantes felizes não têm fim nem morte,
nascem e morrem tanta vez enquanto vivem,
são eternos como é a natureza."

Pablo Neruda

10.9.05

Está feito o prometido!


Talvez um dia explique como é que se joga à bola p'ra ganhar àqueles gajos. Hoje não!
Então é assim:

se o Glorioso ganhar hoje em Alvalade, (21:30 na cadeira 223 ou no sofá nº. 1 cá de casa) faço aqui uma festa d'arromba.
Se o inverso acontecer, também faço festa. À gata, coitadinha, que não tem culpa daqueles gajos ganharem mais do que aquilo que ela come.



Vou estando por aqui


Entretanto, o Piscoiso costuma dar estas coisas em directo. Vamos ver se o Coirato está operacional...

6.9.05

________________

Ando só a arrumar umas coisas e a verificar se está tudo operacional.
Como não me apetece pensar em coisas tristes, vou andar por aí.
Mantenham contacto e a chave no sítio do costume. O resto é comigo.

1.9.05


Ladys annnnnnnnd Gentlemans!: Estão de volta os dinossáurios excelentíssimos!



Quer um, quer outro, em excelente forma.


* Nota do editor: De modo algum se quer aqui menosprezar o valor, a sapiência, uma vida recheada de experiências de tantos outros que por muitos anos já passaram e que sempre incentivaram a juventude a definir as suas próprias escolhas neste círculo curto que é a vida de todos nós.
Mas não abusemos da sorte. Nem da paciência de quem já fez cinquenta anos e já não acha graça a palhaçadas destas.


* gifs retirados do Dinho.

31.8.05



"E alegre se fez triste..."

“Que o poema seja microfone e fale
uma noite destas de repente às três e tal
para que a lua estoire e o sono estale
e a gente acorde finalmente em Portugal”

30.8.05



As pombinhas da Katrina

Habitualmente considero-me um optimista, valendo-me para isso daquele dito que uso em ocasiões menos propícias para a boa disposição: “há coisas piores!”

Também não fujo à regra do tradicional “só acontece aos outros” tão português. Provavelmente, por convencimento. Ou, na melhor das hipóteses, por ter uma sorte do caraças.
Mas uma coisa destas deixa-me perplexo perante as nossas próprias “catástrofes”. Portugal e os portugueses deviam dar-se por sortudos quando apenas lidam com as coisas que toda aquela malta de New Orleans tomara ter como problemas principais. E já não falo da fome em África, nem de Chernobyl ou Tchetchénia ou do Sudão. Nem tão pouco de casos como o de Beslan, o conflito israelo-árabe ou, até, a supressão das liberdades na Coreia e todas as outras guerras que nos tiram os filhos e os netos e destroem por completo famílias inteiras.

Temos apenas os fogos para apagar, hospitais por construir e os miúdos para educar, alimentar e vestir. Lidamos com dirigentes mal-formados, temos a corrupção institucionalizada e sabemos de antemão que não se arranjam soluções para os sem-abrigo, para os toxicodependentes e para os velhotes que tentam sobreviver com trinta e tal contos de reforma. Comparando este cenário com as tragédias alheias, até a crise de avançados no Benfica tem que ser piada.

Cá p’ra mim, os portugueses queixam-se demasiado. Não, porque não tenham razões para isso. Mas apenas porque as desgraças que acontecem aos outros parecem-me bem piores. Digo eu.

28.8.05

Um domingo como outro qualquer… é isso! Onde a realidade virtual se pode confundir com a outra; a de carne e osso, onde realmente se pernoita e nos estendemos. Por onde se pode caminhar sem luz e, por vezes, com a candeia às avessas. Uma questão do nosso próprio caminho e escolha.

Mas como diz a Pimentinha: "para ser Poeta não chega juntar palavras bonitas".

A mim, basta tentar encontrá-las.
E quando juntas, se proporcionarem um clima bom, ficarei com mais um dia ganho.

Mesmo que se tenha que passar por várias mutações.


Ah!... não esqueçam. A minha amiga Maria faz anos hoje.

Um bom domingo a todos!

24.8.05



O 23 a vinte-e-quatro

Este tinha que ser diferente, pikena.
O regresso às loucuras. Às coisas que adiámos. Ao recuperar de outros sons, imagens, odores.

Porque fazia tempo que não pisávamos a relva onde “Proibido” está patente.
Fazia tempo que não trocávamos beijos na via pública, que não dançávamos até ao romper da aurora e não víamos o sol nascer assim tão perto.
Fazia tempo que a nossa indumentária não passava do classicismo trivial e nos comportávamos mal e até às tantas.
Fazia tempo que não mergulhávamos nus no mar da Caparica, e misturávamos o nosso suor naquela areia que ainda se lembrava de nós.
Fazia tempo que não abríamos uma garrafa de Champagne em cima das nossas rochas preferidas com dois copos de pé alto a escorrer pelas gargantas.
Fazia tempo que não cumpríamos as promessas de amor e jurar que voltaríamos.

Fazia tempo. Já não faz!

17.8.05



Sonhos de Verão

Provavelmente muita gente desconhece o que faço. Profissionalmente falando, claro.
Mas eu digo, não há crise. Para além de outras actividades que me permitem auferir aquilo que dá para comprar melões, um dos meus trabalhos é redactorial. Um sonho que tive desde miúdo.

Como este ano o “boss” engatou-me as férias todas, não tenho outro remédio senão ficar sozinho na redacção sem os colegas ilustres.
É vê-los, ou melhor, é ouvi-los pelos demasiados objectos das novas tecnologias que tenho à minha disposição, mensagens de satisfação (a deles) e os pedidos mais aberrantes que se podem fazer a um gajo que está na minha situação. E cada um deles, em pólos terrestres diferenciados, um melhor que o anterior.
- Tô, Eduardo? Não te esqueças de… blá-blá-blá…
- Edy, podes ligar daí à minha mãe a dizer….
- Oi, bigodão, tudo bom? Vaidá p’ra vc fazer um favô …?


Claro que sei que as minhas responsabilidades são receber os jornais de serviço, atender os telefonemas de gentinha maldisposta e tratar de um aquário que tem mais peixes do que tickets eu recebo para almoçar. Mas tudo na boa. Um bom profissional não olha a sacrifícios quando o bom funcionamento da equipa se requer primordial.

Aliás, é com este espírito de solidariedade laboral que arranjei amigos do peito, posso dizê-lo.
Já tenho em arquivo as queixas do Marcelo Rebelo de Sousa, os faxes do Miguel Sousa Tavares e as amigáveis explicações do Ministério das Finanças sobre o retardar no recebimento do IRS da minha pikena. Isto sem falar dos inúmeros pedidos de esclarecimento sobre o paradeiro do Eng.º Sócrates, ou se é aqui que funciona a DGRF (Direcção-Geral dos Recursos Florestais).

Eu não tenho culpa de todo este reboliço, bolas! Férias são férias, ou não?
A minha posição social, o meu ordenado e o contrato a prazo que ainda não rasguei, apenas dá para cultivar uma amizade com os “seguranças”, ser gentil com as senhoras da limpeza e levar a comida ao Farrusco e ao Tareco.
Por isso, vou entregar a chave desta merda à vizinha da frente e deixar uma folha A4 a cores a dizer:



Até que o me alerta para a realidade. Com uma mensagem do "chefe" incorporada e tudo: "Então, estavas a dormir ou quê...?"

16.8.05



Pois! Dos chamados blogs regionalistas, nada.
Quase ninguém fala da terra deles. E temos um país de Festas tão giras...

(vou recolher para outros lados)

Folclore português

* Com tantas Festas e Feiras em Vila Nova da Barquinha, Fundão, Torres Novas, Gouveia, Ourém, Tomar, Loulé, Arruda dos Vinhos, Viana do Castelo, Sines ou Odemira e outras aldeias de Portugal, vou começar por aqui. Depois vou dar um salto a Valpaços e outro a Fafe.

15.8.05



Vou ficar à espera!

À espera que o feriado da Nossa Senhora d'Anunciação acabe para me dedicar esta semana à recolha dos eventos festivos e suas histórias nos blogs das terras de Portugal. Como o de Colares, por exemplo.
Caso saiba de alguns...

14.8.05



Já não tenho pedalada para Festas até às tantas!

Vou à procura do frasquinho dos sais de frutos. A coisa não está famosa, hehe...

De qualquer maneira, um bom domingo.

13.8.05

Para o fim, reservei o gesto de te ofertar flores. Virtuais. Sorrisos e gestos que podes ver. Palavras próprias, de circunstância e brinde, como se estivesse ao pé de ti.



E uma canção...


ps - quem é que faz anos a seguir?

12.8.05



Para a feliz continuação da Festa da Cinda (vão dar um beijinho à rapariga, catano) contratei algumas figuras do mundo do espectáculo. Esta então, adora Portugal e pataniscas com arroz de feijão. Foi o nosso almoço. Ela aí está:




Apresentação da prenda de António Castilho Dias... já a seguir


Eis então, uma das prendas giras que esta miúda merece. Também digo o mesmo, António Dias. Tal e qual como toda esta rapaziada.

Mas há mais.
Esta, por exemplo. Ou esta..

Outro convidado especial. Senhoras e senhores: música clássica. (de que tanto gosta a nossa convidada de hoje). Monsieur Michel!



Este gajo continua a passear-se por aqui mas não me importo. Continuemos.
Estava a pensar aconselhar
um filme à nossa aniversariante. Depois de jantar, claro.
Ou
uma peça de Teatro. Ou Concertos, sei lá. Ou simplesmente, sair. Nem que fosse comigo.
Mas não. A moça lá deve ter os seus planos, e o mais que posso fazer é proporcionar-lhe neste meu humilde espaço um carinho com que sempre acaricio as pessoas amigas.


De qualquer forma, vou preparar um "Bacalhau à Brás", um Camarão gratinado e uma salada. Turca. Só cá por coisas.