31.7.05



E agora para recuperar...?

(o melhor mesmo, é ir ver se alguém está pior do que eu. Vou dar uma volta pelos blogs. Se por acaso não me encontrar por aqui, deixe recado, s.f.f.)

Entretanto, fica registado publicamente neste cantinho um agradecimento muito especial da minha filhota a todos quantos lhe dispensaram um carinhito. Mesmo sem a conhecerem.
Mas isto nos blogs é mesmo assim e a gajinha, como está de férias conjugais, só do hotel é que se apercebeu que tem mais gente amiga a quem um dia vai ter que dar um beijinho.
Pessoalmente.
(recado pessoal via telemóvel algures na República Dominicana)

Deixa lá vir mais um neto e um aumento de ordenado que a gente depois conversa.

25.7.05

Segunda-feira prolongada

Há dias em que um gajo acorda com o calendário na cabeça e com toda a programação da sua agenda completamente organizada. Não foi o meu caso.
Pareço um puto da escola no seu primeiro dia de aulas.
Motivo? Um casamento!

Para além da fatiota, do pedido de dispensa no trabalho e do medo de que a gravata me estrangule, os sapatos novos dão-me sempre cabo do sistema nervoso lateral. Aquele que põe em qualquer um, um andar novo.
Pois é! Esta semana vou parecer-me com uma barata tonta e parva, cheio de tiques e taques e toques. A olhar o sacana do relógio de soslaio, apelando a todos os deuses que o tempo que falta passe depressa e rezando a uns santinhos que há por lá que não comecem a chorar ao pé de mim.

Por isso, se por qualquer motivo ou acaso, alguém passar na Igreja da Pena (Calçada de Santana), onde passeou Camões e rezou Amália, e ver um tipo todo aperaltado, teso de carteira e assustado, de braço dado com a noiva mais bonita do próximo sábado, rodeado pelos seis irmãos que ela tem, sou eu.
Vou casar a minha filha! A Gina.

23.7.05

Declaradamente o dia vinte e três entrou nos costumes do meu blog.
Dizem as influências que tudo tem um significado que, mesmo a figurá-lo nas minhas regras de todos os meses, tem uma condicionante que me atrapalha: a maneira de o fazer.

Por isso, meu amor, hoje não te escrevo em versos de rimas mal escolhidas. Recordo apenas o que os meus olhos te disseram ao acordares e os carinhos cúmplices que trocamos todas as manhãs.

No fundo, talvez nunca tenha sabido dizer-te as coisas lindas que mereces e, nas parcelas do meu tempo, reconhecer que me deste uma vida com sentido. Mas conheces-me, e sabes o meu modo de te estar agradecido.

18.7.05

Revolta ou rebeldia?

Quando eu era rapazote, tinha uma ideia formada sobre o “conflito de gerações”. Como ninguém da gente tinha bote levávamos as miúdas a pé para falar sobre isso, e era assim que nós, os putos daquela altura, chamávamos à incompreensão existente entre pais e filhos, e o medo que eles tinham dos nossos novos comportamentos sociais que iam aparecendo naquele tempo.

Quando se fala em tempo, não há a pretensão de afirmar que no meu é que era bom. Nada disso. Todos os tempos são bons se o souber aproveitar. E como aprendi a saber viver com os mais variados juízos e gerações, e optar por aqueles que mais me pareciam adequados à minha maneira de ser e ao meu grupo social, estou à vontade.

Para muita boa gente que aqui passa, se falar sobre cabelos compridos ou calças à-boca-de-sino é como lhes recordar a sua própria juventude. Se acrescentar os Yes, Alice Cooper ou Animals (entre outros, claro), vem à memória mais coisas giras. Como as Hondas 50 e as Dyane. A Portugália , o Parque Mayer, os Porfírios, a Mary Quant e muitas imagens e mitos que as palavras daquela década nos deixaram na memória.

Memórias desse espólio que a maior parte da malta aproveitou, enraizou e enquadrou na sua formação como pessoa. Entre a segurança da rebeldia e o respeito pela revolta.
Mas hoje não é assim. Esta merda está toda virada do avesso e raros são os pais que sabem lidar com a situação. Já me veio à cabeça inclusive, uma total impossibilidade da retoma dos valores que os rebeldes e revoltados desse tempo ainda respeitavam.

Mas isto é eu a escrever coisas antigas. Coisas que sinto agora o que os velhos da minha rua também diziam: “- Olha aquele! Tem o cabelo como às mulheres.”
Só que Lisboa está tão diferente em intolerância, má-criação e falta de respeito, que eu próprio já cheguei à conclusão que fui um totó e um santinho a vida inteira e estou a agora a fazer o mesmo papel. E rio-me.
Não sei é se de revolta ou rebeldia.

14.7.05



Hoje já ganhei o dia! Parti o cinzeiro da minha secretária.
Não aquela que eu gostaria de ter: a loira que fazia parte do executivo do Santana Lopes.
É aquele cinzeiro que me acompanhava no descanso dos cigarros que me davam ânimo nas noites que não tinha nada para fazer e vinha aqui botar discurso.
Por isso, hoje não estou na disposição de falar coisa nenhuma.
Até que alguém se lembre que preciso dum cinzeiro, ainda há gente que se diverte à brava na Baixa lisboeta. Conheça o Carlinhos. Um gay machista na cidade.



Uma gentileza dos Pastéis. Maltinha em princípio de carreira, mas já com algum sucesso.

10.7.05



Ao contrário do que muita gente pensa, o domingo é um dia bom para se escrever nos blogs.
E nunca percebi lá muito bem porque quase ninguém o faz.
Quer dizer, perceber não percebo, mas calculo as razões. Será que no emprego dá mais jeito? As tecnologias serão mais abrangentes?

Não é que eu tenha nada a ver com isso, mas sempre tive a estranha sensação que a maior parte dos blogers ao sábado e ao domingo, é mentira. Quem ler isto sabe do que estou a falar.
No meu caso, pouco aquece ou arrefece porque não tenho horário estipulado. Assim do tipo nine to five. Apenas realizo o que tenho em agenda. Há que fazer? Toca a fazer. Há que lavar loiça? Toca a lavar. É preciso pregar um botão na braguilha? Deixa estar…fica assim.

Por isso, hoje estava para escrever sobre Pitágoras. Ou Wenceslau de Moraes. Ou até mesmo sobre a futura biografia do Alberto João e a nova ordem da Madeira. Ou uma ida à missa das nove, que dá imenso gozo,, ou ensinar, a quem não sabe, como se faz uma verdadeira caldeirada à Fragateira. Ou à Ilhas, à Sesimbrense, à Brasileira, à Azenhas do Mar, sei lá...
Também me debrucei sobre a hipótese de escrever sobre vinhos elegantes, encorpados e castos, mais as famosas Roriz que lhes dão fama e forma. Ou sobre Tróia, a Adriana Andringa, o Douro, as férias dos nossos emigrantes, os atentados em Londres, as pontes e os rios que atravessamos, e como é lindo o Minho, as aldeias de Trás-os-Montes, esta malta toda que anda aqui e a nova lingerie da minha pikena.

Mas não! Como cheguei agora do serviço, vou tomar um banho e ver o jogo do Benfica na companhia de umas lulas recheadas ao jantar. Só depois é que vou pela blogosfera adentro deixar um olá por onde tiver que passar. Isto, se ela me deixar um tempo livre para o fazer. Mas não sei não. Ao chegar, notei-lhe um olhar sensual e maroteiro…
Queres ver que há festa?

8.7.05



O reverso da medalha

Também nas pequenezas ninguém consegue ganhar aos portugueses. Temos os gajos da política mais pequenos da Europa, quiçá do mundo, que retratam fielmente o significado adjectivante de baixeza e, com sabedoria, nada nem ninguém melhor que nós sabem utilizar algumas chinesices.

Também nas vilanias ninguém nos passa à frente. Somos um povo talhado para a mesquinhice, para a sócio-dependice e de muita má-língua. Uma língua aguçada, comprida e destravada quando toca a falar mal de toda a gente. Seja em prosa, seja em verso, ou retratada naquele sorriso que fazemos quando nos encontramos no local errado, na hora errada e no momento incerto.

Vemos defeitos em tudo e em todos, e raramente ficamos satisfeitos com alguma coisa.
Ainda sobre as nossas piores fraquezas, e razões de sobra para conviver de perto com pequenezas, conseguimos sobreviver com o ordenado mais pequeno da CE (European Community), acreditamos em todos os aldrabões de falinhas mansas e conciliamos a nossa História com os feitos do Benfica. Fica bem, e melhor disfarça as realidades maiores que reduzimos à dimensão que nos agrada.

Grandes questões também não são o nosso forte. Preferimos tratar os assuntos grandes com pequenas decisões e temos a terrível mania que de pequenino é que se torce o pepino e que a mulher se quer pequenina como a sardinha.
Seguindo o raciocínio, também o esforço económico dos portugueses é sempre dos mais pequenos, as reivindicações são sempre das mais baixinhas e as convicções não ultrapassam as vinte e quatro horas de um dia menos bom.

Mesmo assim, são estas pequenas coisas que fazem de nós, portugueses, grandes. Grandessíssimos. Não me atrevo é a adjectivar o superlativo. Será assim que se diz, ou terei já toda esta maltinha amiga a dizer mal?

Bom fim-de-semana!

*

1.7.05




A mania das grandezas

Os portugueses sempre tiveram a mania das grandezas!
Desde D. Afonso Henriques que isso acontece. Hoje é que não se nota muito. Mas esporadicamente, ainda há umas certas e enormes veleidades que vêm ao de cima quando menos esperamos. Eu, por exemplo, vou ter um ganda final de semana com os meus gandas compinchas em gandas petiscos no meio de gandas canecadas. Vai ser uma ganda torada e com gandas mocas, já estou a ver.

Recuperando algumas memórias da minha infância, lembro-me que os meus maiores sonhos eram ter gandas carros, gandas mulheres e uma pipa de massa que nunca mais a gastasse. Ser dum ganda clube, ter uma ganda casa e receber um ganda ordenado. Posso dizer à boca cheia que sim senhor porque também sou um ganda mentiroso.

Quando se fala em grandeza a mente leva-nos imediatamente para coisas enormes, de tamanhos desproporcionais como as mamas da Dolly Parton, por exemplo. É típico dos portugueses. Mas se reflectirmos bem, as coisas grandes por vezes até incomodam. Ter que usar cuecas e calças largas durante uma vida inteira não ajuda muito e o vestuário feminino de medidas invulgares é escasso e difícil de encontrar. É como se tivéssemos um elefante no jardim da nossa casa.

Por outro lado, já as grandes coisas fazem de nós outro tipo de pessoas. As Cruzadas, os Descobrimentos, o Jumbo e o Colombo, o CCB e o Parque das Nações, elevam-nos à categoria máxima de grandes obreiros no desenrolar da História e das Civilizações. Ficamos mais inchados do que os lagartos, antes de estes terem perdido o Campeonato e a Taça UEFA.

Por estas e outras coisas do género é que não me canso de dizer que Portugal é o maior. E os portugueses, quando querem, também. Eu é que não sou lá grande coisa.

Bom fim-de-semana!