8.7.05



O reverso da medalha

Também nas pequenezas ninguém consegue ganhar aos portugueses. Temos os gajos da política mais pequenos da Europa, quiçá do mundo, que retratam fielmente o significado adjectivante de baixeza e, com sabedoria, nada nem ninguém melhor que nós sabem utilizar algumas chinesices.

Também nas vilanias ninguém nos passa à frente. Somos um povo talhado para a mesquinhice, para a sócio-dependice e de muita má-língua. Uma língua aguçada, comprida e destravada quando toca a falar mal de toda a gente. Seja em prosa, seja em verso, ou retratada naquele sorriso que fazemos quando nos encontramos no local errado, na hora errada e no momento incerto.

Vemos defeitos em tudo e em todos, e raramente ficamos satisfeitos com alguma coisa.
Ainda sobre as nossas piores fraquezas, e razões de sobra para conviver de perto com pequenezas, conseguimos sobreviver com o ordenado mais pequeno da CE (European Community), acreditamos em todos os aldrabões de falinhas mansas e conciliamos a nossa História com os feitos do Benfica. Fica bem, e melhor disfarça as realidades maiores que reduzimos à dimensão que nos agrada.

Grandes questões também não são o nosso forte. Preferimos tratar os assuntos grandes com pequenas decisões e temos a terrível mania que de pequenino é que se torce o pepino e que a mulher se quer pequenina como a sardinha.
Seguindo o raciocínio, também o esforço económico dos portugueses é sempre dos mais pequenos, as reivindicações são sempre das mais baixinhas e as convicções não ultrapassam as vinte e quatro horas de um dia menos bom.

Mesmo assim, são estas pequenas coisas que fazem de nós, portugueses, grandes. Grandessíssimos. Não me atrevo é a adjectivar o superlativo. Será assim que se diz, ou terei já toda esta maltinha amiga a dizer mal?

Bom fim-de-semana!

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