25.9.04


Image of the Teresa

Desabafos sabáticos
(ou o que me apetece fazer por vezes)

Num ano e tal desta brincadeira (entenda-se blogs) aprendi de tudo um pouco e já é cansativo dizer que arranjei amigos. Virtuais. Ilustres. Companheiros, camaradas e compinchas com quem nunca tive o prazer de beber um copo, jantar, jogar às cartas.
Podem ser poucos mas são bons.

Muitos deles, que bem que escrevem! Outros tantos, ou mais, que escrevem bem. Coisas giras como se me estivessem a contar as peripécias da sua própria vida na esplanada do café, na sala de estar da minha casa ou num passeio de barco pelas margens do meu rio. Desses gosto mais. Sejam “eles”, sejam “elas”, e tenham a idade que tiverem.

No entanto, há coisas que não percebo (mentira, percebo muito bem mas não quero dar o braço a torcer) dando como exemplo os blogs de outros países onde qualquer gato-sapato tem, à primeira vista, reciprocidade garantida. Seja ela fútil ou utilitária – no sentido literal do adjectivo.

Continuo a convencer-me que Portugal e os portugueses não são mais nem menos do que outras civilizações e culturas. Há blogs de criatividade e génio. Temos artistas e poetas, escritores e cientistas, crianças e professores, jornalistas, doutores e gentios que escrevem livros. Temos ordinários cultos e políticos, sábios egocentristas, gordos, magros e fadistas.

Mas os blogs portugueses são isso mesmo: vilas e aldeias pouco abertas dentro da cidade, um pouco perdidos no país e sem rumo certo neste mundo. A prová-lo ficou a volta que dei naquele dia 16: demorei dois dias a clicar nos links que tenho expostos ali ao lado (que não são assim tão poucos) para deixar uma palavra ou um bom dia. Retorno ao acto e efeito? Quase nicles.

Ter poucos ou muitos visitantes não faz de mim melhor, ou pior, pessoa. Sei no que me meti e não vou mudar por isso. Mas sabendo que um “hoje fui levar a filha à escola” possa ter vinte e três comentários ortodoxos, e pouco atraentes, comparado com a exposição duma nota angustiada dum blogger que a transmite, e que espera uma palavra estimulante, de amigo, possa ter apenas dois é que me deixa mal disposto.

Coisas minhas. Não façam caso.

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