
Era nesta antevéspera de Natal, em mais um dia 23, que se me colavam aos olhos águas fortuitas.
Era neste dia que se espalhavam aromas e paladares por aquela casa, que só ela sabia fabricar.
Hoje, já nada resta.
Vazio o espaço. Mesa sem nada sobre a toalha bordada à mão, com imensas recordações para poder contar. Mas não consigo.
Talvez aguente a nostalgia ao ir passando pelos lugares de amigos que descobri com esta brincadeira séria nos espaços pessoais.
O que não consigo é quebrar o gelo desta saudade. Desta amargura que se me enrola na garganta quando trinco qualquer guloseima de Natal que ELA fazia.
Até a pena lírica com que escrevinhava sensações se quebrou. Evaporou-se a tinta e acabaram-se-me as folhas frias de papel nestas noites que ficam demasiadamente longas. Frias. Sem telhado onde me abrigar porque, ao que parece, o meu Pai Natal estatelou-se na visita que fazia todos os anos à nossa casa.
Resta-me a vontade e o consolo de vos ir vendo por aí.
Até sempre.
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