"Interessam-me os actos humanos. Nunca para rir-me deles, mas sim para os compreender." B.Spinoza
23.12.07
Era nesta antevéspera de Natal, em mais um dia 23, que se me colavam aos olhos águas fortuitas.
Era neste dia que se espalhavam aromas e paladares por aquela casa, que só ela sabia fabricar.
Hoje, já nada resta.
Vazio o espaço. Mesa sem nada sobre a toalha bordada à mão, com imensas recordações para poder contar. Mas não consigo.
Talvez aguente a nostalgia ao ir passando pelos lugares de amigos que descobri com esta brincadeira séria nos espaços pessoais.
O que não consigo é quebrar o gelo desta saudade. Desta amargura que se me enrola na garganta quando trinco qualquer guloseima de Natal que ELA fazia.
Até a pena lírica com que escrevinhava sensações se quebrou. Evaporou-se a tinta e acabaram-se-me as folhas frias de papel nestas noites que ficam demasiadamente longas. Frias. Sem telhado onde me abrigar porque, ao que parece, o meu Pai Natal estatelou-se na visita que fazia todos os anos à nossa casa.
Resta-me a vontade e o consolo de vos ir vendo por aí.
Até sempre.
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