À semelhança de Dean Gooderham Acheson em 1950 nos EUA (o autor do célebre Plano Marshall), Francisco Lousã apresenta a ideia de apresentar uma moção de censura ao governo num momento conturbado na vida política portuguesa. Até aqui, tem todas as razões legais para o fazer. Se o timing é apropriado ou não isso é discutível. Mas o que não pode passar em claro, e ao contrário do que podem pensar os fazedores de opinião, melhor oportunidade para derrubar Sócrates não tem outra. Se é jogo político ou não, call é a minha posição.
Mas parece-me que os tipos que argumentam estar em condições para alternar e mudar as coisas ao que o país chegou não estarão para aí virados. Afinal a montanha pariu mais um rato, coitado. E coitada da montanha que é mão solteira destas coisas.
Na minha perspectiva, subscrevia outras moções de censura. Contra este povo cinzento. Contra este país que não sai, ou não sabe sair, da cepa torta. Que se verga às injustiças praticadas todos os dias no Diário da República, na Assembleia, ditas e vincadas em todos os órgãos de comunicação social, assinadas por quem nunca responderá às diligências que a História nunca deixará de enumerar.
Subscrevia ainda outras. Contra os serviços que (não) temos. Contra o roubo organizado que nem Robbin Hood conseguiria resolver. Contra a ineficácia colectiva. Contra mim próprio, que deveria estar na rua – imaginemos - com armas na mão. Contra a indignação que dizem todos termos direito a divulgar.
Mas este espaço nunca foi, nem será, um blog correctamente político.
É só mais um desabafo antes da tentação do primeiro tiro.
4 comentários:
vampiros, dizes bem;
também votaria a moção de censura, ainda que tal resulte em mais do mesmo
Mesmo que não seja o Bloco, agora, a derrubar estes pequenos ditadores mais tarde ou mais cedo "eles" caiem.
Não entendo é o risco de os termos mais um tempo. (mais uma culpabilização atribuída aos outros partidos de oposição clara)
Continuo a dizer que estão dadas todas as condições para se dar pérolas a porcos.
Os "bem-vestidos", os "colarinhos-brancos", os "porta-vozes" e outros que sobrevivem à custa do "yes man", estão todos de acordo.
Discordo do status que se criou. A malta tem que vir p'ra rua, pá! Antes que morram e só dêem por isso nove anos passados.
Como isto anda o melhor mesmo não é mudar só o governo, caro amigo.
Porque não mudar, em primeiro lugar, o próprio país?
Mas teríamos que nascer de novo!
Entretanto, pode ser que alguma coisa mude. Aguardemos.
Enviar um comentário