"Interessam-me os actos humanos. Nunca para rir-me deles, mas sim para os compreender." B.Spinoza
13.11.04
Revelações estatísticas
Alguns blogs, por exemplo, parecem-me o bacalhau: fazem-se da forma como se quiser.
Por isso, e como não tenho mais nada para fazer até às quatro, fui tentar compreender o ranking das preferências temáticas da blogodependência nacional. Por conta própria.
Sendo assim, detectei que: 75 % dos manganões que para aqui andam preferem temas de sexo! Ou assuntos a roçar o dito. De preferência, com bastante “hardcore” sem cair no obsceno e , de preferência, que não sejam detectados nem identificados.
45 % das pessoas que “descobriram” a blogalização encaixam os seus segredos para a temática poética ou prosaica sem terem que frequentar Tertúlias. Versões ligth de circunstância, poemas inéditos e razões de sobra para escrever o que lhes vai na sensível parte espírita do corpo. Fazem bem, digo eu, e a prová-lo estão os registos dos seus adeptos e visitantes.
Quem está por baixo é a rapaziada da “bola”. Apenas 8 % dos que tratam do assunto são lidos com regularidade. Os picos mais altos sucedem quando alguma desgraça acontece (tipo da morte em campo, ou a bola que entrou mas não contou), ou quando as “bacoradas” do gentio dirigista faz capa na imprensa. Picardias clubistas também acontecem, mas é raro. São assuntos que esfriam rapidamente mesmo com quarenta graus à sombra.
Existem determinadas variantes em alguns blogs que exigem leituras obrigatórias. São os chamados excluídos sociais. Completamente radicais e sem prazo de validade mas que postulam e pulam e saltitam em torno dos mais diversos e descarados temas. Sempre em cima, sempre na berra, mas com uma ligeira impressão de descrédito e à má-fila.
Uns 36 %, ao acaso, não dispensam as absorvências diárias. Escândalos sociais, notícias detalhadas sobre as lides políticas, as toiradas governamentais e coisas assim, fazem o género. Sabiamente talhados em reuniões exaustivas nas faculdades, gabam-se de serem tidos como uns gajos espertos e sabidos. Mas como diz o Ricardo Araújo: “falam, falam, falam e não fazem nada! Um gajo fica chateado…”
Mais adiante, e com som de fundo, 26 % dos “musicais” contam com a visita diária de uma boa parte dos blogs com lugar reservado na zona da 24 de Julho. Sempre em actualização e com as novidades da cantoria reinante à mostra. Seja “pimba”, seja “catrapimba”.
Já os tradicionais “jet 7” dos bolgs caíram, assustadoramente, para 32% das leituras que tinham à uns meses atrás. Saturação dos leitores? Desacreditação confessa do rigor? Passaram a ler a Sábado ou a Maria? Venha o diabo e escolha…
Os regionalistas também não estão lá (cá) muito bem. 12 % é que, de quando em vez, vão à terra deles e nos dão a saber dos enchidos, das castas e dos caciques, mais dos negócios em que esses compadrios resultam. Mas só de vez em quando.
Apenas os generalistas conseguem algum equilíbrio. 49 % vão mantendo o sentido editorial a que se propuseram e assim seguem o seu percurso. Calmo e penoso. Até com alguma regularidade pomposa e contam com os seus fiéis, acima de tudo.
Dos infantis nem falar. Compreendemos que a escola, os testes, os exames, param a actividade virtual das gaiatas e dos gaiatos. Mas, diga-se de passagem, quase ninguém liga aos putos. Estão abaixo dos 3 % das preferências e só a muito custo e cuspo lá se vão aguentando. Mas gabo-lhes a paciência e o querer.
Por mim, não me queixo.
Quem está-está, quem vai-vai. Ando por aí, muita das vezes sem rumo, e outras sem obrigatoriedades, mas a lista dos amigos aumenta cada vez mais e, qualquer dia, nem tempo tenho para me coçar ou perder tempo com estas pesquisas disparatadas.
Mas duma forma geral, nesta aleatória apreciação, podíamos melhorar um bocadinho no relacionamento que mantemos com os outros bloggers. Até por uma questão de orgulho patriótico. Afinal, que diabo, não somos piores nem melhores do que a estranja dos blogs. Sejam eles vietnamitas, sejam elas suecas, sejam lá eles e elas quem forem.
Lá vou eu na cantilena do costume: Somos portugueses, mas falta-nos um bocadinho assim...
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