27.1.05



Auschwitz - 60 anos

Primeiro eles vieram atrás dos comunistas
e eu não disse nada porque não era comunista.
A seguir vieram atrás dos judeus
e eu não disse nada porque não era judeu.
Depois vieram atrás dos católicos
e eu não disse nada porque nunca o fui.
Quando vieram atrás de mim
já não havia ninguém para falar em minha defesa.
[Martin Niemöller]


Memórias

Chegaram era já noite. Sem aviso prévio.
Levaram-me e tiraram um retrato a preto e branco.
Despiram-me as roupas, roubaram-me acessórios e a alegria que me invadia nessa tarde. Chocalharam-me os ossos e o que restava da raiva que trazia. Humilharam, ofenderam e tatuaram-me na pele um número. De algarismos desiguais na casa de imensos mil.
"ARBEIT MACHT FREI" era o tapete da minha casa nova . Velha e sombria, gelada e sem réstia de esperança de rever o meu país. A família, os amigos e o futuro.
Nas marcas dos carris dos vagões da morte como destino, ouviam-se tiros. Réplicas às respostas dos sins e nões que nunca acertavam nas perguntas. Vazias e vagas. Sem assinatura.
Três anos de amarga resistência naquelas campas sem nome onde havia um esgar de aviso. O último aviso que podiam ter deixado: “sobrevivam!, para que possam contar que aconteceu.”

Sem comentários: