7.2.05



Carnaval 2005

Há seis mil anos atrás, o Carnaval justifica que afirme que “a tradição já não é o que era”.
Nem Baco tem o mesmo grau, nem Ísis aderiu ou se converteu às novas tecnologias.
Coincidente, ou talvez não, os carrum navalis da homenagem a Saturno, que eram viaturas puxadas por algumas cavalgaduras dessa altura, quer fosse em Roma ou no Egipto, afloriam nas ruas e vielas transportando em cima homens e mulheres nus. Despidos do seus mais elementares direitos ao agasalho, à reconversão de matérias fantasiosas ou outras abstinências pagãs.

Nos dias de hoje, o Corso está inserido numa sociedade menos clássica onde as máscaras surgem mascaradas. Menos artísticas, mais alegóricas. Pertinentemente mais Sócrates, infelizmente menos Dionisus, mas aonde se mantém alguns vestígios de bacanais, saturnais, lupercais e outros tantos uis e igual número de ais.

A Igreja sempre condenou estas manifestações até surgir Paulo II. Não este, o outro do século XV, quando permitiu o Baile de Máscaras no seu palácio. Uma abertura vista como mais uma fantasia dos tempos. Aqueles tempos. E nesses tempos, como nos de agora, posso aproveitar os ensinamentos do Dr. Hiram Araújo, um estudioso em assuntos relacionados com culturas carnavalescas, que considera estas barracadas em quatro períodos de excelência: O Originário, o Pagão, o Cristão e o Contemporâneo.

E se tudo isto é Carnaval, se tudo isto existe, se tudo isto é fado,

vais te mascarar de quê?

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