31.1.06

A Bilha

Tal como Bill Gates, também tive uma visão futurista: nunca, mas mesmo nunca, conseguiria aderir ao gás canalizado. Eu cá sabia porquê!


















(Imagem generosamente retirada do Praça da Repúlica. Em Beja. Onde nevou há bem pouco tempo.)

20.1.06



O dia da reflexão

Encontro-me perto de reflectir, anunciam, lúcidos, os guardiães dos templos das certezas que não vingam. Aqueles que moldam ideias e caminhos. A vida. Caminhos traçados até que a ligeireza dos dias que nos calharam se esfumem num assopro.

Finjo não ouvir o apelo. Fujo das vozes sonantes dos cantinhos da rádio. Das esquinas de onde a caixa que mudou o mundo nos persegue.
Penso e reflicto. Devagar. Ao som das aves migratórias que fizeram ninho e das teclas de um piano que me conta estórias imortais. Estórias que já fazem parte do passado onde foi criada vida. Onde se criaram também laços e afectos que nos amarram para a existência efémera em que dura apenas o anúncio.

É dia de reflexão, voltam a lembrar. Em mais um take para que o espectáculo, perante as luzes que ainda não abriram, possa continuar.

E eu a julgar que reflectia todos os dias…

14.1.06



Na vida de qualquer um de nós, os que existimos, as mudanças e as aprendizagens tornam-se importantes ao longo do tempo em que vamos subsistindo. Por norma ou pela caracterização que se faz do nosso próprio existencialismo.

Por princípio, não sou apologista de mudanças sem sentido. Mas algumas são necessárias e imprescindíveis. Tal como as que pretendo fazer agora: mudanças simples e que não prejudicam nem alteram a relação que tenho com toda esta rapaziada dos blogs.

Só que, ao longo de três anos de convívio com o sistema, e porque tenho um “brinquedo novo”, vou pausar uns tempos. Abdico de editar a pretensão de escrever o que posso ter na ideia e vou recomeçar a ler os outros. Fazer do próprio espaço deles os meus posts.

É mais giro. Mais gratificante.
Talvez o sol da meia-noite que me faltava.

Até lá!

7.1.06



O meu computador está a dar o berro

Parecendo uma frase banal, do tipo “o que é que tenho eu a ver com isso?,” não deixa de me levar à fantasia e, ao mesmo tempo à realidade, na vida de um blog. De um espaço a que já me habituei, ou até mesmo, desenhar a vida do varredor da minha própria rua.

Tal como qualquer ser vivo, um computador tem os dias contados.
O varredor também.

Depois de vários anos ao serviço, a máquina que já faz parte das nossas vidas perde características, personalidade, vigor. Habitua-se a certos hábitos, crenças, automatismos. Segue quase de olhos fechados as definições, as pré-definições ou o que lhe mandamos executar. Muitas das vezes sem ter o cuidado de pensar se a podemos estar a prejudicar.

E um dia dá o berro. Estoira. Faz kaput depois de um esforço demasiado. Tal e qual como qualquer varredor da minha rua ao fim de imensos anos de trabalho. Parece normal à primeira vista mas não devia ser assim.

O meu computador, e outros muitos computadores de almas que sempre dizem certas coisas, mais o varredor da minha rua, deviam ser eternos. É com eles que vejo o mundo e o entendo. É neles que me apercebo que o dia está chuvoso, frio, e me alertam para tomar cautelas. É neles também, em outros dias, que vejo o sol nascer airoso quando lhes vejo aquele sorriso: um sorriso que dá prazer de cá andar e me mostra quanto foi bom o ter nascido.

Mas desgraçadamente, o meu computador está a dar o berro.
O varredor da minha rua não. Nem todos aqueles de águas turvas e de silêncios não são cúmplices.
Ainda bem!, porque não há retorno.


Nota: um agradecimento especial à Márcia Maia, ao Buba e ao Orca, pela generosidade de fazerem ter chegado à minha humilde casa o muito da amizade que nos uniu ao longo deste tempo que vamos passando aqui.
Em palavras editadas na morada certa.

Agora vou dar uma volta por aí, antes que estoire de vez o companheiro que está a dar o berro.

1.1.06



Ano Novo, vida nova

Depois de uma voltinha pelos blogs australianos, ingleses, italianos ou jamaicanos, nota-se alguma perspectiva em relação ao ano que nos entrou pela porta adentro. Os portugueses não fogem à regra.
Existe uma esperança redobrada no primeiro de Janeiro pela melhoria da qualidade de vida de cada um, que se vai desfazendo à medida que os outros dias vão passando. É normal, e estamos fartinhos de ver o mesmo filme.
No entanto, há uma coisa que sempre me fez espécie: não podendo manobrar o futuro, posso muito bem controlar o presente e o que ele pode representar para dias que se desejam melhores.

O que é que isto quer dizer?
Quer dizer que tenho me esforçar mais, trabalhar mais, saber mais. A função de cada um de nós na sociedade, e o modo como nos inserimos nela, faz com que tudo possa melhorar. Mas tem que começar por mim. Por ti, pelo colega, pelo amigo ou vizinho, talvez hipotecando que sejam outros a decidir por nós.

Também eu me proponho no dia 1 a que tudo corra pelo melhor. Mas duvido. Não só pelo anos que já levo nestas andanças sociais, mas porque também sempre fui céptico em relação às pessoas que têm o nosso destino nas suas mãos.

Mas hoje não quero ser desmancha-prazeres. Vou confiar na credibilidade que os portugueses me merecem.
No entanto, já estou a gastar aquilo que ainda não ganhei. Aumentou o gás, a electricidade, e o meu vício. Amanhã, também vou pagar mais por um cartãozinho que me leva ao local onde trabalho. Pode ser que comece logo a resmungar, mas lá estarei a tentar criar riqueza num país que já de si é pobre.

Bom Ano, ó companheiros!