23.6.11

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Em muitos anos desta vida que me vai acontecendo, o dia vinte e tês está como um marco no percurso das minhas próprias recordações. Mesmo que não queira, não consigo esquecê-lo. E dói ao recordá-lo.

É assim o andamento da existência que não escolhemos e que nos aparece por acaso ou sorte.

Ela hoje fazia anos.

17.5.11

De que é que tens saudade?...

… é uma pergunta que se arrasta pelos meus lençóis adentro, faz algum tempo. Está escrita na parede onde os meus olhos adormecem. Temo é o saber dum chegar ao fim, sem ter balanço e acta escrita, nestes cinquenta e sete degraus que já subi. E entre altos e baixos, a pergunta renitente que me assola, resiste ao que não queria responder: “De que saudades tens?”.

Primeiro que tudo, tenho a saudade de ser menino. Da minha Mãe e do meu Pai. Da minha primeira bola. Dos amigos da minha primeira infância. Da minha escola. Tenho saudade de coisas que nem sequer me lembro, mas sei que as vivi.

Ter a saudade por perto, é um enorme desafio. É uma memória, menina e traiçoeira, que reaviva os nossos passos. O percurso pelo qual todos nós passámos e que, por vezes, temos a ingrata sugestão de não os recordar por qualquer motivo.

Não me importo de divulgar quanto gosto do mar e de mulheres bonitas. Do meu país e do meu povo. Tenho saudade do meu rio e da minha cidade onde me banhava e me apetecia. Dos meus jardins preferidos que dá à cidade de Lisboa outro encanto. Tenho saudade de vender jornais e revistas do meu tempo, que agora neles e nelas sub-escrevo. Fico com a saudade da vida, onde há um fado da Maria da Fé, que diz ter valido a pena a ter vivido.

Outras saudades me restam, já mais adultas e em primeira fila: os meus filhos e a Mãe deles. Quem sabe, um dia, podem lembrarem-se de mim.

3.5.11

Dia da Mãe

Mesmo que atrasado em relação a um calendário que regista a nossa passagem pela vida, o Dia da Mãe não tem hora marcada. Não tem hora certa nem dia castigado, mas sim lugar cativo. E é isso que faz com que todas as Mães sejam especiais. A minha, a tua, a dela e a dele.

Eu, que nunca fui Mãe, tenho um especial carinho por todas elas. Porquê? Porque à primeira vista, dá-nos a sociedade activa de que tanta gente fala, visualizá-la como um ser frágil. Um segundo plano num painel dum filme em três dimensões que imaginamos. Uma paisagem onde nos sentimos retratados, como filhos dela – a Mãe.

Mas a Mãe de qualquer pessoa que esteja a ler o que publiquei, sente que não é bem assim.
Mãe é amor. Carinho. Protecção. Forte nos dias de chuva. Emotiva nos dias de verão. É um aconchego na chegada e um sufocante adeus na partida.

Fiquei sem a minha, faz tempo que a memória não apaga. Cuidai das vossas e dai-lhos o carinho que elas merecem. Antes que seja tarde. E se arrependam depois, num minutinho só, que lhe não possam dispensar enquanto vivas.


(eis ela, alegre e sorridente como sempre foi, com a minha filha, que tornou a nossa vida mais risonha. Tal e qual como qualquer Mãe nos faz sentir.

18.4.11

Abril, 18

Hoje é dia de brindar a todas as pessoas amigas que acompanho, e com quem muito tenho aprendido há vários anos nesta brincadeira dos blogues.
Tomara tê-las na minha modesta mesa. Para enlaçá-las. Para lhes poder dizer, olhos nos olhos, o quanto as admiro e estimo.

E no conselho médico de que não me posso emocionar às segundas-feiras, e muito menos quando se celebram cinquenta e sete Primaveras, deixo um abraço a todos quantos passaram por aqui ao longo destes tempos.

O meu Obrigado.

13.3.11

a luta continua quando o povo sai à rua

Amanheceu já tarde aquele dia. E por volta das onze eu já lá estava. Exausto. Faminto por um grito a libertar.
Disse Pedro Barroso a meu lado que “ eles não sabem nem sonham o cansaço que provocam”. E é verdade.
“Estamos fartos” era o que mais se ouvia naquela imensidão de gente precária. E outra ainda mais roubada dias antes de toda a malta que continua à rasca por uma directriz vinda da Alemanha. Coisas lixadas da globalização.

Não chovia - o que era um bom prenúncio. Depois… depois começaram as romarias aos magotes. Gente simples. Nova demais para a minha idade. Disposta a marcar presença. E deu-me um calafrio. Revirei os olhos em direcção ao Carmo. Era nos meus vinte anos em 74 que ali estava, de alma e coração, pelas sete da manhã. À espera dos carros de combate do Salgueiro Maia. À espera dum sonho que todos os putos querem alcançar, sem medir consequências.

Foi o que se viu e adeus tristeza, até depois, cantava o nosso amigo e camarada Tordo por essa altura.
Hoje continuamos a sentir o quão difícil é subir a calçada de todas as Luísas que Gedeão retratou. Que Zeca Afonso cantou. Que Régio, Namora e Alexandre O’Neill apregoaram.

Será que o sinal que vi é o reviver de mais uma mudança de regime que estará para acontecer? Se assim fôr, no me olvidaré, porque será a solução que está mais ao pé. Desgraçadamente acontecida pela imcompetência destes reinantes de tigela já partida.

Ninguém deu por mim, felizmente, nos momentos que marcaram as mudanças deste país desde 1972. Mas estive sempre lá. E estarei enquanto a sorte e a má sina não me trair.

12.3.11

Há mudanças no ar

a malta da minha geração tinha josé na educação
outro na rua em contestação

a malta da minha geração levou porrada
foi morta perseguida maltratada

a malta da minha geração tinha sonhos alegria
dor e sofrimento fantasia

e a malta da minha geração apoia incontestadamente esta
ousada destemida acutilante e em festa




"Os ausentes nunca têm razão!", disse um dia Philippe Destouche.

25.2.11

Exemplares?

Último vídeo confirmado como real em 11 de Fevereiro de 2011. Mas "estas coisas" dificilmente chegam "cá". Mais propriamente, ao núcleo dos meus amigos. Digo eu.

12.2.11

Moção de censura

À semelhança de Dean Gooderham Acheson em 1950 nos EUA (o autor do célebre Plano Marshall), Francisco Lousã apresenta a ideia de apresentar uma moção de censura ao governo num momento conturbado na vida política portuguesa. Até aqui, tem todas as razões legais para o fazer. Se o timing é apropriado ou não isso é discutível. Mas o que não pode passar em claro, e ao contrário do que podem pensar os fazedores de opinião, melhor oportunidade para derrubar Sócrates não tem outra. Se é jogo político ou não, call é a minha posição.


Mas parece-me que os tipos que argumentam estar em condições para alternar e mudar as coisas ao que o país chegou não estarão para aí virados. Afinal a montanha pariu mais um rato, coitado. E coitada da montanha que é mão solteira destas coisas.

Na minha perspectiva, subscrevia outras moções de censura. Contra este povo cinzento. Contra este país que não sai, ou não sabe sair, da cepa torta. Que se verga às injustiças praticadas todos os dias no Diário da República, na Assembleia, ditas e vincadas em todos os órgãos de comunicação social, assinadas por quem nunca responderá às diligências que a História nunca deixará de enumerar.

Subscrevia ainda outras. Contra os serviços que (não) temos. Contra o roubo organizado que nem Robbin Hood conseguiria resolver. Contra a ineficácia colectiva. Contra mim próprio, que deveria estar na rua – imaginemos - com armas na mão. Contra a indignação que dizem todos termos direito a divulgar.

Mas este espaço nunca foi, nem será, um blog correctamente político.

É só mais um desabafo antes da tentação do primeiro tiro.

2.2.11

Zeitgeist II– (filme 2008)

Um filme capaz de nos fazer pensar um pouco melhor sobre tudo.
A perder não tem nada. A não ser a hora e tal que leva a visioná-lo.

Eu vi-o em dia de folga, mas há quem haja em certas noites não ter sono e ser o momento chave para reflectir.

28.1.11

Escusavas de ouvir




(por Hugo Vasques Lopes e recebido pelo meu amigo José do hi5)








Estava há dias a falar com um amigo meu, nova-iorquino, que conhece bem Portugal.
Dizia-lhe eu à boa maneira do "coitadinho" português: “Sabes, nós os portugueses, somos pobres...”.

A resposta não tardou:

"- Como podes tu dizer que sois pobres, quando sois capazes de pagar por um litro de gasolina, mais do triplo do que pago eu?
- Quando vos dais ao luxo de pagar tarifas de electricidade e de telemóvel 80 % mais caras do que nos custam a nós nos EUA?
- Como podes tu dizer que sois pobres quando pagais comissões bancárias por serviços e por cartas de crédito o triplo que nós pagamos nos EUA?
- Ou quando podem pagar por um automóvel, que a mim me custa 12.000 dólares (8.320 EUROS) e vocês pagam mais de 20.000 EUROS, pelo mesmo carro? Podem dar mais de 11.640 EUROS de presente ao vosso governo do que nós ao nosso?

- Nós é que somos pobres, pá!! Por exemplo; em New York o Governo Estatal, tendo em conta a precária situação financeira dos seus habitantes cobra somente 2 % de IVA, mais 4% que é o imposto Federal, isto é 6%, nada comparado com os 23% dos ricos que vivem em Portugal. E contentes com estes 23%, pagais ainda impostos municipais.

- Um Banco privado vai à falência e vocês que não têm nada com isso, pagam outro, uma espécie de casino,  e vocês protegem-no com o dinheiro que enviam para o Estado. Mais. E vocês pagam ao vosso Governador do Banco de Portugal, um vencimento anual que é quase 3 vezes mais que o do Governador do Banco Federal dos EUA.

- Um país que é capaz de cobrar o Imposto sobre Ganhos por adiantado e Bens Pessoais mediante retenções, necessariamente tem de nadar na abundância, porque considera que os negócios da Nação e de todos os seus habitantes sempre terão ganhos, apesar dos assaltos, do saque fiscal, da corrupção dos seus governantes e dos seus autarcas. Um país capaz de pagar salários irreais aos seus funcionários de estado e da iniciativa privada tem que viver bem à custa de não sei quem.

- Os pobres somos nós, os que vivemos nos USA e que não pagamos impostos sobre o ordenados e ganhamos menos de 3.000 dólares ao mês por pessoa, isto é mais ou os vossos 2.080 €uros. Vocês podem pagar impostos do lixo, sobre o consumo da água, do gás e da electricidade. Aí pagam segurança privada nos Bancos, urbanizações, municipais, enquanto nós como somos pobres nos conformamos com a segurança pública.

- Vocês enviam os filhos para colégios privados, financiados pelo estado, enquanto nos EUA as escolas públicas emprestam os livros aos nossos filhos prevendo que não os podemos comprar.
- Vocês não são pobres, gastam é muito mal o vosso dinheiro.
- Vocês, portugueses, não são pobres, são é muito estúpidos!"

E lá tive que engolir em seco...

12.1.11

Seis vírgula setenta e um de juros sobre empréstimo a dez anos é "boa" notícia?
Não me parece.
Como diz um amigo meu, o FEE mais o FMI estão mortinhos para virem passar uns tempos em Portugal.

De qualquer forma, fomos ouvir e ver uma opinião anterior sobre as medidas que permitiram baixar uns décimos dos juros que Cavaco elege como "as coisas não estão a correr mal".