28.9.04

Bom dia!

Esta semana, este espaço vive em estado de

Não se promete brevidade.


26.9.04



Faz tempo que não vou à praça.
Vai ser hoje!

A ida à praça, uma expressão popular portuguesa tão em desuso, é uma enriquecedora viagem às nossas tradições mais profundas e emblemáticas.
Iniciando, com passo lento, logo à entrada, a visão e o olfacto são espicaçados pelas cores diversas dos frutos e legumes dando ao ambiente aquele cheirinho tão agradável de tudo quanto é fresco.

Um odor característico invade toda a minha memória de menino.
As vendedeiras, com aventais garridos e de idade avançada, recordam-me as varinas do meu tempo desenhadas nas sombras do Tejo percorrendo as ruas da zona do Cais do Sodré onde eu brincava.
Os pregões foram substituídos por pedaços de cartão com preço afixado em gatafunhos do tempo da não escolaridade obrigatória e não há quem grite “ó viva da costa” nem “quem quer figos, quem quer almoçar”. O velho escudo deu lugar ao euro dando uma imagem europeísta que não se tem na “ida à praça”. Podem continuar a mudar o sistema, mas nunca mudarão as características singulares dum povo mercador por natureza.

Infelizmente, mantêm-se os pedintes. Agora, dolorosamente acrescentados, por gentes ainda mais pobres oriundos sabe-se lá de onde. Nas balanças pesam-se peras Rocha e laranja Dalmau não se sabendo, exactamente, se a proveniência continua ribatejana ou do Alentejo, fazendo esquecer aquelas gentes que vivem dias conturbados. As maçãs vermelhas do hemisfério sul abundam e vincam a concorrência existente com a comunidade europeia. Proliferam nomes de produtos a que ninguém passa cartão: Smith, Royal ou Gala são exemplos. Navel, Comice, Encore ou Ortanic não aquece nem arrefece. O que importa é comprar pelo mínimo custo tudo o que se puder, de superior qualidade.

Numa ida à praça, encontra-se de tudo: óculos de sol que já tivemos, gravatas listradas que ninguém usa, brinquedos com defeito que ninguém quer e fatos-macaco de zuzarte ou de caqui. Porcelanas da Índia, discos antigos, relógios-de-cuco e rolhas de cortiça. Descobrem-se tasquinhas feitas à mão onde se bebe morangueiro, amigos que já não víamos e a quem convidamos para almoçar, e o prazer de estar junto a este povo extraordinário sem blog para contar histórias já esquecidas.
Só não vi os costumeiros beijoqueiros dos políticos em campanha, nem a Rosinha. A dos limões.

25.9.04


Image of the Teresa

Desabafos sabáticos
(ou o que me apetece fazer por vezes)

Num ano e tal desta brincadeira (entenda-se blogs) aprendi de tudo um pouco e já é cansativo dizer que arranjei amigos. Virtuais. Ilustres. Companheiros, camaradas e compinchas com quem nunca tive o prazer de beber um copo, jantar, jogar às cartas.
Podem ser poucos mas são bons.

Muitos deles, que bem que escrevem! Outros tantos, ou mais, que escrevem bem. Coisas giras como se me estivessem a contar as peripécias da sua própria vida na esplanada do café, na sala de estar da minha casa ou num passeio de barco pelas margens do meu rio. Desses gosto mais. Sejam “eles”, sejam “elas”, e tenham a idade que tiverem.

No entanto, há coisas que não percebo (mentira, percebo muito bem mas não quero dar o braço a torcer) dando como exemplo os blogs de outros países onde qualquer gato-sapato tem, à primeira vista, reciprocidade garantida. Seja ela fútil ou utilitária – no sentido literal do adjectivo.

Continuo a convencer-me que Portugal e os portugueses não são mais nem menos do que outras civilizações e culturas. Há blogs de criatividade e génio. Temos artistas e poetas, escritores e cientistas, crianças e professores, jornalistas, doutores e gentios que escrevem livros. Temos ordinários cultos e políticos, sábios egocentristas, gordos, magros e fadistas.

Mas os blogs portugueses são isso mesmo: vilas e aldeias pouco abertas dentro da cidade, um pouco perdidos no país e sem rumo certo neste mundo. A prová-lo ficou a volta que dei naquele dia 16: demorei dois dias a clicar nos links que tenho expostos ali ao lado (que não são assim tão poucos) para deixar uma palavra ou um bom dia. Retorno ao acto e efeito? Quase nicles.

Ter poucos ou muitos visitantes não faz de mim melhor, ou pior, pessoa. Sei no que me meti e não vou mudar por isso. Mas sabendo que um “hoje fui levar a filha à escola” possa ter vinte e três comentários ortodoxos, e pouco atraentes, comparado com a exposição duma nota angustiada dum blogger que a transmite, e que espera uma palavra estimulante, de amigo, possa ter apenas dois é que me deixa mal disposto.

Coisas minhas. Não façam caso.

23.9.04



Dia 23

o meu outro lado da vida
a minha fortuna e sorte
o meu amor

"Quand il me prend dans ses bras,
Il me parle tout bas
Je vois la vie en rose,
Il me dit des mots d'amour
Des mots de tous les jours,
Et ça me fait quelque chose
Il est entré dans mon cœur,
Une part de bonheur
Dont je connais la cause,
C'est lui pour moi,
Moi pour lui dans la vieIl me l'a dit, l'a juré
Pour la vie.
Et dès que je l'aperçois
Alors je sens en moi
Mon cœur qui bat."


22.9.04



À mão? Só o bacalhau!


Há mãos que tudo fazem e outras que fazem tudo.
Mas esta é mão de mestre. Esta é a mão de todas as mãos que nos envolve e afaga. Que nos torna únicos e nos transporta para os abatjours da lucidez e do bom senso.
Quem mais Alegre nos poderia lembrar que “Com mãos se faz a paz se faz a guerra. Com mãos tudo se faz e se desfaz. Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.” ?
Quem mais nos faria recordar Rafael, de engenho e arte, que faz ainda hoje perdurar as mãos dum povo agarradas à faiança destas Caldas?

À mão tudo se faz.
É à mão que se fazem os bordados e sandálias rasteirinhas. Filigranas e camisinhas com motivos abstractos. É na mão que se reza o terço e se reparte o pão.
A “punheta de bacalhau” é feita à mão assim como as colchas e os tapetes de Arraiolos. Foi à mão que Camões andou por mares nunca dantes navegados e foi à mão de semear que Arquimedes descobriu as leis da alavanca e da roldana.

Quem mais nos faria ter presente que foi à mão que Pessoa descobriu não ser quem era e que alma tinha? Quem mais nos daria a certeza de que é à mão que se labuta quando se nasce filho da outra? Quem mais nos mostraria que é à mão que esta fada nos inventa?
Maria do Carmo Félix da Costa Seabra
A nossa ministra da educação que foi feita à mão.

21.9.04

Será?

Será que é hoje que esta senhora conseguirá fazer publicar as listas de colocação dos professores mesmo antes de se demitir?

Nada melhor que ir dando uma vista de olhos no

Pode ser que aconteça um milagre.

20.9.04



- Ainda te lembras dos tempos em que não havia blogs?
- Claro! Não se fazia nada à 2.ª feira e ninguém se preocupava se o Haloscan ou o sacana do TagBoard funcionavam ou não. Fosca-se!



Pois é. Dia de sapateiro.
Onde se nota um semblante mais sorridente nos bons chefes de família. Dia em que o primeiro-ministro está mais atarefado em condecorar Carlucci do que se preocupar aonde pára a Joana. Saber da boa prestação do Carlos Ferreira que já fez subir a bandeira deste Portugal Deficiente e a Vanessa que já se desforrou ao conquistar a Taça do Mundo no triatlo. Mas é dia sem solução para salvar gente atacada de Leptospira (ali há rataria) em Ponte de Lima.

Ainda assim, resta a esperança dos Burros de Trás-os-Montes como alternativa terapêutica para pessoas com deficiência. Se, pelo menos, os burros de Lisboa servissem…

Mas é 2.ª feira. Ainda a semana é uma criança.

19.9.04



Depois desta grande volta encontrei de tudo. Faltou-me só descobrir o paradeiro do Bagão Félix.
Se o encontro...
(o gajo que não me diga que é do Benfica desde pequenino)

16.9.04

Olhe, pssst, faxavor…

O que é que está aqui a fazer? Não sabe que fui ver o Benfica, tenho que me actualizar nos blogs e até sou capaz de estar no seu neste momento?

Apareça quando eu terminar de dar a volta, s.f.f.. Hoje não!


15.9.04



Aviso sério

Chamo a atenção de quem (ainda) tem pachorra para perder aqui o seu tempo, para a fotografia deste meu precioso par de jarros: o João e a minha Gina. Não é por nada, mas se os reconhecerem na estrada afastem-se ou encostem. Imediatamente.

Ainda parece que foi ontem que andava com ela ao colo e já tem a sua vida quase organizada. Casa, emprego, noivo e sonhos bonitos para o futuro. Netos para eu aturar, incluídos.
Hoje fez-me “outra” : ficou bem no exame da carta de condução.

Tou a avisar!

14.9.04



Coisas que são DIFÍCEIS de dizer quando se está c’os copos:
- Indubitavelmente
- Preliminarmente
- Proliferação
- Inconstitucional

Coisas que são MUITO DIFÍCEIS de dizer quando se está c’os copos:
- Especificidade
- Transubstanciado
- Verosimilhança
- Três tigres

Coisas que são IMPOSSÍVEIS de dizer quando se está c’os copos:
- Eu, bêbado…?
- Chega, já não bebo mais!
- Boa noite, seu guarda. Uma bela noite, não?
- Tá bom, tá bom, desculpa... eu sei que tou a cantar alto

13.9.04



Pensamento da semana:

"Se ainda não encontrou a pessoa certa, divirta-se com a errada."

7.9.04

RadioBlog - sessão experimental

Hoje temos música e não só. Sempre quis fazer um programa de rádio no sacana do blog e já se disponibilizou uma fã. Incondicional.



Começa às 10!



Bom dia, Bem-vindos ao RadioBlog.
Começamos com as notícias da manhã, salientando o pesar pelo massacre de Berlan e um novo escândalo financeiro. Desta vez em Frankfurt.


A seguir não deixe de ouvir Aztec Camera.

Não é exagero dizer que os Aztec Camera são Roddy Frame, um guitarrista/vocalista e "compositor de canções" oriundo da Escócia, que, ao longo da carreira, conseguiu criar um pop original, sofisticado e ecléctico.


ACABOU O HOMEM QUE MORDEU O CÃO NA BEST ROCK FM, diz-nos Jorge Silva.
E explica porquê.

(entretanto vou ditando umas "palavras mágicas" para fazer subir as audiências)
Lésbicas, Sharon Stone, assassínio de John Kennedy, Sexo anal, leitura de banheiro, Happiness Past, O Viagra e as putas e coisas assim. Talvez pegue.


Acabei de saber pelo Jornal Rádio que a Mega FM faz 6 anos hoje. Os meus Parabéns.


Magalhães Crespo, administrador da RR presumo, deu uma entrevista ao Público. Pode ler aqui.

.
Toda a gente ouve Rádio. Nem que seja quando aproveita o semáforo vermelho.
Qual o tipo de rádio que faz a sua preferência?
Quais as rádios que mais ouve?


O Francisco Amaral disponibiliza, na sua Íntima Fracção, a audição da sua colectânea de Outono, os vinte anos de aniversário e o Verão 2004. É só clicar na figurinha.

No entanto, se pretender saber mais sobre A História da Rádio em Portugal não se perca em pesquisas que levam tempo. Tem aqui mesmo, à distância de um clique.
Na Telefonia sem Fios ou nos Clássicos da Rádio. A escolha é sua.

Depois das 18:00 vão passar aqui os artistas da sua preferência. Até lá, peça que a gente passa.
Não sem antes de ter sabido que o Henrique Silveira teve o privilégio de ouvir Giulio Cesare in Egitto, de Antonio Sartorio. Parecia-me bem que a Rádio em Portugal tivesse a componente de divulgar em maior escala a música clássica. Mas para grandes males, grandes remédios. Pode ouvir aqui o Act 1. Digo eu.


Há por aí blogs que, como diz o Ginger ale, são para ler com as colunas ligadas e até podiam fazer parte deste "programa de Rádio" (hehe...). Saiba d'O Áudio Escravo e d'A Trompa. Além do Ginger, claro.


A Guerra dos Mundos

Em minutos a América está em pânico. Pessoas, histéricas, ocorrem aos hospitais, telefonam para as esquadras de polícia. Naves espaciais são vistas em Buffalo, Chicago, St. Louis e outras cidades das terras do Tio Sam. Com os nervos à flor da pele, os americanos entraram em derrapagem emocional. Tudo porque Orson Wells se lembrou de realizar um programa de Rádio diferente. Transmitido no Mercury Theatre on the Air, War of the Worlds constitui o mais emblemático exemplo da força da Rádio.

Acabo por aqui.
Eu diverti-me e só me resta agradecer a oportunidade de ter imensos recursos para o fazer com a preciosa ajuda de quem mencionei por aí. Também agradeço a todos quantos aturam as minhas maluquices e me ofertam o respectivo desconto.

Boa noite!

6.9.04



Bom dia!


Hoje temos:

- Tou…
- Sou eu. Liguei para te dizer que hoje não nos podemos encontrar. Tenho o lançamento do livro…
- Olha, toma cuidado que o meu marido já anda desconfiado. Ele é capaz de tudo…
- Eu sei… eu sei… mas vou desmentir isso tudo.


(notícia na foto)


e...



Emídio Guerreiro faz hoje 105 anos. Lembro-me dele dos tempos da LUAR. Depois perdi-lhe o rasto.

Dois depoimentos recuperados...

Do outro lado do mar...

Saiba porquê...


S. Silvestre

Os orkutianos têm reservada uma surpresa para o final do ano. Esperem pela pancada!

2.9.04


A Internet faz hoje 35 anos. A Linguagem das Flores já fez.
Bonita idade para quem, como eu, só tem dois anos de computador.
A notícia podem ler aqui mas os desenvolvimentos, e a fonte, foi em Jornalismo e Comunicação. Só para que conste. A idade da Net, claro. A da Jacky não digo.

É caso para dizer: Parabéns a nós!

(um brinde acompanhado com um pequeno trecho musical daquele tempo)

1.9.04

O conflito do Cáucaso do Norte continua


Mais uma crise que preocupa. Que raio!


Quer se esteja de um lado ou do outro nunca, mas mesmo nunca, nos meus tempos de terrorista se aproveitava as crianças como moeda de troca ou alvo. Havia um código de Honra. Mesmo que as formas de luta fossem contestáveis.
Até nisso, os tempos mudaram e já não se fazem "terroristas" como eu.
Bom dia!

Estou de…

para a desorganização desta vida organizada.

Vou actualizar-me e já cá venho.


Paisagens de Portugal

Foi o tempo de ir dar uma vista d’olhos pelos blogs - já tinha saudades desta brincadeira - mas é impossível, neste curto espaço de tempo, saber todas as novidades destes últimos dias. Portanto fui buscar o meu bloco de apontamentos e, sendo assim, conto eu as minhas.

O Portugal aonde fui está bonito, está ameno, mas tende a envelhecer e a zangar-se. Existem lugares maravilhosos onde se podia estar melhor; quer em qualidade, quer em segurança. Não bastam meia dúzias de pessoas com boa vontade à frente dos destinos dessas terras se o Poder Central nada fizer para que essas realidades se alterem. As praias são uma delas.

No Povo, por um lado, nota-se-lhe um ar de infelicidade e tristeza quando acorda. Com o decorrer do dia, vão ganhando esgares mais risonhos na aproximação à hora do almoço mas continua a tentar disfarçar a sua angústia entre um copo de vinho, um petisco ou uma caneca de cerveja pelo decorrer da tarde. À noite é pior: se não fossem as festas do mês de Agosto, mais a companhia dos que lhe são queridos e que labutam em terras estranhas, eu diria que atingia a nostálgica solidão de abandono.

Nas estradas, a realidade está pintada de gente parva que se julga "schumacher hipólito da silva". Mesmo que o meu ponteiro indicador de velocidade atinja os 120 nunca ficam satisfeitos. Pedem mais. Pior: exigem que ultrapasse os números que o meu carro não tem.
Tenho pena destes gajos, mas mais pena tenho dos que ficam pelas estradas do país por culpa deles.

E por agora é o que há cá, hehe… os meus agradecimentos a todos quantos por aqui passaram com o seu testemunho registado.