30.9.05

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Nunca desejei que este meu diário fosse de cariz político nem técnico, poético ou enciclopédico. Muito menos referencial. Supus até que a família, e mais dois ou três ilustres visitantes e amigos virtuais, compusessem o ramalhete para não estar aqui a escrever para o boneco.

Tal e qual como a Rosinha Ferreira Torres fez com o marido: escreveu-lhe os hinos para a campanha sem ele dar por isso.
Também acho estranho a Fátima Felgueiras estar à beira de conseguir uma colocação estável neste mundo difícil de colocações, quando uma das minhas filhas anda à rasca para tentar arranjar trabalho. Ela que até é uma rapariga certinha, casadinha de fresco, com os impostos em dia e nunca sequer fugiu de casa.

Outra das coisas que me preocupa é a questão dos projectos dos candidatos. Logo agora que estou rodeado de engenheiros. Daqueles putos novos com visual Nick Cave e muito soft como o meu vizinho da frente quando era novo, estão a ver? A gente olha p’ra eles e lê-os detalhadamente. E a primeira reacção é a do sketch do RAP: “Èpá e tal, sim senhor…”

Mas os portugueses têm a memória curta e mudam de opinião enquanto eu troco de camisa. Basta ver pelos barómetros da Marktest/TSF/DN quanto às sondagens atribuídas hoje: o PSD vencia as eleições se a malta votasse amanhã.

Até me apetece dizer: este país é tão mesquinho e pequenino que até no tamanho do primeiro-ministro tem que se rever.

Olha!... vou jantar, ler um pouco de Manuel da Fonseca e ver o Belenenses na SporTV.

28.9.05



"Azar dum cabrão..."

era, digamos, uma forma que alguns alentejanos encontravam para afugentar a sorte adversa. Talvez até renegar a sina madrasta e clamar por qualquer santinho em que pudessem acreditar para que viesse em sua ajuda.

Eu nunca fui muito dessas coisas, mas há uns tempos p'ra cá que tenho tido um azar dum cabrão. E como não tenho santinho a quem me ajoelhar coloquei uma ferradura como amuleto para ver se "isto" passa.

Costuma dizer-se que não se acredita em bruxas (e em outras forças ocultas)... mas que "lás ai, lás ai!"

26.9.05

à 2.ª feira...





é o que por vezes apetece dizer ao primeiro-ministro, ao presidente da junta ou até à própria vizinha do 3.º andar.

Mas no espaço que os blogs ocupam, isto funciona mais como brincadeira. Senão vejamos:
Estamos rodeados de gente que sabe umas merdas. Escrevem para os jornais, alguns com lugares públicos, editam livros e fazem amor à descarada como eu. Há até quem fume um charro durante a edição dum post, esvazie uma garrafa de Bourbon enquanto o diabo esfrega um olho e continue a lutar por um mundo melhor. Tanto em IE como em Firefox.

No entanto, fica-me a dúvida de que muito poucos andam na rua. Não sofrem as verdadeiras realidades dos serviços públicos, da vida que os portugueses levam, nem estão sujeitos à perigosidade de ter que se deslocar a Chelas ou andar no meio da noite pelo Alto da Ajuda quando se pretende apenas ajudar a colmatar dificuldades. Não fosse a figura, o à-vontade e a prosápia do meu ar de cigano, há muito que tinha ido desta p’ra melhor na Cova da Moura ou na Musgueira. Quiçá até no Fim do Mundo. (algumas das nossas favelas)

Não sendo Prémio Nobel da Paz, sempre defendi que um blog pode ser o que se quiser: um baptizado, um palanque ou casamento. Um filme, uma esplanada onde se vê gajas boas a passar ou apenas uma forma de se estar com os outros.
Mas já que ninguém dá o número de telemóvel para conversar sobre a iniciativa duma luta armada, assaltar bancos, rebentar como umas coisas que eu cá sei ou emprestar dinheiro para ir beber uns canecos, acho que vou ter que arranjar outra forma de combater a continuação desta paródia nacional que - mais uma vez ( uma vergonha pegada) - se avizinha.

É que os 25 de Abris não se fazem a pedido nem têm hora marcada. Muito menos quando se está a ver a barriguinha a crescer. Há qualquer coisa incompleta...
Daí, estar a pensar na fórmula CH2(NO3)CH(NO3)CH2NO3) .

Por isso, “Isto só vai à porrada!” – dizia o Carlos Antunes, faz tempo.
Ao som do "eles comem tudo e não deixam nada". Enquanto isso acabou-se-me o Monte Velho.
A ver se abro uma Nobre Colheita 94 na próxima vez que aqui vier.

23.9.05



Um dia que nos seja especial tem sempre uma história para contar.
Contém segredos. Murmúrios cegos. Sinais que só o mar sabe de cor.

Num aflorar de esperança neste tempo escasso que nos resta, qualquer dia especial tudo pode transformar.
Pode até tornar algumas rimas e olhares diversos, em alquimias que tarde ou nunca se poderão dizer ou explicar.

Mas hoje é mais um dia de as poder contar.
Pelos dedos destas mãos por onde o sol passou. O vento uivou.
Nas alegrias e tristezas em que a vida de cada um se transformou.

Pode parecer um dia vinte e três como outro qualquer, nestas folhas ilustradas que marcam tempo. Simples e modesto como sempre foi. Assinalando apenas mais vinte e quatro horas de dias sempre iguais.

Não é o caso deste, minha amiga.
Minha amante.
Meu amor.

19.9.05

Recuperando a moda dos post's curtos

"Hoje estou cá mas não estou!"

Encontro-me (ainda) no encerramento da Cimeira da ONU a resolver problemas da Humanidade que não ficaram devidamente esclarecidos.


Quando de regresso darei uma conferência de imprensa para clarificar alguns aspectos.
Não sem antes fazer escala em Berlin para ter uma conversa séria com Angela Merkel e Gerhard Schroeder sobre o falhanço do maior passeio canino do mundo para o Guinness World Records em Monsanto, Lisboa.
2840-440 Portugal.

16.9.05



Um olhar sobre a Cidade...

A minha.
Onde por obra do destino terei nascido.
Criado de ruas mal-afamadas e de vossas excelências, eis que surge a oportunidade de a ver de perto antes de nascer o dia. Está diferente e anda triste, a minha cidade. E quão penosas estão as almas que por cá vagueiam. Pálidos rostos, esgares cansados, nenhum sorriso.
Cinzenta. Suja e apertada. Com pedras e rugas, uma desgraça. O meu jardim transformado subterrâneo. Feito para coisas que andam mais depressa. Sem Graça.

Dessas almas e desgostos, ninguém nos dá bons-dias.
O passo curto dos ponteiros do relógio troca o Paço. O do Terreiro.
Os amarelos da Carris estão difusos. Transtornados e obtusos. E choro. Convulso.
Faltam-me varinas. Ardinas. O leite vendido a retalho e o café com pão. Fresco. Estaladiço como D. Sebastião.
Faltam-me odores. Alfamas e outras mourarias.
Cores. Beijos e abraços. Mais fantasias.
E fujo. E escondo. A amargura de ter por dita a minha sina. Do fado. Deste rio que viu nascer a liberdade.
E tremo. E julgo. E digo.
Que mais traições terá minha cidade?


Então sou ou não sou doutor? (lá dizia o Vasco...)

13.9.05



Alteração

Nestes últimos dois dias a minha vida profissional levou uma volta.
Constatando das inovações, das novas tarefas e de mais trabalho (logo, menos tempo para os blogs), cheguei à conclusão que irei auferir como salário a mesma coisa ou talvez menos. Quer dizer, parece-me que andei de cavalo p’ra burro.
É ou não motivo para estar alterado?

11.9.05

11 de Setembro?

Lembro-me, sim senhor.



"Dois amantes felizes não têm fim nem morte,
nascem e morrem tanta vez enquanto vivem,
são eternos como é a natureza."

Pablo Neruda

10.9.05

Está feito o prometido!


Talvez um dia explique como é que se joga à bola p'ra ganhar àqueles gajos. Hoje não!
Então é assim:

se o Glorioso ganhar hoje em Alvalade, (21:30 na cadeira 223 ou no sofá nº. 1 cá de casa) faço aqui uma festa d'arromba.
Se o inverso acontecer, também faço festa. À gata, coitadinha, que não tem culpa daqueles gajos ganharem mais do que aquilo que ela come.



Vou estando por aqui


Entretanto, o Piscoiso costuma dar estas coisas em directo. Vamos ver se o Coirato está operacional...

6.9.05

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Ando só a arrumar umas coisas e a verificar se está tudo operacional.
Como não me apetece pensar em coisas tristes, vou andar por aí.
Mantenham contacto e a chave no sítio do costume. O resto é comigo.

1.9.05


Ladys annnnnnnnd Gentlemans!: Estão de volta os dinossáurios excelentíssimos!



Quer um, quer outro, em excelente forma.


* Nota do editor: De modo algum se quer aqui menosprezar o valor, a sapiência, uma vida recheada de experiências de tantos outros que por muitos anos já passaram e que sempre incentivaram a juventude a definir as suas próprias escolhas neste círculo curto que é a vida de todos nós.
Mas não abusemos da sorte. Nem da paciência de quem já fez cinquenta anos e já não acha graça a palhaçadas destas.


* gifs retirados do Dinho.