17.5.11

De que é que tens saudade?...

… é uma pergunta que se arrasta pelos meus lençóis adentro, faz algum tempo. Está escrita na parede onde os meus olhos adormecem. Temo é o saber dum chegar ao fim, sem ter balanço e acta escrita, nestes cinquenta e sete degraus que já subi. E entre altos e baixos, a pergunta renitente que me assola, resiste ao que não queria responder: “De que saudades tens?”.

Primeiro que tudo, tenho a saudade de ser menino. Da minha Mãe e do meu Pai. Da minha primeira bola. Dos amigos da minha primeira infância. Da minha escola. Tenho saudade de coisas que nem sequer me lembro, mas sei que as vivi.

Ter a saudade por perto, é um enorme desafio. É uma memória, menina e traiçoeira, que reaviva os nossos passos. O percurso pelo qual todos nós passámos e que, por vezes, temos a ingrata sugestão de não os recordar por qualquer motivo.

Não me importo de divulgar quanto gosto do mar e de mulheres bonitas. Do meu país e do meu povo. Tenho saudade do meu rio e da minha cidade onde me banhava e me apetecia. Dos meus jardins preferidos que dá à cidade de Lisboa outro encanto. Tenho saudade de vender jornais e revistas do meu tempo, que agora neles e nelas sub-escrevo. Fico com a saudade da vida, onde há um fado da Maria da Fé, que diz ter valido a pena a ter vivido.

Outras saudades me restam, já mais adultas e em primeira fila: os meus filhos e a Mãe deles. Quem sabe, um dia, podem lembrarem-se de mim.

3.5.11

Dia da Mãe

Mesmo que atrasado em relação a um calendário que regista a nossa passagem pela vida, o Dia da Mãe não tem hora marcada. Não tem hora certa nem dia castigado, mas sim lugar cativo. E é isso que faz com que todas as Mães sejam especiais. A minha, a tua, a dela e a dele.

Eu, que nunca fui Mãe, tenho um especial carinho por todas elas. Porquê? Porque à primeira vista, dá-nos a sociedade activa de que tanta gente fala, visualizá-la como um ser frágil. Um segundo plano num painel dum filme em três dimensões que imaginamos. Uma paisagem onde nos sentimos retratados, como filhos dela – a Mãe.

Mas a Mãe de qualquer pessoa que esteja a ler o que publiquei, sente que não é bem assim.
Mãe é amor. Carinho. Protecção. Forte nos dias de chuva. Emotiva nos dias de verão. É um aconchego na chegada e um sufocante adeus na partida.

Fiquei sem a minha, faz tempo que a memória não apaga. Cuidai das vossas e dai-lhos o carinho que elas merecem. Antes que seja tarde. E se arrependam depois, num minutinho só, que lhe não possam dispensar enquanto vivas.


(eis ela, alegre e sorridente como sempre foi, com a minha filha, que tornou a nossa vida mais risonha. Tal e qual como qualquer Mãe nos faz sentir.