5.4.12

5 d'Abril



Por muitas efemérides que possamos celebrar – e fui um tarado coleccionador das ditas nos anos 70 – o casamento - ficará sempre gravado como um triunfo, um troféu, um chegar a não sei aonde, que nos coloca num patamar de desilusão ou sucesso na procura de uma independência que pode ser fatal nas nossas vidas ou até não.

Talvez por isso, hoje em dia ninguém se case aos vinte. Quanto muito, têm assim uns arremessos, umas ligeiras interrogações, mas não se aposta. É financeiramente perigoso e arriscado. A não ser que qualquer dos pais garanta estabilidade eterna ou um dos padrinhos seja bué da rico onde as propriedades abundem e outros recursos salvaguardem qualquer contratempo. Não tive nenhuma dessas contrapartidas, mas o Abril anterior deu-me esperança.

E assumi o dia. Nervoso. De cabelo aparado a meio das costas e fato na modernidade à-boca-de-sino como se fosse partilhar na reconstrução dum país novo. Não me assustei e mandei-me de cabeça a dizer SIM.,
E orgulhosamente só, no meu propósito casamenteiro, tenho vaidade nos filhos que a companheira que escolhi para as nossas loucuras me deu durante todos estes anos que passaram. Nela ainda muito mais.

Nestes trinta e sete anos que celebro agora, e que recordo com muita nostalgia, posso afirmar a esta distância temporal que não casei por amor. Casei completamente apaixonado.