24.12.06



A esta hora já ninguém passa por aqui.
Mas de qualquer forma, este ano fiz um propósito: não mandei nada p'ra ninguém. No entanto, hei-de dar a conhecer tudo aquilo que me enviaram. Só porque este ano achei mais graça comemorar a data na mesma altura dos espanhóis.

Até lá!

23.12.06



Hoje é dia 23

Apetecia-me plantar a maior árvore de natal do mundo. Gostaria de contar a mais bela história, pintar um quadro repleto de cores que ninguém tem, e desenhar todas as caras de corações que ninguém vê.
Apetecia-me sonhar com outro mundo. Ter notória a percepção de estar aqui. Sereno e solto, rodeado por um mar de azul onde os sonhos e os encantos ultrapassam qualquer fronteira.
Sabia-me bem reviver a criança que não fui. Soletrar poemas que não fiz. Cantar canções alheias, com vozes que nunca me saíram da cabeça. Hoje, apetecia-me virar o bico ao prego. Degustar melhores momentos e ter em mãos uma tarefa que ninguém saiba poder fazer. Mas não posso! Tudo à minha volta serpenteia em alvoroço. Quase tudo se transforma em atrapalho das coisas que prefiro não esquecer.

Só tu, Maria, consegues alterar o rumo ao meu sentido. Mudar a voz da minha rota, e libertar outros tempos que não voltam.

20.12.06



Durante alguns dias, grande parte dos blogs fica em stand by. Compreende-se. Compras de última hora, a azáfama nos preparativos para a festa da família e coisas assim. O meu não foge à regra e, para o caso, já tinha elaborado um discurso faustoso, feito de muitos blá-blás, para transmitir em palavras escritas de ocasião, o que quase toda a gente diz por esta altura.

Mas, em mais um ano que passámos juntos em leituras, trocas de mimos e coisas que tais nas partilhas virtuais de outros adornos amigáveis, optei pelo simples desejo que tenham uma quadra festiva do vosso agrado.
Não que seja penoso ou chato poder ter optado por esta outra forma. Todos merecem mais. Muitos merecem tudo.
Por isso, tomara poder estar no aconchego do vosso lar. No seio da família que os rodeia. Entre sólidos laços que nos unem, caso me aceitem como um dos vossos.

Simplesmente vos desejo um Bom Natal, e que 2007 vos traga tudo quanto desejam.
Porque de qualquer maneira, a gente vê-se por aí.

17.12.06



Crónicas festivas (3)

Por esta altura do ano, mesmo o mais macambúzio dos seres humanos, ninguém fica indiferente ao Natal.
Das formas mais diversificadas, todos os pensamentos vão desaguar na quadra natalícia. É nesta altura em que se disponibilizam cinco minutos a quem não vemos o resto dos dias. É nesta altura em que se faz gato-sapato das dietas e nos mascaramos de bons samaritanos. É nesta altura em que toda a gente apela à tranquilidade que nos falta durante os outros meses.

E o drama da questão reside precisamente aqui: todos sabemos disso e todos os anos se repete a dose.
Ainda nunca ninguém pensou prolongar definitivamente o Natal?

12.12.06


Crónicas festivas (2)

É costume por esta altura do mês alguns blogs realizarem variadas iniciativas animadas no sentido de um balanço geral do ano que está prestes a findar. Não tenho nada contra, nem nunca tive. Algumas até são engraçadas e divertem. Mas uma coisa é o balanço, o baloiço e o critério onde se agitam, e uma outra é serem levados a sério.
Tal como Sócrates garante aos portugueses boas notícias, eu não me esforço tanto nas estimativas dos promotores de tais iniciativas. Talvez por pequenina maldade. Talvez porque os meus genes são quase cem por cento alentejanos.
E o engraçado da coisa reside precisamente aí. Não no facto geográfico da região mencionada, mas na simples constatação de quem pretende avaliar os outros não se conhecerem de nenhures. Ou talvez sim...

Corre por aí “Os Melhores Blogs de 2006”. Até aqui tudo cool. Só que na primeira leitura que fiz aos resultados já apurados, soa-me a leviandade e subordinação. Lembro-me perfeitamente do meu primeiro post à quase quatro anos que tinha a ver como se iniciaram os bloggers. Recordo ainda com mais prazer aquele que referia as novas descobertas e a devida divulgação de pessoas que continuam a escrever para agrado de quem, na leitura, lhes é fiel. E nenhum deles, provavelmente por descuido ou limitação de metros quadrados nos indicadores de referência, está lá.

A mim, por exemplo, já me aconteceu ser considerado “O Melhor Avô dos Blogs” pela Jackie, “O Mais Assíduo” pela Emília, e ganhar um prémio, que agora já não me lembro, por ter sido o visitante número não sei de quantos zeros, pela Catarina. Tive sorte e ganhei estima. Mas agora essa dos “melhores” blogs deixa-me frustrado. Primeiro, porque nunca seria capaz de ser um deles. (e a quarta classe arrancada a ferros é sempre um entrave). Segundo, porque os blogs são tudo aquilo que o seu autor quer que ele seja, mesmo que a avaliação possa ter razão de ser.

Um blog pode ser uma dor de cabeça. Um alçapão. Pode ser um filme, um pedido de auxílio, uma serenata. Um bom blog pode tornar-se até num péssimo programa de entretenimento televisivo na RTP1, um sucesso de vendas ou numa ressaca. Mas tentar considerar “Melhor” qualquer blog, não. Eles são todos bons.

11.12.06


Crónicas festivas (1)

Está na hora de iniciar o que a singela criatura indica.
Tem alguma ideia do que vai receber neste Natal?

Quando se passa a barreira dos cinquenta, no meu caso, a vitalidade nas coisas importantes da vida que levámos esmorece um pouco em qualquer área onde nos quisemos impor. Seja em sexo ou álcool, droga ou poesia, política ou luta armada. Os que sobrevivem às consequências nefastas que quaisquer delas provocam quando em exagero, não o negam. É da lei que o próprio mundo impõe.

Daí o estar mais preocupado em dar do que receber; como foi sempre apanágio nesta humilde criatura que rascunha na mediania em contra-baixo neste blog. No entanto, este ano a coisa está preta. Por muito que tente conseguir ganhar mais uns trocos, entre ajudado por dois braços que me abraçam e se coordenam, nunca vai dar para satisfazer as necessidades de todos quantos de mim mais perto vivem.

Não me basta morrer mais um traidor fugido à causa do que é nobre. Não me chegam os gritos aflitos das petições pelas causas da fome, da miséria e da vergonha, que qualquer sociedade que se diga digna, possa conseguir calar. Não me convence a promessa que justiça seja feita a tanto crime por julgar e a tanta mortandade a que assistimos.
São vírgulas e reticências a mais. São máquinas emperradas por olear. São pontos de exclamação sem respostas adequadas e são as merdas do costume que sentado no sofá não consigo resolver.

Sei muito bem que é Natal. Posso não ser é o pai dele.