12.12.06


Crónicas festivas (2)

É costume por esta altura do mês alguns blogs realizarem variadas iniciativas animadas no sentido de um balanço geral do ano que está prestes a findar. Não tenho nada contra, nem nunca tive. Algumas até são engraçadas e divertem. Mas uma coisa é o balanço, o baloiço e o critério onde se agitam, e uma outra é serem levados a sério.
Tal como Sócrates garante aos portugueses boas notícias, eu não me esforço tanto nas estimativas dos promotores de tais iniciativas. Talvez por pequenina maldade. Talvez porque os meus genes são quase cem por cento alentejanos.
E o engraçado da coisa reside precisamente aí. Não no facto geográfico da região mencionada, mas na simples constatação de quem pretende avaliar os outros não se conhecerem de nenhures. Ou talvez sim...

Corre por aí “Os Melhores Blogs de 2006”. Até aqui tudo cool. Só que na primeira leitura que fiz aos resultados já apurados, soa-me a leviandade e subordinação. Lembro-me perfeitamente do meu primeiro post à quase quatro anos que tinha a ver como se iniciaram os bloggers. Recordo ainda com mais prazer aquele que referia as novas descobertas e a devida divulgação de pessoas que continuam a escrever para agrado de quem, na leitura, lhes é fiel. E nenhum deles, provavelmente por descuido ou limitação de metros quadrados nos indicadores de referência, está lá.

A mim, por exemplo, já me aconteceu ser considerado “O Melhor Avô dos Blogs” pela Jackie, “O Mais Assíduo” pela Emília, e ganhar um prémio, que agora já não me lembro, por ter sido o visitante número não sei de quantos zeros, pela Catarina. Tive sorte e ganhei estima. Mas agora essa dos “melhores” blogs deixa-me frustrado. Primeiro, porque nunca seria capaz de ser um deles. (e a quarta classe arrancada a ferros é sempre um entrave). Segundo, porque os blogs são tudo aquilo que o seu autor quer que ele seja, mesmo que a avaliação possa ter razão de ser.

Um blog pode ser uma dor de cabeça. Um alçapão. Pode ser um filme, um pedido de auxílio, uma serenata. Um bom blog pode tornar-se até num péssimo programa de entretenimento televisivo na RTP1, um sucesso de vendas ou numa ressaca. Mas tentar considerar “Melhor” qualquer blog, não. Eles são todos bons.

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