26.6.05



Vai um chazinho?

À medida que vão passando os dias e as horas nos blogs o leque das vastas gentes que me fazem sentir mais culto, aumenta.
Quando comecei, era o tempo da conquista de um espaço já razoavelmente preenchido. Era o tempo da Guerra no Iraque, onde jornalistas que sabem inglês eram os craques. Existiam também os letrados e homens e mulheres das Artes, e alguns outros que faziam do seu dia-a-dia um prazer de contar coisas. Pessoalmente, nunca fui nem terei nenhum desses epítetos, mas gostava. Falta-me a Cultura. Falta-me o jogo de cintura para saber lidar com as palavras e com a vida. Também o tempo de os acompanhar de perto.
E o surgimento de bloggers em início de carreira faz com que com que se aprenda mais, se saiba mais, pelos papelinhos que tinham guardado nas gavetas. Das vivências que querem transmitir. Dos pensamentos e experiências que podem fazer passar e que torna o tempo que dispenso a esta brincadeira ainda mais escasso para me distribuir.
De facto, não sendo erudito e nome sonante que venha em capas de revista, é com imenso orgulho que dou conta de ter pessoas que me acompanham e me deixam uma palavra e um sorriso. Um aceno cúmplice e uma agradável descoberta quando os visito.
Pena é que os não possa ler todos ao mesmo tempo: um caos que procuro inutilmente. Mas vou fazer um esforço porque, aqui, como já se viu, não se aprende nada.

Bom dia.

23.6.05



Hoje é dia vinte e três. E como todos os dias vinte e três que comemoro, este, o do mês de Junho, torna-se particularmente especial. Porque, para além de ser a nossa data, é o dia de aniversário dela.
E eu não posso faltar. Por isso, hoje não estou cá.

*

21.6.05



Tá calor, não tá...?

* post gamado daqui. Gif incluído e tudo.

Entretanto, vou andar por aí,... descascado. Até que faça mais fresquinho.

*

19.6.05



Pai,
tu hoje fazes anos. Anos pardos de uma vida dificultada pela terra alentejana onde nasceste. Pelo país onde moraste. Pelos tempos que não escolheste.
Não te importes, meu velho, pelo que não conseguiste finalizar. Não te entristeças pelo que não conseguiste realizar. Ainda tens os filhos para o tentar fazer, e depois terás os netos e os bisnetos para te continuarem nos outros dias.
Mas este será sempre o teu.
Porque fazes anos hoje que nos deixaste, Pai.

*



17.6.05



Sou optimista por natureza mas tenho os meus momentos de nostalgia. Como quase toda a gente. Por vezes, olho-me para dentro sem precisar de espelho e interrogo-me sobre a vida. A minha e a dos outros que me são próximos. E da morte. Da morte súbita, da morte anunciada, daquela morte que faz com que qualquer um se sinta mal.

Vivi plenamente a minha juventude – ou o que isso queira dizer – recheada de aprendizagens novas e muitos disparates. Costumo até dizer que a vivi depressa demais. E quando nada nos chateia tudo corre sobre rodas. Vai-se vivendo e rindo, o que se julga ser a eterna juventude. Despreocupadamente aproveitada. Mas quando se obtém a realidade nua e crua dos números do bilhete de identidade, a coisa muda de figura. Quando vemos desaparecer ao nosso lado pessoas da nossa idade, ou muito próximo disso, pensa-se imediatamente que a próxima hora pode ser a nossa. Uma hora de que não tenho medo algum mas que me deixa já saudoso só de pensar nela. Nela? Eu disse Nela?

Então, antes que seja tarde, vem daí miúda. Vem com a gente. Anda viver mais um dia. Venham todos.

*

13.6.05



Dois homens, um só destino.
Igual ao que teremos todos.

Tu eras neve.
Branca neve acariciada.
Lágrima e jasmim
no limiar da madrugada.
Tu eras água.

Água do mar se te beijava.
Alta torre, alma, navio,
adeus que não começa nem acaba.

Eugénio de Andrade

Até amanhã, ou até um dia...

12.6.05




Hoje, 12 de Junho, a partir das 21h a cor dos trajes e as rodas das saias das 19 marchas participantes desfilam na Avenida da Liberdade. A Marcha Infantil “ A Voz do Operário” abre o desfile e a Marcha do Lumiar faz o encerramento. As restantes Marchas seguem a seguinte ordem: Mercados, que este ano se estreia pela primeira vez, Benfica, Bela Flôr, Mouraria, Ajuda, Alcântara, Alfama, Carnide, Castelo, Marvila, Graça, Bairro Alto, Alto do Pina, S. Vicente, Campolide, Bica, Madragoa, Olivais e Beato.

* Na minha rua toda a gente sabe que não tenho bairro. Sou do Campo de Santana, mais perto da Mouraria, mas Alfama é onde eu preferia ter nascido. Também todos sabem que não sou religioso mas o Santo António é o gajo dos meus milagres e que nunca falta aos bailaricos tradicionais. Por isso, vou começar a assar sardinhas.

* Tradições - Os Casamentos de Santo António. No entanto, as tradições já não é o que eram. Basta ler esta notícia para perceber que algo está a mudar. Cá p'ra mim, ou as mobílias estão a mudar de estilo, ou o António Abreu está a ficar muito branquinho.

Acho que vou pôr os tomates de fora. Uma salada apetece sempre...

* Como diz a Circe, "o povo anda tristonho, carago..." mas nada melhor que relembrar os nossos melhores momentos. Momentos esses quando nos parecemos mais como um povo dinâmico, inteligente, alegre, sofisticado, e com uma História de nove séculos que nem sequer seria preciso recordar. Sempre conseguimos sobreviver a todas as tragédias e desafios. Vivemos isso desde a batalha de S. Mamede, a perda do Reino em Alcácer-Quibir, o terramoto de 1755, o Regicídio de 1910 e o incêndio no Chiado, mais a entrada na CEE.

Pelo meio, tivemos Camões e todos os portugueses que fizeram pela vida. Somos Pessoa, Amália e Rosinhas dos limões. Temos bandeiras ao vento nas janelas, para demonstrar que somos com muito orgulho portugueses. Trabalhamos no duro, damos a cara e o coirão, e ao final do mês há um sorriso pouco rasgado aos nossos filhos e netos, mas continuamos a tentar fazer tudo por eles. Temos sítios do sim, do não, e sítios da puta que os pariu onde podemos desatinar.

Mas, fosca-se... de vez em quando sabe muito bem ter uma festa na cidade e recordar gentios porreiros que temos ao pé de nós.

Agora vou buscar o Caldo Verde e trazer uma convidada p'ra cantar o Fado.




Este espaço encontra-se em estado festivo. Mais desenvolvimentos... já a seguir.


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7.6.05



As Mulheres da minha vida

Estou a pensar divorciar-me das mulheres da minha vida. A sério! E o problema maior é que elas ainda não sabem e nem descubro a forma de lhes dizer, diplomaticamente. Estive a imaginar como é que vou separar-me do computador sentindo a falta daquela voz que diz “ migo, o jantar tá pronto!” quando estou precisamente a atingir o clímax virtual. Não me reconheço sem aquele telefonema do costume a questionar se o “Pai, está bem?” quando estou a meio de um jogo de snooker ou sem a mangerica mais velha que me alerta para a nova casa que vai comprar mais a sugestão que tenho para os móveis do T4 que vai estrear. Já não aguento!

As mulheres da minha vida atrafulham-me, atanizam-me, atrapalham-me, e fazem de mim o mais feliz dos homenzinhos em idade de ter juízo. E não era essa a ideia que eu tinha da velhice.
Ainda ontem tive uma mocinha cá em casa que, de radiante, me lembrou que fazia vinte e cinco anos. Só p’ra chatear. No sábado que vem, há-de aparecer outra gaiteira que vem logo atirar-se para o meu colo sabendo de antemão que ando à rasca da espinha. Antigamente era mais fácil prender-me às mulheres da minha vida. A Lídia Franco, a Edite Estrela e a Nastassja Kinski são testemunhas disso. Nunca as incomodei mesmo sabendo que as amava. Tal como a minha professora de Geografia. Uma açoriana rebelde e lúcida que ostentava umas medidas mediterrânicas elementares.

Tenho um dilema terrível e estou com uma dor de cabeça insuportável para decidir alguma coisa. Mesmo sabendo que daqui a bocadinho tenho que dar um saltinho às dos blogs.
É o que faz ter muitas Mulheres na vida…

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4.6.05



Postagens mais caras

Publicar textos num blog torna-se também, a partir dos aumentos anunciados pelo Governo, mais caro. Um texto de cinco a seis linhas e mais ou menos 800 carateres acompanhados por imagem ficava em três a quatro cigarros, dois martinis e uma ida à casa de banho. Ou seja, mais oito folhas de papel higiénico e cinco litros de água.

Já fiz as contas e, quando as medidas entrarem em vigor, o mesmo texto vai custar mais três chupadelas num cigarro, mais uma casca de limão anexada ao aperitivo e uma mijadela de acréscimo na ex-voluntariosa acção de descarrega.

Para poupar, naturalmente terei que postar de quatro em quatro dias e reduzir adjectivos excelentíssimos. Cortar no verbo e anular a pontuação também está no horizonte. Tais como os direitos adquiridos dos parágrafos e as frases demasiadamente comprometedoras poderão eventualmente ser anuladas para evitar que gaste demasiado num post igual a este.
Que, no valor da moeda antiga, já me custou os olhos da cara.

Bom fim-de-semana!

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