17.8.05



Sonhos de Verão

Provavelmente muita gente desconhece o que faço. Profissionalmente falando, claro.
Mas eu digo, não há crise. Para além de outras actividades que me permitem auferir aquilo que dá para comprar melões, um dos meus trabalhos é redactorial. Um sonho que tive desde miúdo.

Como este ano o “boss” engatou-me as férias todas, não tenho outro remédio senão ficar sozinho na redacção sem os colegas ilustres.
É vê-los, ou melhor, é ouvi-los pelos demasiados objectos das novas tecnologias que tenho à minha disposição, mensagens de satisfação (a deles) e os pedidos mais aberrantes que se podem fazer a um gajo que está na minha situação. E cada um deles, em pólos terrestres diferenciados, um melhor que o anterior.
- Tô, Eduardo? Não te esqueças de… blá-blá-blá…
- Edy, podes ligar daí à minha mãe a dizer….
- Oi, bigodão, tudo bom? Vaidá p’ra vc fazer um favô …?


Claro que sei que as minhas responsabilidades são receber os jornais de serviço, atender os telefonemas de gentinha maldisposta e tratar de um aquário que tem mais peixes do que tickets eu recebo para almoçar. Mas tudo na boa. Um bom profissional não olha a sacrifícios quando o bom funcionamento da equipa se requer primordial.

Aliás, é com este espírito de solidariedade laboral que arranjei amigos do peito, posso dizê-lo.
Já tenho em arquivo as queixas do Marcelo Rebelo de Sousa, os faxes do Miguel Sousa Tavares e as amigáveis explicações do Ministério das Finanças sobre o retardar no recebimento do IRS da minha pikena. Isto sem falar dos inúmeros pedidos de esclarecimento sobre o paradeiro do Eng.º Sócrates, ou se é aqui que funciona a DGRF (Direcção-Geral dos Recursos Florestais).

Eu não tenho culpa de todo este reboliço, bolas! Férias são férias, ou não?
A minha posição social, o meu ordenado e o contrato a prazo que ainda não rasguei, apenas dá para cultivar uma amizade com os “seguranças”, ser gentil com as senhoras da limpeza e levar a comida ao Farrusco e ao Tareco.
Por isso, vou entregar a chave desta merda à vizinha da frente e deixar uma folha A4 a cores a dizer:



Até que o me alerta para a realidade. Com uma mensagem do "chefe" incorporada e tudo: "Então, estavas a dormir ou quê...?"

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