13.3.11

a luta continua quando o povo sai à rua

Amanheceu já tarde aquele dia. E por volta das onze eu já lá estava. Exausto. Faminto por um grito a libertar.
Disse Pedro Barroso a meu lado que “ eles não sabem nem sonham o cansaço que provocam”. E é verdade.
“Estamos fartos” era o que mais se ouvia naquela imensidão de gente precária. E outra ainda mais roubada dias antes de toda a malta que continua à rasca por uma directriz vinda da Alemanha. Coisas lixadas da globalização.

Não chovia - o que era um bom prenúncio. Depois… depois começaram as romarias aos magotes. Gente simples. Nova demais para a minha idade. Disposta a marcar presença. E deu-me um calafrio. Revirei os olhos em direcção ao Carmo. Era nos meus vinte anos em 74 que ali estava, de alma e coração, pelas sete da manhã. À espera dos carros de combate do Salgueiro Maia. À espera dum sonho que todos os putos querem alcançar, sem medir consequências.

Foi o que se viu e adeus tristeza, até depois, cantava o nosso amigo e camarada Tordo por essa altura.
Hoje continuamos a sentir o quão difícil é subir a calçada de todas as Luísas que Gedeão retratou. Que Zeca Afonso cantou. Que Régio, Namora e Alexandre O’Neill apregoaram.

Será que o sinal que vi é o reviver de mais uma mudança de regime que estará para acontecer? Se assim fôr, no me olvidaré, porque será a solução que está mais ao pé. Desgraçadamente acontecida pela imcompetência destes reinantes de tigela já partida.

Ninguém deu por mim, felizmente, nos momentos que marcaram as mudanças deste país desde 1972. Mas estive sempre lá. E estarei enquanto a sorte e a má sina não me trair.

6 comentários:

Madalena disse...

Obrigada, Eduardo, por teres ido e teres representado os que não puderam ir, por imperativos, no meu caso, de uma saúde que uma gripe tornou também precária. Estavas lá e eu sei que também estive: de corpo e alma, verdadeiramente à rasca pelos filhos meus e dos outros como eu e como tu. Não foi para isto que sonhámos Abril! Um beijinho

TheOldMan disse...

Eduardo, enquanto sentires revolta pela injustiça é porque além de seres um tipo como deve ser, continuas também a ser o mesmo que estava no Carmo em 74.

;-)

os cornos de cronos disse...

Ao contrário dos blogues "elitistas" que gosto de acompanhar - só pela causa de alguns "iluminados" - aprecio a subtileza e simplicidade, inteligência e a frontalidade como descreves um dia. Décadas. Uma História.

A luta continua, amigo Eduardo.

Saddam disse...

Estou farto de te dizer, camarada, que esta merda só vai à porrada.

Desde o prenúncio á porta de entrada.

Rosa Brava disse...

"...Será que o sinal que vi é o reviver de mais uma mudança de regime que estará para acontecer?..."

Esperemos... esperemos... mas o Povo, por vezes, infelizmente, tem memória curta...

Um abraço e tudo de BOM

Nino Nurmadi , S.Kom disse...

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