29.3.06



Lá como cá...

Por muito que maçador se torne falar do Benfica, ontem, no jogo com o Barcelona verifiquei muitas semelhanças entre o Glorioso e Portugal. A sério.
Lá, como cá, também se vive do passado. Do sonho. Da enganosa fantasia.
Cá, como lá, faltam os malabaristas. Os artistas. Poetas de bem-dizer e melhor fazer.

Por muito que me repita, lá como cá, só a garra não chega. Faltam complementos importantes que façam a diferença. Faltam os sorrisos largos de quem fizer um filho fá-lo por gosto. Faltam botas 45, uma camisa número dez, o capitão que nos envolva ao desafio e 3333333 medidas.

Ter o estádio cheio e o país ao rubro é pouco.
Lá como cá, os efémeros minutos da fama não chegam. Ir mais além do que se propõe seria a meta. Funcionar em bloco era o ideal. Criar a nota tilintante com que se compram os melões faria com que se viabilizassem ideias. Mas isso dá trabalho e faz levantar cedo.

Por muito que acredite que alguma coisa possa melhorar e que a inércia se aniquile, as diferenças da qualidade existem. Lá como cá, são assustadoras as desigualdades, as fragilidades, os nervos à flor da pele que impedem a progressão no terreno e a competitividade criativa. Não basta ter a tecnologia de ponta à mão. É necessário saber geri-la. Aproveitá-la como mais-valia.

Por isso se diz neste pequeno e grande mundo que é Portugal, que quando o Benfica espirra o país fica constipado.
Lá como cá!

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