
Este dia vinte e três não foge à regra, e hoje considero-o especial.
Para além de vincar sempre que posso a relação com a minha companheira nesta data, faz hoje vinte anos que morreu o Zeca Afonso. Isto lembra-me logo uma data de comunistas e poetas de quem fui, ou sou, compincha. Isto leva-me logo às calças à boca-de-sino e ao cabelo comprido a chegar ao meio das costas. Isto leva-me no comboio descendente e ao trazer mais um amigo. Às reivindicações, manifestações, e muitos encontrões e chibatadas de uns senhores de escuro vestidos.
O Zé estará para os putos da minha rua e geração como o Benfica esteve para os insatisfeitos da minha cidade. Coisas distintas é certo, mas que por qualquer razão que nem só os psicólogos sabem explicar, eram motivos mais do que suficientes para nos fazer pôr a pensar, a mexer e a gritar.
Zeca Afonso é, foi, e será sempre, um marco na minha formação como pessoa. Igualmente como os meus filhos e netos, ou as alegrias e tristezas que preenchem as vinte e quatro horas de todos os dias que continuarão até ao final dos outros que ainda me podem sobrar. Tal como os bloggers, essa rapaziada que escreve e contam estórias reais. E que me ensinam a ser melhor pessoa.