2.2.07



À pergunta do referendo sobre o aborto quem vota Sim ponha o dedo no ar!

Claro que a questão colocada deste modo, até parece estou a reviver os excessos daquela juventude revolucionária de que fiz parte. Mas com o passar dos anos, a malta vai adquirindo mais e mais conhecimentos, mais e mais experiência, e chegamos a um ponto onde podemos dar palpites qualificados. Daqueles que já nos passaram pelas vidas, daqueles encontros fortuitos, e daquelas camas feitas à pressa e mal-amanhadas, só para podermos dar a cambalhota do século com a miúda que engatámos naquela festa, praia ou discoteca, e depois se tem azar.

Calhou-me ser um dos felizardos desses azares cometidos por essa mesma juventude que, e diga-se em termos abonatórios, não é muito diferente da de hoje. No entanto, as soluções não tinham nada a ver com as que existem nestes tempos, onde as coisas correm mais depressa, e decidimos (eu e a secular chavala) fazer abortar o fruto daquele amor acalorado. Faria talvez hoje, ou amanhã não sei, 34 ou 35 anos se tivesse vindo a nascer e seguisse o mesmo rumo dos sete que vieram a seguir. E que continuam vivinhos da costa, graças a todos.

Dois contos e quinhentos foi quanto aquele risco me custou. (mentira, foi a minha mãe que ardeu)
Mas agora o país modernizou-se. As relações sexuais, mesmo que fortuitas, são mais cuidadosas devido à informação que se possui. Mais programadas em termos de saúde e higiene. Para "desgraça" da paixão assolapada que nos estava à flor da pele naquele tempo e que era tudo ao molho e fé em deus (hehe...).

De qualquer forma, não faço nem quero fazer, parte activa de qualquer Movimento. Primeiro, porque existem lacunas que o Estado ainda não clarificou no que diz respeito ao aborto que se está a tentar discutir, e eu nestas coisas desconfio imensos destes gajos. Dos outros também, é óbvio. Segundo, porque, na minha opinião, é às Mulheres deste país a quem cabe esta palavra final.

Só que pelo meu lado, gostaria que aquela cave da “Luciano Cordeiro” não se repetisse, e que o futuro que está nas mãos desta juventude nunca mais tivesse que subir aquelas escadas às escondidas.

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