23.5.07



A Candidata

Esta candidata, parecendo a mais fácil de todas, é a mais difícil a quem posso contrapor o que quer que seja de irrazoável.
Para além de ser a suposta eleita que fará com que o meu círculo de vida termine com dignidade, é a “pikena” que mais pachorra teve nos meus excessos e conceitos. Os meus filhos sabem disso, e nada melhor que um dia vinte e três para dar a conhecer certos parâmetros. Desenganem-se todos aqueles que possuem de mim um retrato colorido.

Sou intolerante, ditador, tipo de gajo que acredita que o pensar dele é o mais certo. Considero-me atrevido e sem funções qualificadas, esperto ou parvo consoante os dias em que se vai sobrevivendo. Penso ser ateu, de esquerda (ou o que isso queira dizer), e ainda creio no Benfica e na boa-vontade de toda a malta em quem acredito diariamente. Mesmo, mesmo, desde pequenino. No entanto, todos os defeitos de quem ama alguém ou alguma coisa acompanham-me desde que nasci.

Sempre gostei de pobres, de animais abandonados, de causas perdidas. E hoje em dia, mesmo sabendo que as pessoas conotam e avalizam pelo que ouvem ou lêem nos blogs, não temo dizer à boca cheia que gosto de crianças. Pode provar-se pela família numerosa que consta no meu registo paternal, pelas lutas laborais e políticas que travei, pelos cães que sempre tive e gatos que agora tenho. Pela vontade com que me dispus ajudar, logo que possa, os que estão mais à rasquinha.

Pode trair-me uma paragem cardíaca, o vinho alentejano, a visão que tenho das coisas falsas. Podem trair-me as horas extras de trabalho ou as sensações que concluo serem normais em dias a que não posso responder. Mas o que nada me pode trair, é a certeza que tenho nesta minha candidata que me promete, e cumpre, um final feliz.

Sem comentários: