16.12.07



Provavelmente... é Natal!


Provavelmente, à medida que o tempo vai passando, os dias que se seguem trazem solicitude, amargura e saudade no que me toca, e coisas felizes em outras gentes a quem a vida quis que fosse assim.

Provavelmente, à medida que o tempo vai passando, nunca quis que os caracteres deste teclado, nesta conjuntura de escrever às pessoas que não conheço sem ser virtualmente, se apagassem com a humidade que jorra dum sítio que não digo. Que as palavras que escrevo, parvamente e taciturno, se diluíssem no vazio duma quadra que para mim não faz sentido num ano de lençóis frios. De cama e mesa vazias. De janelas onde antigamente piscavam luzes.

Provavelmente, à medida que o tempo vai passando, soltam-se e saltam crianças e casais felizes a estas horas deste Dezembro gelado. Risos e abraços que não consigo partilhar, com pena minha, nas casas abertas onde estes últimos anos mantive um laço mais apertado, e aonde não me cabe entrar. Por respeito e admiração. Por privacidade alheia. Não ser incómodo é a palavra certa, e há um nó que me atravessa a garganta quando utilizo as teclas deste velho e enferrujado computador.

Por isso, cabe-me desejar daqui a todos um Bom Natal neste meu espaço que se tornou triste.
E muito provavelmente, resta-me passar o meu da melhor forma que puder, desejando a todos quantos passam por aqui que estejam melhores que eu na minha maior prova de fogo: sem Pikena, sem Mãe (internada no Barreiro), sem filhos e netos (estou a trabalhar) e, provavelmente, sem a visita do barbudo da Patagónia. Ou mais alguém , a quem a vida, temporariamente a esta hora, não está a sorrir da forma mais conveniente. Mas só a curto espaço, acredito eu.

De qualquer forma, vou abraçar-me a esta facilidade de entender.