11.2.05


Marcel Marceau

Estamos, praticamente, a uma semana de mais uma metamorfose social prestes a eclodir neste país onde já quase toda a gente sabe onde está plantado. Isso mesmo! À beira-mar.
Do quarto onde nasci continua a ver-se o mar. Mas durante os últimos trinta anos mantenho-me à beira. À beira de um ataque de nervos sempre que alturas destas acontecem. Para mal dos pecados de todos nós.

Pode ser da idade, diz-me o meu vizinho da frente.
Calcula-se até, que não tendo ninguém por perto para ler o futuro na palma da minha mão, a menopausa da mãe que me foi dada conhecer possa estar a dar cabo dos meus genes de estimação. (Pode ler-se em estudo recente da Science sobre a emancipação dos filhos). Ou, diz quem sabe, o facto de estar “agarrado” ao computador tempo demasiado possa prejudicar a minha visão analítica destas coisas. O que poderá tornar-me num desequilibrado mental. Crónico.

Mas desde miúdo que recordo a minha adoração, quase idolatria, pelo Zorro e/ou Robin Hood. Tem a ver com uma tara manienta que sempre tive sobre humilhados e ofendidos. Sobre secos e molhados, ricos e pobres e coisas assim. E se a verdade estiver nos signos do Zodíaco, sendo eu Carneiro, há em mim o desejo de mandar em toda a gente e por tudo em pratos limpos. Ajudar e resolver. E sobretudo, dar. Dar a perceber que a malta deste povo não é (não deve ser) estúpida e, se preciso for, também sabe retribuir. Nem que seja um par de estalos a quem nos julga por imbecis. O que me daria um gozo do caraças e o sentimento de um dever cumprido.

Mas como já demonstrei neste meu pequeno espaço, por variadas vezes, sou uma besta-quadrada em psicanálise e em cálculos matemáticos. Erro sempre em sociologia e, parece-me até, que necessito urgentemente de uma consulta psiquiátrica. Sem necessidade aparente de internamento compulsivo, diga-se de passagem.
Em sondagens ainda menos acerto, o que adjudica uma maior dose de estupidez da minha parte às tentativas a que me exponho.
Talvez por nunca recorrer muito aos ensinamentos de Platão, ser avesso a muitas filosofias de Nietszche, ao iluminismo de Locke e ter sido quase obrigado a aceitar as teorias de Charles Darwin. O que logo faz de mim um eleitor confundido. E por consequência... fodido.
(peço desculpa pelo palavrão)

Mas haja saúde!

Tendo a ser mais Dickens e Dostoievski, ou precocemente Agostinho da Silva. Pois fico "nunca sabendo se há filosofias nacionais". Mas admiro imenso as pessoas que descobri pelos blogs e estou agradecido pelo que tenho apreendido com elas em perfomancesestatisticaspontocom. Em claro e obscuro. Em verso e prosa, e outras advências que me surgem por acréscimo.

Sempre que quiser, serei tudo e nada. Poderei olhar as mamas da Samantha Fox quando ela tinha a vossa idade, apreciar um bom vinho alentejano e todos os carinhos que me enviam pelo correio. Também o ser benfiquista, faz de mim, desde já, um potencial sonhador nas capacidades humanas tornando uma mais-valia ao crer no futuro, e nesta malta toda, que nos pode representar neste vazio constante desta vida que se escolhe.
Mas existe um bichinho qualquer que me diz que não é desta que vamos lá.
Bastou-me olhar p'ra "eles", ouvi-los, e apalpá-los vem. Como diz o RAP.

Eu não sou político. Eu não tenho palavras. Eu não tenho vinho.
Mas que está aqui um caso dos trabalhos, lá isso está.

Agora, se não houver inconveniente, só cá venho no dia 20.
Vai apetecer-me andar por aí. A saber de uns e a outros conhecer.
Antes de me darem a saber a conclusão a que chegaram.

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