"Interessam-me os actos humanos. Nunca para rir-me deles, mas sim para os compreender." B.Spinoza
1.11.05
O Terramoto e outros abanões
Duzentos e cinquenta anos depois, relembrar o Terramoto está na ordem do dia.
Assim como a escolha do meu almoço e demais tragédias e outros tronos derrubados.
Apenas alguns recordarão as memórias de Al-Quibir que não chegou a ser Alcácer. Apenas nós relembraremos Inês e o seu coração arrancado por vis traidores a um amor assolapado. Mais o de Isabel, real alteza, que com rosas alimentava um povo às escondidas de um tal Diniz que cavalgava toda sela e mais proveitos.
Talvez nunca esqueceremos Luiz Vaz, morto à míngua pela fartura que reinava de quem foi expulso, nem a audaz e corajosa estupidez dos conselheiros do Reino dessa altura e muitos Vasconcellos em que somos férteis.
E o Adamastor, recordareis por acaso?
Já agora, lembrai também as desavenças de Afonso e sua mãe Tereza, a bastarda de fino fidalgo de Castella e a palavra d’honra de Moniz. Um Egas chamado de forte velho, e para leais vassalos, claro espelho, e vede as semelhanças ou demais diferenças.
Chama-se a isto Fado. Saudade. A Alma valente dum povo que nunca morre.
Nestas letras singelas de tradução inexistente, existe um timbre duma nota só, porque dos gentios que somos e se preza, a palavra que nos é dada nem sempre cumprida é. Nem que por dada causa se pague em prestações.
Ímpares e aos pares, em cada canto onde se oiça a voz de Portugal e dos que se dizem portugueses como Joana Brites e mais seus sacos de farelo remendados.
Por isso, esperai pela pancada, poderia dizer Bandarra.
Ide e vede outros vendavais que se avizinham, falou Bocage que não era, “e à cova escura vai parar desfeito…” o sonho que teve em vão, remataria eu.
Pois após saber de antecâmara que outros terramotos se aproximam, agrestes e sombrios, quiçá soberbos ou malfadados como nos tempos da moda das tranças pretas, é bom saber que estais aqui de corpo e alma como Agostinho, o Santo Intrépido, ou tal galego de minha rua, indiferente a tantas modernices que o levaram a reinventar a tasca dele.
Que tenham bom Terramoto... perdão, um leal feriado.
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