27.11.05

Os Candidatos


Qualquer que seja o lugar a que cada candidato se candidata, podem prever-se várias estimativas que os estimulam a isso. Talvez a vaidade, apetência e/ou vocação. Do oito aos oitenta, vai-se em três segundos mais rápido do que qualquer Ford Escort alterado para as corridas nocturnas em Monsanto.

Pode até desconhecer-se, mas cada um de nós tem em si um candidato escondido. Ou porque se quer resolver coisas e estar disposto a dar um abanão a esta merda, ou aproveitar a dolce vitta que proporciona ser-se conhecido quando se passa em qualquer rua ou lugar. Aí, não há mãos a medir. Reveja-se as imagens televisivas. As fotos das revistas. Outra vida que podia ter tido o gajo da fotografia. Vejam-se as candidaturas ao primeiro emprego. Aos castings. Ao subsídio e ao desemprego. Continuamos a ser "the best".

Estão a extinguir-se as Terezas de Calcutá. Os Budas e os São Franciscos Xavieres. Sobram entretanto muitos macedónios entroncados com perfil adequado no uso da força e da fraude: os tiranos. È apenas uma questão de escolha.
Acontece que os portugueses preferem que os não tomem por candidatos. Nem sequer apreciam o facto de escolher. Situam-se na longa lista de indecisos, jogam à defesa e atacam à má-fila e na má-língua. Tudo ao molho e fé num deus que já morreu. No entanto, existe a esperança de que qualquer coisa possa melhorar. Nem que seja para pior.
Depois disto, resta-me candidatar a um lugar que nunca quis: o meu sofá. E ver dali o que mais nos irá acontecer.

Uma boa semana a quem passar por aqui. Aos outros também, claro.

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