11.11.05

A Opinião Pública

Esta semana conheci a Opinião Pública.
Figura desassombrada, hirta, muito tu-cá-tu-lá com toda a gente e com semelhanças várias entre a Júlia Florista e a Rosa Enjeitada.

Motivado por razões óbvias – a minha campanha virtual, claro - era obrigatório que um convite para se explicar perante nós fazia sentido. Tanto mais que nestes tempos mais próximos apenas posso vir aqui uma vez por semana.

Sem tornar notória as minhas intenções, movia-me a curiosidade de saber da boca dela própria todos os queixumes. As amarguras que a penetravam (salvo seja), mais os conceitos e os predicados que, por norma, lhe são atribuídos.
Nesta matéria pareceu-me simpática, mostrando-se até entusiasmada com o enorme enlevo que é tida em conta pelos mais variados sectores da má-língua.

Falámos um pouco de tudo e de nada.
Aproveitámos a oferta de castanha assada na tascazinha de Alfama onde nos sentámos a beber um "tricofaite" (receita lá da zona) e soube por ela que tem uma família composta de muitas opiniõezinhas e zinhos. Aliás, como eu.

Sempre com o coração ao pé da boca, a Opinião Pública pareceu-me deveras sabichona e de quem se espera sempre uma resposta a qualquer assunto. Seja ele sobre os namoros homossexuais nas escolas portuguesas, as escolhas mediáticas de Luiz Felipe Scolari, ou inclusive, note-se, a preocupação de como os quatro jurados do “Caso Joana” teriam tão depressa aprendido as leis que regem o Direito, mais o Processo Civil e Penal Português para provar que o nosso povo não é parvo e castiga de forma severa os malfeitores.

De qualquer das formas, a Opinião Pública está exaustivamente por dentro de tudo o que se passa à sua volta. É volumosa de ideias e tem as costas largas. Cheia, portanto.
Desde Clichy-sous-bois até Omã. De Felgueiras até ao Iraque. Do Arco do Carvalhão até às putas de Bragança, opina sobremaneira sobre tudo mas ainda está para saber como é que a Gala da Confederação do Desporto conseguiu atribuir o prémio de "Treinador do Ano" a José Peseiro.

Quando lhe perguntei sobre a campanha dos outros candidatos torceu-me o nariz. Disse-me, olhos nos olhos, que muitos deles não têm tomates – foi mesmo assim – para endireitar o país, quanto mais foder o que fodido está.
Mas acho que gostou de mim. Talvez o bigode a tivesse impressionado, sei lá…
Uma coisa ficou acertada. Vai apresentar-me em breve a prima. Ainda mais maluca do que ela: a Sociedade Civil.

Até p’ra semana!

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