30.3.07



O fim do mês
(leitura não aconselhada a pessoas demasiadamente sensíveis)

Pelo discurso governamental que oiço diariamente, até parece que vivo num país em crescimento constante. Não me parece. De há uns tempos a esta parte, além do Dia 23, é o fim do mês que me traz maior encanto. A sério.
Um gajo vê-se em palpos de aranha para pagar os compromissos com a compra da casa, do carro, dos cigarros desalmadamente fumados em nervoso miudinho, e à rasca para poder comprar um bom vinho tinto alentejano. Um gajo vê-se grego para que lhe aumentem o ordenado, para que lhe dêem mais trabalho, para que lhe proporcionem novas oportunidades de ir buscar mais algum. Mas a coisa está preta e é no final do mês que os neurónios têm quarenta e oito horas de descanso.

Dando ao coiro quase todos os dias 14 a 16 horas sem paragens, vejo-me de aflitos para fazer face a esta merda da vida que levo. Por vezes me interrogo se estar na situação do Zé “Prisas” Amaral não seria melhor. Pelo menos, como ele diz, e com toda a razão, tem-se cama, mesa e roupa lavada. E nunca se estará preocupado com despesas, acrescentaria eu. Para além de existir a probabilidade de ficar bem na vida se o golpe tiver sucesso.

Já sabia que Portugal é um país de fantasistas. De desenrascados. De malta que faz das tripas coração.
Mas foda-se! Já chega. Sou fantasista, desenrascado e faço trinta por uma linha para ter um fim de vida descansado.
O que não sei fazer… é milagres. Seja com um, ou com dois éles.

Por isso, já estou naquela de pedir às senhoras da limpeza do local onde trabalho papel higiénico para trazer p'ra casa.
Não por comer ou cagar em demasia. É apenas um princípio de poupança nas voltas ao estômago que esta política me dá.

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