22.10.07



As tragédias não têm necessariamente serem só gregas. Ou de Dickens, Dostoievsky ou shakespearianas. E os desastres emocionais que afectam estruturas que se julga serem sólidas – quer sejam pessoais, políticas ou económicas - destroem qualquer país. Qualquer família. Qualquer pessoa.

Temos os exemplos no Darfur, no Sudão, no Iraque. Sabemos pela História que os genocídios de 1918 e 1945 (Hiroshima) provocaram, e que ainda se sente, dor e sofrimento a quem sentiu na pele a situação. Titanic, Coreia, Vietname, Chernobyl, também ficaram na memória. Tal como o terramoto de 1755, as tragédias de Shansi, Sumatra, Peru, Irão. Isto só para relembrar alguns dissabores humanitários.

À escala do que cada um de nós possa imaginar, a vida de um viúvo não foge à regra. Regra que não sei explicar neste universo complicado que é o ser humano, e que mexe com o interior da nossa alma. Entra-se num conflito interno com forças que não sabemos medir a intensidade, nem os danos colaterais que provocam. Depois andamos de rastos. Com tendências para os disparates que só lemos nos jornais da manhã mais próxima.

Por isso, amanhã, vou viver mais um dia vinte e três. No silêncio de fazer contas à vida. Sem rumo. Talvez sem nexo. Apenas com a certeza que o que se abate de mais negativo nesta data, passe depressa. Nem que me tenha de afogar por uns tempos numa das baías deste rio Tejo que tanto gosto. A do Seixal. Onde o passado que mereço me destinou.

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