23.5.10




A cada dia vinte três não há causas nem lutas que me motivem.
Fica apenas um registo crédulo dum poema que escrevi. E a canção.
Só para que conste. Porque que o passado não se apaga da memória facilmente.




A morte que me matou
foi à traição.
Sem avisar.
Esventrando-me a existência
dos poemas que fazia
a dizer não.

A morte que me matou
não tem sentido.
Fez-me perder o rasto do caminho
e as palavras
que da boca com que ria,
dizer já não consigo.

De noites seguidas e várias luas
desapareceram os mares e os abismos
e já não sei os trilhos onde ela passou.
Quebraram-se-me os vidros
e as portas abertas dos meus muros e castelos.
Apenas sei que foi a dela, a morte que me matou.

3 comentários:

Márcia Maia disse...

Mas um passado como este, não é mesmo para ser apagado. É para er lembrado, docemente lembrado.

Um beijo, meu, e outro de Letícia, espiando aqui comigo.

Márcia Maia disse...

um beijo, porque novamente é 23.

Prometeu agrilhoado disse...

Passei casualmente por aqui e gostei do que vi, tens uns versos sublimes.
E, pelo que infiro, parece que passámos por situações semelhantes... por tal, gostaria que me desses o privilégio de perder uns breves momentos a ler o meu blog e, depois, a fazer um comentário equidistante.
www.prometeuagrilhoadolx.blogspotcom

Muito obrigado e continua com estes excelentes poemas e prosas