18.4.05



fazer Anos

Fazer anos é como rever capas de discos já usados. Páginas esbranquiçadas onde se apontam datas e rabiscos que escondemos. Coisas raras que guardamos.
E em todas elas sentimos a proximidade de com quem já estivemos. Há retratos de quem amamos e beijámos. De quem vimos e ouvimos o primeiros passo, o primeiro choro e a palavra primeira que disseram.
Fazer anos é dar pulos sem olhar p’ra trás. É dar um passo a mais na direcção de um abismo que nos espera. Logo ali. Num traço de caminho que nos foi dado a percorrer.
Mas fazer anos, também é um imenso mar de gentes e lugares que nos marcaram. É o tic-tac do tempo que ainda é nosso. É o minuto seguinte à nossa espera e a vontade de ultrapassar mais uma barreira. Sem cabelos alvos e de medos assustadiços. Soletrando os dias já passados como decorados já estivessem.
Fazer anos é a prova de que cá estivemos. De ter aproveitado o que a própria vida nos deu e ensinou. De conseguir dizer nas palavras do poeta: “Eu vivi!”.
Por isso, se um ano a mais me acontecer, fico grato por tanta gente boa ter em meu redor. Como agora. Onde ao contá-los, verifico que ultrapassam os anos que já fiz.

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