26.4.05


Imagem da Thita

Depois d’Abril

A mais de trinta anos de distância, onde as pessoas envelheceram numa réstia de esperança que nunca lhes chegou, e onde muitas delas tiveram as suas vidas alteradas, o que é que faltou, ou falta, a este Abril?
O que mudou realmente?
O que conseguimos, afinal?
Para os sociólogos, artistas e escritores, gente afamada e cantadeira, faltou tudo. Para os pregões da rua, aos ilustrados e poetas, faltou-lhes muito. Aos revoltados, aos injustiçados, aos que nunca tiveram nada, Abril nem sequer sabem que existiu.
É tempo de poder falar desta ideia que nos deram. Pode até muito bem acontecer, ser a hora de colocar as cartas na mesa e verificar que o ás de trunfo nunca nos foi dado. Que as ditas cartas estavam viciadas à partida, e que os reis e valetes que nos deram não tiveram o valor que lhes era atribuído. Os Capitães tarde demais souberam disso, mas nós ainda cá estamos.

Parecendo utópico, mas ao mesmo tempo típico, os portugueses são um povo fácil de domar porque são cómodos. São fáceis de convencer porque são crentes. São igualmente fáceis de contentar, porque nunca pediram muito.
Democracia e Liberdade, foi o que ganhámos! E isso basta?

Democracia é lei e ordem onde o povo pode e manda. Onde alimentar, vestir e educar, são prioridades. Administrar e distribuir, terá que ser a regra. Construir e desenvolver, terá que ser a meta. Formar, progredir e viver em paz e bem, terá que ser o rumo. A Liberdade é apenas a consequência de se poder mudar o que já não serve. De poder servir melhor o nosso amigo, o nosso pai, os filhos e vizinhos desta pequena terra que nos pariu e nos alberga.

Mas como estamos, não!
Falta-nos as leis dos homens sábios que não temos. Falta-nos exemplos Afonsinos. Faltou-nos sempre o modo e a coragem de desembainhar a espada quando preciso fosse.
Mas eu… mesmo cansado e velho para acreditar que será desta, ou para andar aos tiros, não desisto de fazer a minha parte.

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