21.11.03



À mesa com os amigos

Por vezes, fica-se perdido em recordações temporais de dias e noites que nunca mais regressam. Vive-se em conversas trocadas sem sentido. Filosofias vãs que aniquilam a oportunidade de nos voltar-mos a encontrar.
Mas os tempos, hoje, são diferentes.
As noites podem ter a lua como horizonte, mesmo não tendo o ritmo frenético da nossa juventude. As esplanadas não deviam nunca perder o brilho de todos os bancos de jardim. E os espaços... esses espaços tão nossos, deviam continuar a serem feitos com o timbre artesanal do nosso lado artístico e sentimental.
As flores deviam continuar a ter o seu próprio perfume. Para mim, um cheirinho a maresia. Para ti... para ti, a escolha do teu próprio tom.
Temos que descobrir as noites inventadas por crianças. Dias menos agrestes que nos façam amar e rir até que volte a anoitecer. Daqueles que iludem e deixam rastos. Que deixam pistas para reduzir o outro lado da vida e da má-sorte. Embriagando-me nesse odor, posso ver menos tragédias e ventos impelidos por desgraças. Posso ver partes iguais naqueles que nascem mais perto.
Temos diversas maneiras de sentir. É a própria vida que nos ensina no dia-a-dia. E “se há gente que encara a tristeza a rir, existem muitos outros que choram de alegria”.
Por isso, da minha janela vê-se o mar.


Reservada

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