19.3.05



Nostalgia dos dias pardos.

Nunca se tem em demasia quando se fala de Amigos!
Há os amigos de ocasião, os amigos de Peniche, os amigos do peito, os amigos da onça e os amigos do alheio. Mas quase todos temos - pelo menos - mais um amigo: o Pai.

E amigos amigos, negócios à parte, o Pai é o amigo que nunca devíamos perder. Aquele cuja amizade nos acompanha a vida toda. Aquele de quem imitamos exemplos, gestos e outras fantasias. Aquele com quem completamos os nossos desvarios, as nossas loucuras de meninos. O personagem omnipresente. O nome que nunca mais nos larga.

Uma nódoa negra, um braço partido, um joelho esfolado, temos o Pai. Uma camisa aos quadrados, um dente arrancado, casamento marcado, temos o Pai. Angústias disfarçadas, sonhos perdidos, pequenos fracassos, temos o Pai.
O Pai é o estilo faction, o primeiro livro, o nosso orgulho. É magia, palco do mundo, natal dos dias. Janelas, portas abertas e maresias.

Quando o perdemos, uma parte do corpo é decepada. Ficamos agrestes, ao sabor do vento que nos arrasta para a nossa própria vida. Damos conta de uma revolta surda e o mar perde um pouco a sua cor. Viramos fera ferida, presa ameaçada. Segredo velhacamente profanado em dias pardos como este.

Perdi o meu a 19, faz tempo. Trezes anos, para ser mais rigoroso.

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