"Interessam-me os actos humanos. Nunca para rir-me deles, mas sim para os compreender." B.Spinoza
1.3.04
Os meus 7 pecados semanais
2.ª feira – Preguiça
Chego às 8h a bocejar e ligo o computador. Abro o correio e puxo dum cigarro. Se me interessa, abro. Abro também a janela, desço as escadas e digo bom dia ensonado a quem passa por mim. Vou ao café, passo no quiosque. Compro os jornais e mais três maços de tabaco. Volto. Ainda com mais sono. Olho os ponteiros do Omega e espero pela hora de almoço. Não deve tardar muito que batam as cinco da tarde...
3.ª feira – Ira
O mesmo ritual. Desta vez a resmungar entre dentes palavrões. Foda-se! Ainda só é terça-feira.? Puta de vida!
4.ª feira – Orgulho
Ao fim do terceiro dia lá resolvo entregar na secção a pesquisa que me tinham encomendado. Não sem antes ter realizado o rito de todos os dias. “Está aqui.”, digo com o semblante carregado de importância e o nariz todo no ar. Espero ouvir “Eduardo, está um óptimo trabalho. Obrigado.”. Mas o Chefe não está.
5.ª feira – Cobiça
É o dia das entrevistas marcadas para novas assistentes. Sou eu que trato disso. Olho e reolho. Quero lá saber dos “curriculum”. Tento ser o mais agradável e atencioso na esperança que vejam em mim o braço, a perna, a mão, o corpo a que se possam agarrar em caso de alguma dúvida ou incerteza. E lanço os meus primeiros sinais...
6.ª feira – Inveja
Já vou em 50 euros de maços de cigarros comprados no quiosque. Verifico sinais de esperança no rosto dos colegas de trabalho. Pudera. Aproxima-se o fim de semana e o cabresto do meu chefe “autorizou-me” a vir trabalhar amanhã. “Para actualizar determinados pormenores na nova pesquisa” diz ele. Cabrão!
Sábado – Luxúria
O quiosque só abre às dez. O café não me sabe a nada e esqueci de trazer dinheiro para almoçar. Telefona-me a mulher a perguntar o que quero do Continente. Percebi imediatamente que metade do meu ordenado vai para as superficialidades deste consumismo que me consome. Lá vai o meu cartão comprar coisas que ninguém precisa: uma saboneteira gira, dois discos do Pedro Abrunhosa, um pack de 4 cassetes para gravar filmes e alguns apetrechos para a casa de banho.
Domingo – Gula
Dia de visitas de última hora. A sogra, os tios e os sobrinhos dos meus irmãos e respectivas esposas. Mais os netos e as netas. Tudo para almoçar à grande e à francesa. Ele é borrego, ele é bacalhau, ele é camarão grelhado, numa mesa de quem os Romanos teriam inveja. E eu a querer deitar-me um bocadinho, ver o jogo na televisão e beber uns copos sossegado. Não há tempo. Amanhã já tenho que bocejar às 8h e ligar o computador. Abrir o correio e puxar dum cigarro.
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