27.1.04



soltam-se-me verdades que não devia esconder
ocorrem-se-me gritos de revolta
de raiva
de protesto a um deus que não existe
rasga-se-me a alma em bocados
o coração tarda
esmorece
e pára
bruscamente
sem ter para onde se virar
inerte
caído no chão duma vida ingrata
e chata
acompanhada em directo
apelam-se-me as dúvidas
as palavras que não encontro
dissolvem-se num campo
verde
onde salta uma bola
que rola
rasgado por uma chuva
onde se jogam as vidas
os golos
os futuros
de gentes que nem sequer nasceram
com a morte à espreita
mas dizem: presente!
é triste
é sina
mas é o fado desta vida descontente

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