30.10.04

“Primeiro eles vieram atrás dos comunistas
E eu não disse nada porque não era comunista.
Depois vieram atrás dos judeus
E eu não disse nada porque não era judeu.
Depois vieram atrás dos sindicalistas
E eu não disse nada porque não era sindicalista.
Então vieram atrás de mim
E já não havia mais ninguém para falar por mim.”
Martin Niemöller (1892-1984)




ISTO É GRAVE!

António Balbino Caldeira, professor universitário de Alcobaça, editor do blog ‘Do Portugal Profundo’, está a ser “investigado” à “maneira antiga”.

Mais ruídos:

* Manuel

* Finúrias



29.10.04



Meus amigos, hoje…

Não tenho pachorra para escrever nada que outros não consigam melhor do que eu.

Afastado da alta finança devido a problemas de provisão com negócios efectuados no estrangeiro, também não consigo pagar a ninguém para o fazer por mim.

Politicamente falando, faz tempo que me retirei, ou fui expulso (já não me lembro), por mau comportamento democrático. E nova tentativa de recuperar o meu espaço tornar-se-ia um escolho que antes uma boa escolha.

Retirado do dirigismo desportivo por irreverência e maus tratos infligidos a terceiros, também não me parece que seja a alternativa que pudesse preencher os meus tempos de ócio. De ócio, disse eu. Para odiar, já lá estão outros que são piores que eu.

Por fim, em termos académicos, já ninguém recorda as minhas tresloucadas tentativas para revolucionar Portugal, e os chumbos sistemáticos na 4.ª Classe acabaram com a minha promissora carreira aristocrata. Nem para a Quinta das Celebridades me convidaram, vejam lá! Passei à história. Silenciaram-me. Tudo devido a ter a mania de comprar roupa no Conde Barão, foi o que foi.

Por isso, hoje vou andar ao deus-dará. Tenho os blogs para me safarem e saber do que se passa e o que dizem. Para deixar uma palavra atrevidota ou uma dica, tentar fazer desaparecer esta maldita dor de corno e aproveitar, também, a nova cadeira com rodinhas que me ofereceram para aconchego das horas que passo com vocês em frente ao computador.

A gente vê-se…

28.10.04



Bom dia!

Longe, tranquilo e calmo.
Mar doce, céu cinza a cor, e o impacto natural que serve de fundo à livre imaginação de cada um.
Neste lugar, não muito longínquo da azáfama dos grandes centros, perfumamo-nos com a nostalgia dos dias que passam lentos. Descobrimos um sossego adequado às sequências de não medir o tempo. De não ser dia e não ser noite.
No refúgio libertador deste espaço, renascem ideias novas e soltam-se marés de espuma nos quartos da nossa própria vida. Uma vida recheada de agressões, composta de nadas e obsoleta. Triste. Enfadonha e recalcada vezes mil que desaparecem na fantasia que este pequeno paraíso comporta e nos oferta.
Por aqui, qualquer um de nós pode ser poeta, pescador, cavaleiro andante nas colinas e nas falésias. O Mar suga-nos para o recato das coisas meigas. Protege-nos dessa liberdade escravizada em que se vive. Torna-nos únicos.
Foi bom passar por lá.

23.10.04



A ti

um dia,
hei-de escrever
um poema de amor que te faça mais feliz.
um dia hei-de contar,
a cores pintado no avesso,
o teu espelho de magia.
um dia, hei-de plantar
o poema d’amor que não termino
no teu amor e fantasia
onde começo.
mas imagino,
a vinte e três,
hei-de dizê-lo...
um dia.

22.10.04



Dúvidas que me assalta(ra)m esta semana

1. O meu computador deve estar a dar o berro.

2. O golo do Benfica e o penalty.

3. O túnel do Rossio e o Marquês.

4. A revolta dos estudantes.

5. Luís Delgado e a Lusa.

6. Bush com novo empate técnico.

7. Para que quero eu o blog.

19.10.04



Hoje acordei assim, como é apanágio da Charlotte.

Além de ontem ter festejado os 79 anos da senhora que me pariu, entrei no meu segundo período de férias. Com o tempo que faz, onde é que irei?
Para os blogs, claro.

17.10.04


Debora; Marco; Cristina e Gina.
Lia; Rui e Eduardo Jorge.

Para filhos e netos

Bom dia, miúdos!
A vida de um pobre coitado não é fácil. É quase tão difícil, ou igual, como ser um cromo, um barra, um expert. Enfim, um gajo importante.
Sempre admirei a Cultura (s. f., desenvolvimento intelectual, saber; estudo, elegância; esmero; conjunto dos padrões de comportamento, das crenças, das instituições e de outros valores morais e materiais, característicos de uma sociedade; civilização.) e tenho profunda admiração, para não dizer inveja, dos bloggers que levam esta brincadeira a sério. Pendam eles para cima, pendam eles para baixo.
Não sei…, são coisas que não consigo explicar e que tornam mais apetecível o contacto que mantenho com os textos que escrevem. Seja em prosa, seja em verso, seja da maneira que mais lhes aprouver. Gosto de os ler e pronto. Muitos deles, aliás, nem sabem que existo quanto mais apregoar que sou bom chefe de família (Benfiquista, entenda-se). Bom, mas isso agora não interessa nada, como diz a outra.

Isto vem a propósito da morte nesta semana de duas pessoas que nunca vi mais magras, confesso: Fernando Sabino e Jacques Derrida.
Mas, mesmo com sete palmos de terra em cima, aprender com eles nunca é tarde. Porque essa treta de se nascer com o cu virado p’rá lua terá um dia que acabar. O facto da minha pessoa nunca ter dado o devido valor à leitura de quem mais sabe não indicia que os mais novos se estejam a borrifar para isso.
Hoje em dia há mais bibliotecas numa só cidade do que havia em todo o meu concelho. A desvantagem de ter aprendido muitas coisas em sussurro não me foi benéfica. Hoje, qualquer puto como vocês, tem à mão de semear os conhecimentos que eu não tive na adolescência e a troca dessas informações torna-os mais adaptados a oportunidades que, no meu tempo, tive que rejeitar. Por ignorância.

Como velho parvo que sou deixo-vos um conselho: ilustrem os vossos filhos do modo mais completo e abrangente que conseguirem. Porque, como diz um amigo meu do País do Carnaval: ser pobre é chato p’ra caramba, mas ser pobre e ignorante é foda!

Agora vou debruçar-me sobre aqueles dois. Antes que seja tarde.


15.10.04



Um estudo efectuado recentemente na Musgueira-Norte revelou que os blogs causam stress e problemas tóxicos, impotência sexual e perturbações gastrointestinais atingindo graves problemas no fígado e no pâncreas.

O relatório é lapidar: dos quatrocentos e cinquenta inquiridos, o estudo revela que 35% passou a fumar mais e pior, 27% já nem sequer dirige a palavra a quem lhe entra pela casa adentro e 8% nem se lembra do aniversário dos filhos.

Por outro lado, o consumo de bebidas alcoólicas aumentou, revelou o Dr. Tony Malhado. Por cada impressão a cores duma fotografia copiada num blog porno bebe-se aproximadamente meia garrafa de Vodka. A mesma fonte acrescenta que se a leitura a blogs politizados ocorrer no período nocturno o consumo aumenta duas vezes mais, situação agravada pelo automatismo do gesto que não previne o que à boca se leva. Desde aguardente, lixívia ou o conteúdo do frasquinho que serve para limpar o teclado, concluiu.

Pelo mesmo diapasão, a Dra. Cristina Porcalhona, chefe do Centro de Estudos Bloguíticos do Alto da Chapeleira, frisa que 12% dos inquiridos demonstra uma assustadora propensão para o divórcio litigioso. Problemas graves, acrescenta ainda, é o número de relações sexuais semanais existentes entre os inquiridos: 2 em 5 bloggers passaram de uma regularidade satisfatória para uma prática do acto que roça a apatia. Os 3 restantes já nem sequer fazem enrijecer os corpos cavernosos e apenas 1 em 10 se lembra da última vez.
Sublinha que o facto é devido, não só pelo período de tempo que se passa em frente ao computador, como também, continua, a perda da noção da realidade leva à perda gradual da sensibilidade neurótica e do estímulo cerebral.

A inexistência de dados mais reveladores, diz-nos o conceituado psicólogo Papa Grelos, do Laboratório Lá Vai Alho Caracol e Couve no Centro Nevrálgico da Curraleira, deve-se aos entrevistados optarem por eventuais enviusamentos nos contactos que mantêm com outros grupos de bloggers e a relutância de confessarem a sua dependência aos weblogs.
As interferências externas a este fenómeno e a significância das respostas levantam suspeitas de que a situação será muito mais grave, finaliza o relatório.

13.10.04



(continuação)

… e os “putos” lá ganharam!
Vamos ver se os “graúdos” também o fazem hoje. Mas adiante.

Da Quinta posso dizer por experiência: pode continuar-se a dizer mal mas por portas e travessas quase toda a gente sabe o que lá se passa. É apenas mais um talk-show com muita palhaçada à mistura e que, de grosso modo, reflecte um pouco a nossa sociedade como eu a vejo.

Mas vamos a mais coisas. O debate entre a Esquerda e a Direita que não era para ser conclusivo não me pareceu esclarecedor. Se a ideia era ser homólogo de um Bush-Kerry ficou aquém das minhas expectativas pois antes prefiro o novo canal da Cabovisão: RTP Memória. Mesmo que, ainda assim, o Manuel Alegre mantenha joviais pinceladas do seu tempo.
Quanto aos convidados especiais – Pedro Lomba e Luís Osório – são rapazes com inquestionáveis parâmetros de conhecimentos políticos, que podem até ser os futuros MST e NR mas… ter um blog ou ser director de um jornal não é a mesma coisa em directo. Mas prometem.

No caso MRS já toda a gente opinou, estrebuchou, esgatanhou. Costuma dizer-se que o calado vence sempre e, mais uma vez, aquele sacana do professor, muito inteligente, está a levá-los nas palminhas. Quase a todos, o malandro.

O discurso de PSL não me disse nada. A minha mãe parece que ficou contente mas, ou me engano muito, ou aquelas promessas todas, para além de eleitoralistas, vão sobrar para os mesmos do costume. Mil vezes prefiro o Fashion TV, onde sempre se pode limpar a vista e onde tenho possibilidade de escolher uma lingerie patusca para a minha "piquena".

Bomba, bomba, é o que Paulo Querido nos conta sobre Carlos Rodrigues (PSD Madeira) que segundo consta, sendo o substituto de Alberto João Jardim no Parlamento, quis ter um blog.
Fez merda. Assim uma mistura de SexyHot com o Canal das Regiões e muitas desculpas pelo programa seguir dentro de momentos.

Pelo meio ainda fiz bifes para o almoço e bacalhau à Gomes de Sá para quando a "piquena" chegasse tivesse o jantar já feito. Como se pode constatar a folga não foi por aí além. Mais a mais, amanhã, lá tem que ir o escravo dar mais umas cavadelas na esperança de que apareçam as minhocas.

Bom dia, boa tarde ou boa noite, consoante a hora em que V. Ex.ª deu por terminada a leitura.

12.10.04



Ontem fiquei de folga (como se alguém feito eu, blogodependente, pudesse ter folga) e fui ver o que se passava no resto da minha (nossa) casa.
Tinha o vídeo a pedir que o ligasse aos CD’s arrumadinhos e a TV da sala angustiada e triste de haver imenso tempo em que não afagava os botões do seu mais directo acessório: o telecomando.

Por cima da janela do meu quarto, perdão… (isto é a letra dum fado que estou a tentar compor em parceria) por baixo de um Almada na parede pregado, ia eu a dizer, tinha Baudelaire e Proust a acenar e a perguntarem pelo dia em que lhes podia pegar.
Eles não sabem nem sonham que “aquilo” foi herança duma tia-avó cultíssima e que o meu francês já teve os seus dias contados. Saramago e Cardoso Pires, um pouco mais abaixo, faziam a mesma coisa. Aqui, desculpei-me com os blogs e optei pela televisão. Canal puxa canal e logo me surpreendi que “Os Malucos do Riso” ainda fossem vivos.
Aleatoriamente salto de canal, como faço quando vou aos blogs – é assim mesmo, eu não visito, vou.

Os meus preferidos, antes de ocupar tanto tempo com esta brincadeira, o AXN, Hallmark e Hollywood continuam a repor saudades que eu já tinha dos filmes que já vi. O Canal de História, Odisseia e People+Arts ainda me prenderam um bocadinho, mas quando olhei para o relógio…eh pá!, vai dar o Prós e Contras sobre a Esquerda e a Direita, (onde vai estar -esteve - o Pedro Lomba como convidado especial), e ainda tenho que ver a entrevista do Fernando Tordo na 2 e dar uma saltada à Quinta. A das Celebridades.

(continua)
ps – porque está na hora de ir ver os “putos” em Alvalade XXI.

10.10.04



Hoje esperava notícias do Liechtenstein, mas não vi o padeiro nem o carteiro.
Haxixe muito estranho!

Serei o único que trabalho ao domingo?


9.10.04

Porque hojé é sábado...



* Um livro - Os Pescadores (Raúl Brandão)

* Um filme - Hidalgo (Joe Johnston)

* Uma viagem - Volta ao Mundo (Jorge Fragoso)

7.10.04



Ó sô Presidente!, está à espera de quê?

Contra mim falo.
Quanto mais o Governo que V. Ex.ª empossou se espalha, mais eu ganho com a coisa.
Por cada asneira cometida pelos empossados, por cada recuo ao desenvolvimento estabelecido na Constituição, por cada tiro no pé, atinjo um nível superior. Quer social, quer financeiramente.
Mas não me pergunte porquê. Deve ser o meu karma, sei lá…


Não me queira afastar dos meus amigos. Não me quero afastar da riqueza que os mais pobres transportam: a alegria de ter os pés descalços e a nobreza do carácter quando se come pão de quatro dias.


Todos já vimos que há sinais de mudanças no ar. Todos nós sabemos que esta rapaziada que lá colocou não perdura e, inclusivamente, não sei o que fazer ao enriquecimento abrupto que a minha vida leva por cada disparate a mais que se pratica.
Sô Presidente, deixe-me continuar a ser quem era.

* (a acompanhar o texto esteve José afonso)


6.10.04



Hoje acordei esquisito.
Não sei se foi dos pastelinhos de bacalhau que comi ontem à noite ou os efeitos desta ponte que não fiz. Só sei que me apetece andar aos tiros, ouvir música em altos berros e dedicar algumas a quem passa por aqui. Nem que a dita seja de qualidade duvidosa não tanto como eu os vejo.
Portanto já sabem, vai acontecer o post mais comprido de que há memória e hoje não estou p’ra ninguém. Pisguem-se!


* Esta é para o molin, esse compincha.

* Esta aqui vai direitinha à minha amiga Márcia. Tão longe mas tão perto.

* O prometido é devido, CC.

* A Cachuchinha deve gostar desta. Digo eu.

* Esta retenho sempre. O Kappa também.

* À titas, de volta das sacanas das suas traduções, e ao Buba, uma amizade antiga de poucos meses que o seu bisneto Pedro, um dia continuará, fica esta.

* À Fata Morgana e Catarina, quão distintas e diferentes, ouso dedicar esta.

* Assim de súbito, anarquicamente, lembrei-me da minha querida Aninhas. E da Tania. Quer a uma, quer a outra, devo amizade e favores, respectivamente. Pode ser que gostem desta.

* Para a D. Valéria, pequenina intenção esta que gostaria de ouvir com a voz dela.

* Nunca cansarei de contar amigos. Estejamos ou não no mesmo tom. De qualquer forma, dedico esta ao Orca, ao morfeu e ao Santa Cita. Companheiros de batalha e afins.

* Para os meus ilustres acompanhantes destas andanças: João Tiago, Tó Zé e mais pintelho menos Pintelho, lembrei-me desta. Depois não me venham cá com tretas...

* Continuando a saga cosmopolita em que os blogs são propícios, julgo saber que Ma-Shamba e Substrato nada perdiam se ouvissem um bocadinho de Cesária. A Évora.

* Foi com o “Corazon Partido” que verifiquei que o meu servidor não me serviu nestas últimas quatro horas para me lembrar dumas meninas amorosas. Em triplicado.

* Danado que fiquei vingo-me já aqui com esta para a Gotinha, para a Didas e para a Maria. Com os cumprimentos de sempre. Toma.

(tenho os linguados ao lume, mas isto não acaba aqui)

* Precisamente após os linguados, deparou-se-me o programa Celebridades. A Júlia fez anos, a Cinha tá parva e o Zé parece que tá a ganhar mil contos por semana. Nada melhor que ouvir os U2 e pedir ao OldMan, à Emília, à Madalena e ao António, que me tirem deste filme.

* Para descongestionar vou tentar bater nos americanos, que têm sempre on line mais visitantes do que qualquer blog que se preze. Pode ser que me passe a esquisitice com que acordei.

* Lá ganhei uns joguitos (já sou expert!) mas a esquisitice ainda não passou. Ainda mais esquisito é a forma ortodoxa como tudo acontece em Portugal nas últimas horas.
Marcelo Rebelo de Sousa é esquisito e foi-se. Carlos Carvalhas não é, mas foi-se também. Esquisito continua Paulo Portas e um gajo que canta na TVI, do qual agora não me lembro o nome.
São quase três da manhã, este governo mantém uma paneleiragem acima dos valores europeus em cargos de chefia e eu não há maneira de me ir deitar. Tudo isto devia ser descontado nas quotas sobre reduções de impostos e acrescentado na valorização das causas públicas quando o Durão (já ninguém se lembra dele, coitado) discursar no PE . Digo eu, sei lá...
Ainda não tive pachorra para ir ler o JPP, o MST, o BdE e o Tino. De Rans.
Fico por aqui a ouvir esta, dedicada ao Bruno, ao Pré, à Conchita e à Silent Soul.

4.10.04

3.10.04



Dia do Rato

Falar com blogs é fácil, é simples, mas não dá milhões, julgo eu.
Clica-se neste, clica-se naquele e, entre um e outro, continua-se a clicar em vários outros que nos dão a conhecer um caminho quase infinito para mais e mais blogs.
E entabulamos conversa. Virtual. Em comentários, MSN, e-mail, tiques e toques, outras congeminações, recursos variados e o diabo a sete. Nisso estamos previlegiados.
Aliás, é o percurso normal de quem perde um bocadinho a navegar por aí, num dar-a-dar ao dedo com intermináveis horas gastas e sentir como se estivéssemos em amena cavaqueira com as pessoas que escrevem nos seus diários, e que elas próprias estivessem mesmo aqui ao nosso lado. Eu próprio, só para solidificar o intento, faço mais viagens dessas do que tenho de post’s escrevinhados. E, invariavelmente para não variar, é curiosa a impressão que me ficou; ninguém fala do rato. Esse precioso elemento das nossas vidas de bloguenses, bloguianos, blogães, ou de bloguices a quem der mais jeito.

E é precisamente com o rato que dramatizo, invento e consigo, contigo, e conto muitas coisas mais. É com o rato que compro, troco e alugo colectâneas, links,beijos e abraços.
É com o rato que sei de gente que escreve Poesia, Música, Dança ou Teatro. Pintam-se quadros, pinta-se a manta e descobrem-se coisas. Partilham-se ideias e ideais e idiotices. É com o rato que mutuamente nos aconselhamos, rimos e jogamos, e nunca nem ninguém - que testemunhasse - refere o rato. Esse acessório imprescindível.

Fazem-se diabruras e desenhos com o rato. Com o rato analgésica-se, morde-se, desactiva-se e marcam-se cruzes. Há quem realize compras e trocas, mije nos cantos da net e registe-se em tudo quanto é sítio de presenças e raivas.
Fala-se e comenta-se as primeiras páginas dos media, dá-se a conhecer casos, conceitos, leituras. Contestam-se as almas, reprovam-se os segredos e amam-se as donzelas, mas continuo a não ler uma palavra sequer sobre o sacana do rato. Não está certo!

O rato tem sido o meu principal, senão único, braço direito.
É o meu rato que possui o valor de abrir, fechar, aceitar, negar, o que eu quiser.
É o meu rato que me dedica toda a sua arte, na congénere componente tarefeira com que nos entendemos, que faz com que fale com quem quero e não absorva o que outros querem que eu aprenda, alinhe ou apresente. De que me serve uma análise bem cuidada se não tiver o rato para concluir. Fechar. Pôr fim. Despedir-me, desligar-me, e mandar o conteúdo indesejável p’ró c******. O meu rato faz parte da minha anarquia.

O rato, minha senhora e meu senhor, é o garante da nossa própria fantasia ou morte.
Sem rato ninguém diz nada, fala nada ou sequer existe coisa nenhuma. Porque carga d’água se esquece o rato - sábio, atento, leal e promissor - sabendo todos não existir rata capaz de o engolir ou escravizar?

São estas injustiças computorizadas que me fazem estar, por vezes, filosoficamente errado.
Mas hoje não! Hoje é dia do rato. Outro amigo que tenho. Assim como aquelas e aqueles que conseguiram ler isto até ao fim sem o utilizarem para sair a preceito ou com uma desculpa esfarrapada de, no mínimo, deixarem um "Olha!, boa merda de dia, o do rato".

Bom dia, boa tarde, boa noite, conforme a hora em que estiver sintonizado.